7ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 7×08 – Turning Points

Acabou-ou, acabou…, mas não exatamente! Chegamos ao fim da primeira parte da sétima temporada, ou seja, ainda temos a outra metade da temporada, porém essa só chega para nós no próximo ano. E preciso dizer, que belo episódio o 7×08 foi! Com o título “Turning Points”, realmente trouxe alguns pontos de virada para nossos queridos personagens. Como vem acontecendo durante toda a temporada, tivemos um episódio muito fiel, apenas com pequenas adaptações, mas trechos inteiros cópia e cola do livro. Essa série linda sempre dando trabalho para eu poder escrever esse Livro vs Série (amo de todo jeito haha).

Vamos começar pelo começo, uma pequena diferença do livro foi a questão do ferimento de Jaime. No livro, seu dedo anelar nunca mais foi o mesmo, desde que teve sua mão quase destruída por Black Jack lá no final do primeiro livro (também vimos isso na série). Esse dedo eventualmente quebrava, ou causava dores, além de nunca ter recuperado sua total mobilidade. Então com o ferimento sério na mão, que afetou principalmente esse dedo já problemático, Jamie pede que Claire o retire, e ela concorda, mesmo que relutante, principalmente quando vê que realmente é o melhor a fazer para que Jamie recupere sua mão de melhor forma. A série optou por salvar o dedo, pois seria apenas mais trabalho e custo de produção ter oculta-lo sempre, porém essa mudança não altera narrativa futura.

Fiquem com o trecho da conversa entre Jamie e Claire sobre isso, e também um pequeno trecho da cirurgia em si:

