3ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 3×04 – Of Lost Things

Sassenachs, prontas para se emocionarem com mais um episódio da terceira temporada de Outalander? Of Lost Things traz um momento importante da vida de Jamie e também nos leva para o futuro mostrando a busca Claire, Bree e Roger pela história do highlander. Para a nossa análise de hoje vamos dividir em dois blocos, Jamie (principal), e Claire, que também sofreu mudanças na adaptação.

De início, vale destacar que a presença de Lord Melton não ocorre no livro. Geneva descobre a verdade sobre Jamie e o chantageia interceptando uma carta de Jenny. Outra mudança, eles não ficaram juntos nas vésperas do casamento. Jamie pede que a garota o avise da melhor data para ele ir procura-la, explicando como deveriam evitar uma gravidez. Depois que descobre que a jovem está grávida, Jamie faz as contas e percebe que ela fez o oposto do que ele pediu.

Confira o trecho sobre a chantagem e o arranjo entre eles:

Ela estufou-se como um galo de briga, o rosto ficando cada vez mais vermelho de raiva.
— Ah, então é assim, hein? — gritou ela. — Bem, então olhe para isto e vá você se danar! — Enfiou a mão entre os seios e retirou uma carta de várias folhas, que sacudiu embaixo do nariz dele. A caligrafia preta e firme de sua irmã era-lhe tão familiar que um mero vislumbre foi suficiente.
— Dê-me isso! — Já descera da carroça e aproximava-se dela, mas ela foi rápida demais. Já estava montada na sela antes que ele pudesse agarrá-la, dando ré com as rédeas em uma das mãos e brandindo a carta zombeteiramente com a outra.
— Você a quer, hein?
— Sim, quero! Dê-me essa carta! — Ele estava tão furioso que poderia facilmente cometer um ato de violência se pusesse as mãos nela. Infelizmente, a égua que ela montava pressentiu sua disposição e afastou-se, resfolegando e batendo as patas no chão nervosamente.
— Acho que não. — Fitou-o provocantemente, o rubor da raiva esvanecendose de seu rosto. — Afinal, é realmente meu dever entregar esta carta a meu pai, não é? Ele deve saber que seus criados estão enviando e recebendo correspondências clandestinas, não acha? Jenny é sua namorada?
— Você leu minha carta? Cadela sem-vergonha!
— Que linguagem! — disse ela, sacudindo a carta com ar de reprovação. — É meu dever ajudar meus pais, informando-os das coisas terríveis em que os criados estão metidos, não é? E eu sou uma filha obediente, submetendo-me a esse casamento sem protestar, não sou? — Inclinou-se para a frente em sua sela, sorrindo zombeteiramente. Com um novo acesso de raiva, ele compreendeu que ela estava se divertindo muito com tudo aquilo. — Acho que ele vai achar muito interessante a leitura desta carta — disse ela. — Especialmente o trecho sobre o ouro a ser enviado a Lochiel na França. Ainda é considerado traição dar apoio aos inimigos do rei? — Ela estalou a língua em sinal de reprovação e disse maliciosamente: — Que malvado.
Ele achou que iria vomitar ali mesmo, de puro terror. Ela teria a menor ideia de quantas vidas estavam naquela mão branca e manicurada? Sua irmã, Ian, seus seis filhos, todos os colonos e famílias de Lally broch — talvez até mesmo as vidas dos agentes que carregavam mensagens e dinheiro entre a Escócia e a França, mantendo a existência precária dos exilados jacobitas.
Ele engoliu em seco, uma vez, depois outra vez, antes de falar.
— Está bem — disse ele. Um sorriso mais natural irrompeu em seu rosto e ele compreendeu o quanto ela era jovem. Sim, bem, e a mordida de uma víbora nova era tão venenosa quanto a de uma víbora velha.
— Não contarei nada a ninguém — afirmou ela, parecendo ansiosa. — Eu lhe devolverei a carta depois e jamais direi o que havia nela. Prometo.
— Obrigado. — Ele tentou clarear a mente o suficiente para fazer um plano sensato. Sensato? Entrar na casa de seu patrão para desvirginar sua filha… a pedido dela? Jamais ouvira falar de uma ideia tão insensata. — Está bem — repetiu ele. — Devemos ser cuidadosos. — Com uma sensação de entorpecimento e horror, viu-se arrastado ao papel de conspirador com ela.
— Sim. Não se preocupe, posso dar um jeito de despachar minha criada, e o lacaio bebe; está sempre dormindo antes das dez horas.
— Faça os preparativos, então — disse ele, o estômago revirando-se. Mas escolha um dia seguro.
— Um dia seguro? — Ela olhou-o sem compreender.
— Algum dia da semana posterior ao fim de sua menstruação — disse ele sem rodeios. — Assim, será menos provável que engravide.
— Ah. — Ela enrubesceu, mas olhou-o com um novo interesse. Fitaram-se em silêncio por um longo instante, repentinamente ligados pela perspectiva do futuro. — Eu lhe mandarei um recado — disse ela finalmente e, fazendo o cavalo virar-se, afastou-se a galope pelo campo, os cascos da égua fazendo saltar o adubo recém-espalhado.

