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Fanfic – Histórias da Colina Fraser – Capítulo 04: La Dame Blanche

Fanfic | Capítulo 3

resenhas

Hôpital des Anges – Paris – Agosto de 1744

Nossa comitiva chegou ao Hôpital des Anges e foi recepcionado por uma madre Hildegarde que demonstrava um misto de sentimentos contraditórios. Feliz pela minha recuperação e de Faith que segurava nos braços; e que encantada não parava de repetir – C’est un petit miracle! – , agradecida por ter irmã Andressa de volta à lida no hospital e apreensiva com a minha insistência de recorrer a Sua Majestade para conseguir a liberdade de Jamie.

– Minha querida, herr Gerstmann providenciou uma audiência particular com Sua Majestade, mas…

– Mas… ? – perguntei com certa impaciência para madre Hildegarde.

– Isso terá um preço… quando uma dama vai sozinha solicitar um favor ao rei – madre Hildegarde respirou fundo para logo em seguida falar sem rodeios. – Ele contará que ela vá para a cama com ele.

– Não existe outra forma? – falei exasperada.

Madre Hildegarde não precisou responder, pois a expressão carrancuda que ela fez deixava claro que se eu quisesse Jamie livre, eu não teria outra opção. E não pela última vez eu o amaldiçoei: James Fraser, seu maldito escocês!

Amamentei e me despedi com relutância de Faith, porque seria muito doloroso separar de minha menina mesmo que por poucas horas.  Deixei  Faith com carinho nos braços da irmã Andressa. Olhei para Fergus que estava parado todo empertigado como um soldado à espera do seu capitão. E então a sua capitã falou:

Fergus

– Sim milady, irei acompanhá-la para protegê-la de qualquer mal.

– Não Fergus. Tenho uma missão mais importante do que essa. Preciso que você fique e tome conta do meu bem mais precioso, – e como para demonstrar passei com amor minha mão nos lindos cabelos ruivos de minha filha.  – Cuide e proteja Faith durante a minha ausência. Só assim me sentirei tranquila sabendo que ela está sob os cuidados do seu irmão mais velho.

– Sim milady. – Respondeu Fergus emocionado. E pela primeira vez nos últimos meses eu pude ver um sorriso em seu rosto.

Entrei na carruagem com a bênção de madre Hildegarde para que tudo desse certo e tomei o caminho do palácio.

Quando cheguei fui conduzida por um criado pessoal até um aposento suntuosamente decorado com poltronas, sofás e uma mesa posta  com frutas, queijos e vinhos. Meu coração batia descompassado em meu peito, imaginando qual seria o resultado dessa audiência particular com Sua Majestade.

E por falar em Sua Majestade, graças ao bom Deus, ele ainda estava vestido e uma ponta de esperança surgiu em meu coração ao imaginar e torcer que madre Hildegarde estivesse enganada. Louis beijou a minha mão e a segurou depois que eu o saudei com uma reverência.

Me levou até uma das poltronas, me convidou a sentar e me ofereceu vinho. O gosto doce das uvas merlot combinado com o toque picante das especiarias desceram por minha garganta me aquecendo um pouco, mesmo que minhas mãos continuassem geladas.

– Madame, o que posso fazer pela senhora?

O rei sorria com ar afetado, mas seus olhos lembravam em muito os de um felino que observa a presa pronto para um ataque fatal. Respirei fundo e falei de uma vez.

– Meu marido e… e é claro que o senhor deve saber… ele está na Bastilha e…

– Sim, eu sei. Preso por duelar! – Louis sorriu para mim e voltou a segurar minha mão e continuou: – Sabia que duelar é uma ofensa grave madame? Eu simpatizo muito com a senhora, mas o seu marido infringiu um decreto meu. O que espera que eu faça?

– Oh, Majestade… eu entendo, mas ele é um homem honrado. Foi provocado e tem o péssimo temperamento escocês que faz  com que aja como um louco.

Louis continuou segurando minha mão, depois olhou para os meus dedos longos e brancos, subiu o olhar para o meu rosto e foi descendo até chegar aos meus seios através do decote do meu vestido, enquanto fazia com o seu polegar cócegas em meus dedos. Eu tive que me conter para não puxar minhas mãos das dele, porque aquele toque e a sua proximidade provocavam em mim uma enorme repulsa.

Pensei em Jamie preso durante todo esse tempo em uma cela sem saber de mim ou de nossa filha. Não aguentava imaginá-lo preso depois de tudo o que ele passou nas mãos de Black Jack na prisão… e também havia Murtagh, os planos que arquitetamos, o empréstimo de Charles, o navio em LisboaJamie precisava encontrá-lo com urgência em Orvieto. Não importava o que custasse, havia mais de uma pessoa que dependia de mim e do bom resultado da audiência  com Sua Majestade, eu precisava tirar Jamie da Bastilha, mesmo que o preço a pagar fosse dormir com Sua Majestade.