“– Ah, sim. Aparei um golpe de espada com a mão. Pena que eu não tinha um escudo. Teria evitado o golpe facilmente.
– Sei. – Engoli em seco. Não era o pior ferimento que eu já vira, de modo algum, mas ainda assim me deixava um pouco nauseada. A ponta de seu dedo anelar fora removida, em um ângulo logo abaixo da unha. O golpe talhara uma tira de carne da parte interna do dedo e descera entre os dedos médio e anelar. – Você deve tê-la aparado perto do cabo – falei, tentando demonstrar calma. – Ou a metade de fora de sua mão teria sido arrancada.
– Mmmmhum. – A mão não se movia enquanto eu trabalhava nela, mas havia suor em seu lábio superior e ele não conseguiu conter um pequeno grunhido de dor.
– Desculpe – murmurei.
– Tudo bem – disse ele, da mesma forma automática. Cerrou os olhos, depois os abriu. – Remova-o.
– O quê? – Recuei e olhei para ele, espantada.
Ele assentiu, indicando a mão.
– O dedo. Tire-o, Sassenach.
– Não posso fazer isso! – No entanto, mesmo enquanto falava, eu sabia que ele tinha razão.
Além dos ferimentos, o tendão estava muito danificado. As chances de ele mover o dedo outra vez, sem falar em movê-lo sem dor, eram mínimas.
– Pouco tem me servido nos últimos vinte anos – disse ele, olhando para o toco desfigurado do dedo. – Provavelmente não vai ser melhor agora. Já quebrei o maldito meia dúzia de vezes, por ele ficar rígido como fica. Se amputá-lo, ao menos não vai mais me atrapalhar.
Eu queria argumentar, mas não havia tempo. Homens feridos começavam a subir a encosta em direção à carroça. Eram milicianos, não soldados regulares. Se um regimento estivesse perto, devia haver um médico com eles, mas eu estava mais.
– Uma vez herói, sempre herói – murmurei baixinho.
Enfiei um chumaço de algodão na palma ensanguentada de Jamie e enrolei uma tira de atadura apressadamente em volta de sua mão.
– Sim, vou ter que amputá-lo, porém mais tarde. Fique quieto.
– Ai! – exclamou ele. – Eu falei que não era um herói.
[…]
Agora eu conhecia os segredos dessa mão. Podia ver sua engenharia, as estruturas que lhe davam forma e movimento. Havia o arco belo e forte do terceiro osso metacarpiano e a delicadeza da teia de vasos sanguíneos que o supriam. O sangue aflorava, lento e vívido, um vermelho-escuro naminúscula poça da região aberta; um escarlate brilhante onde manchava o osso talhado; um azul-escuro na minúscula veia que pulsava abaixo da junta; uma crosta negra na borda do ferimento original, onde havia coagulado.
Eu já sabia, sem me perguntar como, que o quarto metacarpiano estava estilhaçado. A lâmina atingira perto da base do osso, lascando a pequena cabeça próxima ao centro da mão.
Iria tirá-lo também, portanto; os pedaços de ossos livres teriam que ser removidos, de qualquer modo, para impedir que irrigassem os tecidos. Remover o osso metacarpiano iria deixar os dedos médio e mínimo se juntarem, na verdade estreitando a mão e eliminando a estranha lacuna que o dedo faltante deixaria. […]
Destacar o músculo subjacente com o menor dano possível. Amarrar a pequena artéria digital e dois outros vasos sanguíneos que pareciam grandes o suficiente para atrapalhar, cortar as últimas fibras e fragmentos de pele que seguravam o dedo. Em seguida, tirá-lo, o osso metacarpiano pendurado, surpreendentemente branco e despido, como um rabo de rato.
Foi um trabalho limpo, perfeito, mas senti uma ligeira sensação de tristeza ao dispor do pedaço de carne mutilada. Tive uma visão momentânea de Jamie segurando o recém-nascido Jemmy, contando os dedinhos das mãos e dos pés, a admiração e o prazer estampados em seu rosto. Seu pai também contara seus dedos.
– Tudo bem – sussurrei, tanto para mim mesma quanto para ele. – Tudo bem. Vai sarar.
O resto foi rápido. Fórceps para pinçar os minúsculos fragmentos de osso estilhaçado. Limpei o ferimento da melhor forma possível, removendo vestígios de grama e terra, até mesmo um fiapo de pano que se enfiara na carne. Depois, nada mais além de limpar as bordas irregulares do ferimento, aparando um pequeno excesso de pele e suturando as incisões. Uma pasta de alho e folhas de carvalho-branco, misturada com álcool e espalhada na mão em uma grossa camada, um curativo de algodão e gaze, e uma bandagem apertada de linho e emplastro adesivo, para reduzir o inchaço e estimular os dedos médio e mínimo a se aproximarem.”

Outra mudança sútil foi quanto a Jamie acertar o chapéu de Willian e reconhecer o filho no campo de batalha. Tudo, absolutamente tudo, acontece como no livro, Jamie fingir que atira no primo, acertar o chapéu de um jovem oficial sem querer, outro soldado acertar o general Fraser, Jamie indo se despedir do primo posteriormente. Porém só no leito de morte de Simon Fraser que Jamie descobre a presença do filho ali, que no livro nunca reconheceu Jamie como sendo Mac. É ao ouvir Willian falando do chapéu que ele se dá conta de ter atirado no filho, então toma atitude de dar o seu chapéu ao jovem. Ele evita a presença de Willian a todo custo, devido à grande semelhança física deles no livro, eles nunca se encontraram adultos, essa é a primeira vez, e Jamie o faz por impulso, além de estar bem escuro no acampamento.