Outra pequena mudança, essa para evitar polêmicas, foi na noite de Geneva com Jamie. Em sua primeira vez (sim, primeira porque eles passam a noite inteira juntos), já no estado avançado da coisa a menina se desespera, pede para que Jamie pare e ele simplesmente se recusa. Muitos viram a cena como um estupro, o que realmente parece, dado o medo e a recusa de última hora da garota. Porém, a própria autora diz não ser assim, ela caracteriza apenas como algo da época e da situação em si. Confira você a cena e tire suas próprias conclusões:

— Espere um instante — disse Geneva. — Acho que talvez…
O esforço para controlar-se deixou-o zonzo, mas prosseguiu lentamente, penetrando-a apenas superficialmente.
— Ahh! — exclamou Geneva. Seus olhos arregalaram-se.
— Uh — resmungou ele, penetrando-a um pouco mais fundo.
— Pare! É grande demais! Tire! — Em pânico, Geneva debatia-se sob ele.
Imprensados sob seu peito, seus seios agitavam-se e roçavam-se nele, de modo que seus próprios mamilos eriçaram-se abruptamente numa brusca sensação.
Os esforços dela estavam conseguindo à força o que ele tentara fazer com delicadeza. Atordoado, ele lutava para mantê-la sob ele, enquanto buscava loucamente algo para dizer que pudesse acalmá-la.
— Mas… — começou ele.
— Pare!
— Eu…
— Tire isso já! — gritou ela.
Ele tapou sua boca com uma das mãos e disse a única coisa coerente que lhe ocorreu.
— Não — disse ele categoricamente, e avançou.
O que poderia ter sido um grito emergiu pelo meio de seus dedos como um “iip!”. Os olhos de Geneva estavam esbugalhados, mas secos.
Perdido por um, perdido por mil. O ditado atravessou de modo absurdo a sua mente, não deixando nada em seu rastro além de uma confusão de alarmes incoerentes e um sentimento marcante de terrível urgência entre os dois. Havia exatamente uma única coisa que ele era capaz de fazer neste ponto, e ele o fez, seu corpo usurpando o controle brutalmente conforme movia-se no ritmo de sua inexorável alegria pagã.
Não precisou de mais do que algumas estocadas antes de ser dominado pela onda que desceu, agitada, pela sua espinha dorsal e eclodiu como um vagalhão arrebentando-se contra as rochas, arrastando consigo os últimos fragmentos de pensamento consciente que se agarravam, como crustáceos, aos remanescentes de sua mente.
Recobrou-se um instante depois, deitado de lado, com o barulho do seu próprio coração alto e lento em seus ouvidos. Entreabriu uma das pálpebras e viu uma cintilação de pele rósea à luz do lampião. Tinha que saber se a machucara muito, mas por Deus, não neste instante. Fechou o olho outra vez e simplesmente continuou respirando.
— Em que… você está pensando? — A voz soou hesitante e um pouco abalada, mas não histérica.
Ele próprio abalado demais para notar o absurdo da pergunta, respondeu com a verdade.
— Eu estava me perguntando por que, em nome de Deus, os homens querem se deitar com virgens. […]
Com um ar soturno, ele molhou a toalha e começou a limpá-la, mas achou a confiança com que ela se apresentava para ele estranhamente tocante. Executou seus serviços com delicadeza e viu-se, ao final, plantando um leve beijo na curva macia de sua barriga.
— Pronto.
— Obrigada — disse ela. Ela mexeu os quadris e estendeu o braço para tocá-lo.
Ele não se moveu, deixando seus dedos percorrerem seu peito e brincarem com o profundo entalhe de seu umbigo. O leve toque hesitante desceu.
— Você disse… que seria melhor da próxima vez — sussurrou ela.
Ele fechou os olhos e respirou fundo. Havia muito tempo até o amanhecer.
— Espero que seja — disse ele, estendendo-se de novo ao seu lado.