Majestade… eu ficaria… muito agradecida – falei finalmente olhando diretamente em seus olhos escuros e sentindo que meu rosto ficava vermelho, mesmo assim não desviei o meu olhar.

O rei demorou alguns minutos olhando para mim, até demonstrar ter chegado a uma resolução. Levantou e me deu a mão para que eu também levantasse e decretou:

– Madame, realmente como ser magnânimo que sou posso libertar o seu marido da prisão, mas com uma condição – disse Louis levantando sua mão em um trejeito elegante e deixando a renda de sua manga descer fazendo um belo movimento. – Estou a par das amizades e dos negócios que o seu marido tem mantido aqui em Paris, por isso, assim que seu pedido for concedido que ele saia da França e volte para a Escócia. Sentirei um grande pesar se madame o acompanhar.

– Mas Majestade… meu marido tem pendências com a Coroa Inglesa e não pode pisar na Escócia.

– Madame isso pode ser arranjado, afinal eu sou o Rei! Antes… – Louis parou de falar e olhou com triunfo ao ver o meu sorriso de alívio com a notícia. Só então, lembrei que eu ainda tinha um preço a pagar à Sua Majestade, que continuou: – Preciso de um pequeno favor, em retribuição ao que me pede, madame. Venha!

Caminhamos por um corredor longo até chegar a uma enorme porta que Louis abriu e me fez entrar. O aposento estava escuro e iluminado apenas por pequenas lamparinas, meus olhos demoraram um  pouco para que se acostumassem com o ambiente e somente depois é que percebi que havia uma grande mesa com pessoas sentadas e usando capuzes. Assim que entramos eles começaram a conversar baixo e eu sentia todos os olhares sobre mim.

Com um gesto sutil do rei a conversa cessou e ele me conduziu ao centro do aposento. Com espanto vi que logo a minha frente haviam duas figuras paradas lado a lado. Uma da figuras era o conde de St. Germain e ao seu lado estava o meu amigo mestre Raymond. Quando o conde me viu os seus olhos se arregalaram surpresos, para logo em seguida olhar com desprezo para mim. Já mestre Raymond continuou em seu lugar quieto como um pequeno anfíbio e sem demonstrar que me reconhecia.

– Madame, ouvimos falar de sua enorme habilidade e reputação como La Dame Blanche. Esses dois homens são acusados de feitiçaria, bruxaria, perversão através da busca pelo conhecimento das artes ocultas. – pronunciou Louis indicando com um pequeno gesto os dois homens. – Essas práticas infelizmente existiram durante o reinado de meu avô, mas não mais permitiremos tais práticas malignas.

Com um estalar de dedos do rei uma das figuras sentadas de capuz começou a elencar as várias acusações de cada um como: sacrifícios, derramamento de sangue de inocentes, invocação de demônios e poderes das trevas, provocação de doença e morte em troca de pagamento, defloramento de virgens e a maldição de membros da corte. Durante o indiciamento, o conde de St. Germain não desviou os olhos cheios de ódio de mim, enquanto mestre Raymond parecia totalmente relaxado, como se fosse um convidado para um piquenique nos jardins do palácio.

– Uma investigação minuciosa foi feita, provas apresentadas e coletados  depoimentos de várias testemunhas. – disse Louis ao olhar diretamente para os dois homens. – Tais abominações ocorreram antes no reinado do meu avô. Nós a extirpamos. Feiticeiros, bruxos, os que pervertem os ensinamentos da igreja… não serão mais permitidos. Sendo assim, hoje temos diante de nós, um juiz infalível da verdade e da pureza de coração. Uma Dama Branca. – disse triunfante me indicando. –  La Dame Blanche, não mente, pois ela vê o coração e a alma de um homem.

Jesus H Roosevelt Christ ! –  disse baixinho, enquanto via com desespero ser desenhado dois pentagramas no chão e onde depois cada um dos acusados iria ficar, para depois dar o seu testemunho e finalmente a Dama Branca,  no caso eu, daria o seu veredito.

O rei indicou para que eu me posicionasse à frente do primeiro acusado, o conde de St. Germain. Os homens encapuzados se levantaram e ficaram atrás de Sua Majestade, mas toda a atenção era dirigida a mim.

– Pode falar, monsieur le comte. – eu falei.

