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Daily Line: Tu serias uma boa amiga

POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana

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“Tu serias uma boa amiga, tu sabes,” comentou Rachel, segurando um ramo de louro para sua sogra que carregava uma grande cesta de acolchoados. A própria Rachel carregava Oggy, que havia adormecido na cinta onde o transportava.

Janet Murray lançou-lhe um olhar penetrante e produziu um som que Claire havia descrito em particular para Rachel como um som escocês – o som de bufar misturado com um gargarejo que tanto pode indicar uma leve diversão quanto aprovação ou desprezo, escárnio ou a indicação de uma ação forçada iminente. Naquela ocasião, Rachel achou que a sogra estava se divertindo e sorriu.

“És franca e direta,” ela observou. “E honesta. Ou, ao menos, suponho que sejas,” acrescentou com uma leve provocação. “Não posso dizer que já te peguei em uma mentira.”

“Espere até me conhecer um pouco mais, menina, antes de fazer julgamentos assim,” Jenny a aconselhou. “Sou uma boa mentirosa quando há necessidade. O que mais?” Seus olhos azuis escuros se enrugaram um pouco, definitivamente divertidos. Rachel sorriu de volta por um momento, abrindo caminho por um trecho íngreme de cascalho onde a trilha terminava e, depois, voltando para apanhar a cesta.

“Tu és piedosa. Bondosa. E destemida,” ela disse enquanto observava Jenny descendo, meio que deslizando e agarrando-se a galhos para manter-se ereta.

A cabeça da sogra voltou-se bruscamente com os olhos azuis arregalados.

“Destemida?” ela repetiu incrédula. “Eu?” Ela produziu um som que Rachel teria descrito como “Psssht” Eu tenho estado assustada até os ossos desde os dez anos de idade, uma leanan. Mas você se acostuma, sabe?” Ela pegou a cesta de volta e Rachel ajeitou Oggy, cujo peso havia dobrado no momento em que adormecera, colocando-o em uma posição mais segura.

“O que aconteceu quando tinhas dez anos?” ela perguntou, curiosa.

“Minha mãe morreu,” Jenny respondeu. Sua voz e sua expressão eram prosaicas, mas Rachel podia ouvir o luto tão claro e tão alto quanto o tênue chamado de um ermitão.

“A minha morreu quando nasci,” disse Rachel, depois de uma longa pausa. “Não posso dizer que sinto sua falta, já que nunca a conheci, embora é claro que…”

“Dizem que não se pode sentir a falta do que você nunca teve, mas eles estão errados neste caso,” disse Jenny tocando o rosto de Rachel com a palma da sua mão, pequena e quente. “Cuidado por onde anda, moça. O chão está escorregadio.”

“Sim.” Rachel manteve os olhos no chão, caminhando com passos largos para evitar uma área lamacenta onde uma pequena primavera borbulhava. “Às vezes, eu sonho. Com uma mulher, mas eu não sei quem é. Talvez seja minha mãe. Ela parece ser gentil, mas não fala muito. Ela apenas olha para mim.”

“Ela se parece com você?”

Rachel deu de ombros, equilibrando Oggy com a mãe embaixo do traseiro dele.

“Ela tem cabelos escuros, mas eu nunca me lembro do rosto dela quando acordo.”

“E você não saberia como ela era quando estava viva.” Jenny assentiu, olhando para algo atrás dos seus próprios olhos. “Eu conheci a minha, e se quiser saber como ela era, dê uma olhada em Brianna, porque ela é Ellen Mackenzie Fraser viva, embora seja um pouco maior.”

“Eu farei isso,” Rachel lhe assegurou. Ela achava sua nova prima um tanto intimidadora, embora Ian visivelmente a amasse. “Mas, medo, você disse que tem tido medo desde então?” Ela não achava que já tivesse conhecido alguém menos assustado do que Janet Murray, quem ela tinha visto ainda ontem enfrentando um enorme guaxinim na varanda, expulsando-o com uma vassoura e uma maldição escocesa, apesar das enormes garras e do aspecto ameaçador do animal.

Jenny olhou para ela surpresa e mudou a pesada cesta de um braço para o outro com um pequeno grunhido enquanto a trilha se estreitava.

“Eu não tinha medo por mim, uma menina, eu não acho que alguma vez tenha me preocupado em ser morta ou algo parecido. Eu tinha medo por eles. Tinha medo de que não conseguisse tomar conta deles.”

“Eles?”

“Jamie e o pai,” Jenny disse, franzindo um pouco a testa por conta do chão amolecido sob seus pés. Tinha chovido muito na noite anterior, e mesmo as áreas abertas estavam cheias de lama. “Eu não sabia como tomar conta deles. Eu sabia bem que não poderia ocupar o lugar da minha mãe para nenhum deles. Veja, eu achava que eles iriam morrer sem ela.”

E você foi ficaria completamente só, pensou Rachel. Desejando morrer também, sem saber como. Parece ser muito mais fácil para os homens. Eu me pergunto: por quê? Eles não pensam que alguém precisa deles?

“Tu conseguiste, no entanto,” disse ela, e Jenny deu de ombros.

“Eu vesti seu avental e fiz o jantar para eles. Era tudo o que eu sabia fazer. Alimentá-los.”

“Suponho que era a coisa mais importante a fazer.” Ela inclinou a cabeça e roçou o topo do boné de Oggy com os lábios. Sua mera presença fez seus seios formigarem e doerem. Jenny percebeu e sorriu, de uma maneira pesarosa.

“Sim. Quando você tem um filho, existe aquele momento onde você é realmente tudo o que ele precisa. E, depois, eles deixam os seus braços e você começa a ter medo de novo, porque agora você conhece todas as coisas que podem machucá-los, e não consegue mantê-los longe do perigo.”

(Obrigada, Michelle Valdemar, pela adorável abelha no que parecem ser cravos selvagens)

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 03/04/2020

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