Ainda no núcleo de Jamie, tivemos uma pequena adaptação em sua despedida de Willie. Na série, ele dá ao filho uma cobra da madeira, como a que o próprio Jamie tinha. No livro, Jamie havia esculpido um cavalo de madeira, porém devido ao desejo do pequeno Lord de se tornar papista, Jamie lhe presenteia com seu rosário, o que William passa usar por baixo da camisa desde então. Isso é algo que tem um significado anos depois (vemos mais no livro 7 e 8). Confira o trecho:

— Você recebe um novo nome quando é batizado. James é seu nome papista especial. É o meu também.
— É mesmo? — Willie ficou encantado. — Sou um maldito papista agora, como você?
— Sim, até onde eu possa garantir, pelo menos. — Sorriu para Willie e, movido por novo impulso, enfiou a mão por baixo da gola de sua camisa. — Tome. Guarde isto também, para se lembrar de mim. — Passou o rosário de contas de madeira delicadamente pela cabeça de Willie. — Mas não pode deixar que ninguém veja isto — avisou ele. — E pelo amor de Deus, não diga a ninguém que você é um papista.
— Não vou dizer — prometeu Willie. — A ninguém. — Enfiou o rosário para dentro da camisa, batendo de leve para se certificar de que estava escondido.
— Ótimo. — Jamie estendeu a mão e despenteou ainda mais os cabelos de Willie, despachando-o. — Já está quase na hora do seu chá; é melhor você voltar para casa agora.
Willie começou a se dirigir para a porta, mas parou no meio do caminho, repentinamente aflito outra vez, com uma das mãos aberta sobre o peito.
— Você disse para eu guardar isto para me lembrar de você. Mas eu não tenho nada para você se lembrar de mim!
Jamie esboçou um sorriso. Seu coração estava tão apertado que ele achou que não iria conseguir respirar para poder falar, mas obrigou as palavras a serem pronunciadas.
— Não se preocupe — disse ele. — Eu me lembrarei de você.

Quanto ao pedido de Jamie para John, esse foi extremamente fiel, a não ser por uma única cena: a despedida dos dois. No livro, Jamie dá um selinho em Lord John, para a alegria do menino Grey hehehe… Mas nós, leitoras, só ficamos sabendo desse trato entre os dois muitos capítulos a frente, quando eles se reencontram. Vamos falar mais disso no futuro. Confira por agora a despedida dos dois:

Jamie limpou a garganta.
— Sim, tenho. Acho melhor começar a me arrumar.
— Sim, acho que sim.
Grey puxou para baixo as pontas de seu colete, pronto para ir embora. Mas Jamie demorava-se, sem jeito, e em seguida, como se tomasse uma decisão repentina, deu um passo à frente e, inclinando-se, segurou o rosto de Grey entre as mãos.
Grey sentiu as mãos grandes, quentes, na pele de seu rosto, leves e fortes como o roçar da pena de uma águia. Em seguida, a boca larga e macia de Jamie Fraser tocou a sua. Houve uma impressão fugaz de ternura e força contidas, o leve gosto de cerveja e pão saído do forno. Depois, desapareceu, e John Grey ficou parado, piscando, sob a luz brilhante do sol.
— Oh — exclamou ele.
Jamie dirigiu-lhe um sorriso tímido, enviesado.
— Sim, bem — disse ele. — Suponho que eu não esteja corrompido. — Virou-se então e desapareceu no bosque de salgueiros, deixando lorde John Grey sozinho junto ao lago.