O conde sorriu de forma irônica e começou a explicar sobre a fundação da Cabala, as letras do alfabeto hebraico e sobre todo o simbolismo deles. Sua Majestade enfadado com o discurso bocejou e nem se deu ao trabalho de cobrir a boca. Enquanto isso eu desesperadamente pensava em alguma forma de escapar daquela situação. O conde era um homem perigoso e um inimigo declarado, além de ser uma grande ameaça para o sucesso da nossa tentativa de frustar os planos de Charles Stuart. Se eu pudesse deixaria que ele se safasse dessa?

– Espere – eu o interrompi mostrando minha mão aberta em frente ao seu rosto. – Eu vejo uma sombra atrás de suas palavras, monsieur le comte.

O conde não esperava por isso e ficou boquiaberto. Virei minha mão de encontro ao meus olhos e os fechei, como se olhasse para dentro de mim. Isso fez com que a atenção do rei fosse retomada e continuei com a atuação.

– Vejo algo em sua mente, um nome… – disse com a voz ofegante de medo e deixando minha mão cair na frente do corpo, abri os olhos e continuei: – Les Disciples du Mal... o que o senhor tem a ver com Les Disciples, monsieur le comte?

O seu rosto ficou branco e seus olhos pareciam querer saltar. Les Disciples du Mal não causou uma comoção somente no conde, a impressão era de que todos no aposento conheciam e sabiam do que se tratava esse nome.

– Esta mulher é uma mentirosa – respondeu o conde olhando-me com ódio. – Ela é uma serva de Satã e não uma verdadeira Dama Branca. Ela é associada ao seu mestre e famoso feiticeiro. – disse apontando para mestre Raymond que demonstrou surpresa. – E posso provar o que eu digo.

O conde de St. Germain enfiou a mão no peito do seu casaco, retirou a Bíblia Sagrada e leu:

– “Eles poderão lidar com serpentes sem sofrer nenhum dano. E por esses sinais vocês conhecerão os servos do verdadeiro Deus!” – Trouxeram uma serpente de quase um metro de comprimento com a pele lisa e os olhos dourados. O conde segurou a cobra habilmente atrás da cabeça e a empurrou em minha direção, que assustada automaticamente dei um passo para trás.

– Vejam – disse o conde triunfalmente. – Esta mulher se encolheu de medo. Ela é uma bruxa!

Antes que eu pudesse falar ou fazer qualquer coisa, mestre Raymond que havia estado em completo silêncio até então falou:

– Não é só isso o que a Bíblia Sagrada fala, monsieur le comte. – disse mestre Raymond retirando de um dos seus bolsos um frasco e do outro uma pequena xícara. – “Eles poderão lidar com serpentes sem sofrer nenhum dano. E se tomarem qualquer veneno mortal, não morrerão.” – citou mestre Raymond.

– Vossa Majestade, já que tanto eu como milady Broch Tuarach fomos acusados, sugiro que nós dois mais o conde de St. Germain façamos um teste. Tenho a sua permissão?

O rei parecia confuso e excitado ao mesmo tempo. Ele assentiu com um rápido movimento de cabeça, enquanto observava mestre Raymond derramar na xícara um líquido de cor âmbar para imediatamente se tornar vermelho e começar a borbulhar como se estivesse fervendo.

– Isto é sangue de dragão – disse mostrando a todos enquanto agitava a xícara e sorrindo me deu a xícara. – Aos puros de coração é totalmente inócuo.

Não havia muito a fazer senão beber a mistura. O sangue de dragão tinha o gosto de conhaque misturado com algum tipo de sal de frutas. Bebi três goles de bom tamanho e devolvi a xícara para mestre Raymond que com toda a cerimônia também bebeu. Ele então pediu ao rei para que eu desse a xícara para o conde beber.

Enquanto eu caminhava a distancia até o lugar onde o conde estava, pensava sobre ser a Dama Branca. Aquela que vê a verdadeira natureza de um homem. Será que eu realmente via? Será que eu via verdadeiramente quem era o conde de St. Germain ou  mestre Raymond? Será que eu poderia impedir o que aconteceria com eles? Eu não sabia. A única coisa que eu sabia realmente era que a xícara que agora segurava em minhas mãos continha um veneno mortal. O cristal branco pendurado em meu pescoço e que fora um presente de mestre Raymond mudara de cor informando que havia veneno. Eu não vi quando mestre Raymond colocou o veneno na xícara, mas eu sabia que naquela xícara havia a morte e que eu a estava levando para o conde.

O conde leu em meu rosto a cruel verdade, afinal, La Dame Blanche não mente. Ele hesitou e olhou para a xícara.