Agora, de volta para o futuro. Acompanhamos a busca de Claire de forma resumida. No livro, vemos o passo a passo da busca. Aqui vale destacar duas grandes mudanças, a primeira é que Fiona devolve as pérolas de Claire, que havia dados a sr.ª Graham, algo que ela nunca faz nos livros. O outro ponto importante é quando ela se vê em um beco sem saída, então desiste da busca e retoma sua vida. No livro, ela não desiste. Claire retorna aos Estados Unidos pois tem coisas a resolver. Brianna fica na Escócia ajudando Roger a localizar Jamie. Ela tem medo e dúvidas, mas nunca desiste.

Confira agora dois trechos, o primeiro, um parágrafo de Líbelula no Ambar, quando Claire conta a verdade a Bree, no qual ela está usando o colar de pérolas. O segundo, um trecho sobre seu retorno a Boston e os motivos:

Não iria desistir desta vez.
— Prometi a Frank — disse. — Há vinte anos, quando você nasceu. Tentei deixá-lo, mas ele não permitiu que eu fosse embora. Ele a amava. — Senti a voz abrandar-se ao olhar para Brianna. — Ele não conseguia acreditar na verdade, mas sabia, é claro, que não era seu pai. Pediu-me para não lhe contar, para deixar que ele fosse seu pai enquanto vivesse. Depois disso, ele falou, ficaria a meu critério. — Engoli em seco, umedecendo os lábios. — Eu devia isso a ele — disse. — Porque ele amava você. Mas agora Frank está morto e você tem o direito de saber quem é. Se duvida, vá à National Portrait Gallery. Eles têm lá um retrato de Ellen MacKenzie; a mãe de Jamie. Ela está usando este colar. — Toquei o colar de pérolas em meu pescoço. Uma fileira de pérolas barrocas de água doce dos rios da Escócia, separadas por bolinhas de ouro perfuradas. — Jamie o deu para mim no dia do nosso casamento.
Olhei para Brianna, sentada ereta e tensa, os ossos do rosto inflexíveis em protesto.
— Leve um espelho com você — disse. — Dê uma boa olhada no retrato e depois se olhe no espelho. Não é uma semelhança absoluta, mas você se parece muito com sua avó.”

“O avião estava repleto dos suspiros e roncos de passageiros cochilando da melhor forma que podiam. Dormir para mim estava fora de questão. Com um suspiro resignado, enfiei a mão no bolso da poltrona à minha frente e peguei o romance que estava lendo e que guardara ali. O livro era de um dos meus autores favoritos, mas não conseguia concentrar a atenção na leitura — minha mente resvalava de volta a Roger e Brianna, que eu deixara em Edimburgo para continuarem a busca, ou deslizava para a frente, para o que me aguardava em Boston.
Eu não estava certa do que realmente me esperava, o que era parte do problema. Fora obrigada a voltar, ainda que temporariamente; já esgotara minhas férias, além de várias prorrogações, fazia muito tempo. Havia problemas a resolver no hospital, contas a pagar em casa, a manutenção da casa e do jardim — estremeci ao pensar em que altura a grama do jardim deveria ter chegado —, amigos a serem contatados…
Havia um amigo em particular. Joseph Abernathy fora meu melhor amigo, desde a faculdade de medicina. Antes de tomar qualquer decisão definitiva — e provavelmente irrevogável —, queria conversar com ele. Fechei o livro no colo e fiquei traçando os volteios extravagantes do título com um dedo, sorrindo levemente. Entre outras coisas, eu devia a Joe o gosto por romances.

Terminamos por hoje Sasses. E você curtiu o episódio? Mudaria alguma coisa? Comente!

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