– Beba, monsieur, agora! – decretou o rei.

Ele pegou a xícara de minha mão e bebeu sem tirar seus olhos dos meus. Ele ficou pálido e com os olhos vidrados até que seu corpo caísse sem vida no chão.

Vi de relance mestre Raymond sendo levado do aposento, enquanto eu mesma era conduzida por Sua Majestade de volta ao seu aposento particular. Eu parecia ainda em transe com tudo o que aconteceu nos últimos minutos, quando fui trazida de volta a realidade por Louis.

– Madame, agora espero receber o pagamento pela libertação e perdão do seu marido.

Majestade… mas… eu pensei que… – com um desespero crescente não consegui terminar a frase. Na verdade, eu imaginava que depois da minha atuação como La Dame Blanche e todo teatro feito que tudo estivesse liquidado. Mas pelo jeito Sua Majestade tinha planos diferentes para mim.

– Madame, é claro que estou agradecido pela forma como a senhora ajudou no julgamento com os acusados de bruxaria. Mas não posso perder a honra em deitar-me com La Dame Blanche.

Louis avançou em minha direção e me conduziu à uma chaise de veludo verde. Caí deitada de costas e minhas saias foram erguidas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Ele deitou sobre mim e eu senti o perfume de violetas que emanava dele junto ao mau hálito de sua boca. Eu queria fugir dali o mais rápido possível. Meus seios doíam, empedrados e cheios de leite por passar muito da hora de amamentar Faith. Meus olhos se encheram de lágrimas ao pensar em minha filha chorando por minha falta, mas pensei em Jamie e mais uma vez o amaldiçoei. O rei segurou um dos meus seios que saltou para fora do decote e com o aperto soltou um jorro de leite na cara de Sua Majestade.

Mon Dieu, mais qu’est-ce que cela signifie? – Louis falou indignado se afastando e limpando o leite do seu rosto com nojo.

Tomada por uma inesperada inspiração, me levantei e me recompus. Respirei fundo e olhei fixamente para o rei por uns longos minutos. Isso pareceu desconcertá-lo e aproveitando desse momento, falei:

Majestade, eu tornei-me uma mãe. La Dame Blanche agora é uma madona. Os sábios dizem que o corpo e a mente da Dama Branca tudo vê e tudo sabe. Ela pode transformar a natureza de um homem para o bem ou para a desgraça. Não que esse seja o meu desejo, Majestade, deitar-me com Vossa Majestade seria uma honra, mas…

– Mas…?

– Não sou eu quem escolhe quem vai compartilhar minha cama. O poder da La Dame Blanche é quem escolhe. Ele decidiu e deixou um aviso. Quem sabe o que isso pode trazer? Os sábios leriam essa manifestação que ocorreu agora a pouco como um aviso de que Vossa Majestade será muito fértil e com uma descendência forte. E que a insistência em um ato carnal comigo poderia resultar, mesmo sem que eu tenha qualquer poder, em uma impotência ou esterilidade. – Como já havia feito antes coloquei minha mão sobre meus olhos fechados e continuei com o meu teatro. – La Dame Blanche não pode mentir, ela vê o coração e a alma de um homem; e pode transformar essa verdade para o bem… ou para a destruição.

Horas depois saía de Paris para a casa de Louise em Fontainebleau com Faith em meus braços, Fergus dormindo com a cabeça em minhas pernas, completamente esgotada, mas com um sorriso de vitória nos lábios.

Jamie seria libertado e quando fosse para a casa na Rue Tremoulins encontraria o bilhete de Murtagh à sua espera. E depois quando tudo fosse resolvido ele viria ao nosso encontro finalmente. Louis provavelmente deve ter utilizado a sua energia com a rainha ou com uma de suas amantes e mestre Raymond, espero que tenha ido embora em segurança e quem sabe um dia ainda nos encontraríamos.

Olhei para Faith que havia acordado e fazia pequenos sons olhando para mim. Sorri mais uma vez contemplando seus belos olhos de uísque, sua pele branca e sua boquinha rosada, agora molhada de baba depois de muitos aguss. Fergus falava que La Petit Faith já falava a língua paterna. Minha lutadora Faith era o meu milagre. Limpei sua boquinha e ela sorriu para mim, feliz falei com amor:

– Sim minha querida, logo estaremos todos juntos novamente e você conhecerá o seu pai. O seu grande, lindo, cabeça dura e maldito pai escocês!

Fanfic | Capítulo 5

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Educadora que ama livros, séries e filmes. Sonho encontrar um portal e viajar no tempo por vários lugares e épocas. Sou uma apaixonada por Outlander, Claire e Jamie Fraser.

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