Vou deixar esse trechinho pra vocês como bônus, para verem que eu não estou brincando quando digo que a série está sendo extremamente fiel ao livro, incluindo os diálogos:

“– Outra vez! Tentem outra vez! – Arnold bateu o punho cerrado na coxa e viu que Jamie o observava. – Você. Atire nele! Não pode?
Jamie deu de ombros e, levando o rifle ao ombro, mirou para o alto e para fora. O vento virara e a fumaça do tiro fez seus olhos arderem, mas ele viu um dos suboficiais perto de Simon dar um salto e colocar a mão na cabeça, torcendo-se na sela e vendo seu chapéu rolar para dentro do trigal.
Ele teve vontade de rir, embora sua barriga tenha se contraído um pouco ao perceber que quase atingira a cabeça do sujeito, inteiramente por acidente. O rapaz, alto e magro, ergueu-se nos estribos e sacudiu o punho cerrado para a floresta.
– Me deve um chapéu, senhor!
A risada alta e penetrante de Arnold ecoou pela floresta, nítida acima da gritaria, e os homens que o acompanhavam assoviaram e vaiaram como gralhas.
– Venha aqui, rapaz, e eu lhe compro dois! – gritou Arnold de volta.
[…]
Ergueu os olhos então para alguém atrás de mim e percebi que Jamie terminara o que tinha que fazer e vinha me buscar. Jamie deu um passo à frente e, com um breve aceno de cabeça para o médico, tomou minha mão.
– Onde está seu chapéu, tenente Ransom? – falou o coronel atrás de mim, com um ligeiro tom de reprovação.
Pela segunda vez em cinco minutos, senti os pelos da minha nuca se arrepiarem. Não com as palavras do coronel, mas com a resposta sussurrada.
– … o rebelde filho da mãe o arrancou da minha cabeça com um tiro – disse uma voz.
A voz tinha sotaque inglês, era jovem, rouca com a dor reprimida e com um toque de raiva. Fora isso… era a voz de Jamie, e a mão de Jamie apertou a minha tão bruscamente que quase esmagou meus dedos.
Estávamos na cabeceira da trilha que vinha do rio; mais dois passos e estaríamos em segurança ao abrigo das árvores envoltas em neblina. Em vez de dar esses dois passos, Jamie ficou paralisado durante um batimento cardíaco, depois largou minha mão, girou nos calcanhares e, tirando o chapéu da cabeça, avançou em largas passadas e o enfiou nas mãos do tenente Ransom.
– Creio que lhe devo um chapéu, senhor – disse ele, deixando o jovem oficial atônito diante do surrado tricórnio em suas mãos.
Olhando para trás, vislumbrei a expressão desconcertada de William olhando Jamie se afastar, mas Jamie me empurrava pela trilha como se houvesse peles-vermelhas em nosso encalço, e um agrupamento de abetos novos ocultou o tenente do nosso campo de visão em poucos segundos.
Eu podia sentir o corpo de Jamie vibrar como uma corda de violino, a respiração acelerada.
– Você ficou louco? – perguntei sem me alterar.
– É muito provável.
– Que diabo! – comecei a dizer, mas ele apenas continuou me puxando, até estarmos bem longe, fora do alcance da vista ou dos ouvidos da cabana. Um tronco caído que até então escapara dos lenhadores se atravessava no caminho e Jamie se sentou nele, cobrindo o rosto com a mão trêmula.
– Você está bem? O que foi? – perguntei.
Sentei-me ao seu lado e coloquei a mão em suas costas, começando a ficar preocupada.
– Não sei se rio ou se choro, Sassenach – disse ele.
Tirou a mão do rosto e vi que parecia estar fazendo ambos. Suas pestanas estavam úmidas, mas os cantos da boca esboçavam um sorriso.
– Perdi um parente e encontrei outro, tudo ao mesmo tempo. E, um instante depois, percebi que, pela segunda vez na vida, por um fio não atirei em meu filho. – Olhou para mim e balançou a cabeça, entre o riso e o espanto. – Sei que não devia ter feito isso. É que… pensei de repente: “E se eu acertasse em uma terceira vez?” E… e eu achei que devia… falar com ele. Como um homem. Caso fosse a única vez, sabe?”

Uma mudança maior que tivemos foi com relação a Ian. A série mostrou nosso querido escocês / nativo americano deixando Rollo com Rachel devido a sua viagem, um gesto de cuidado com o animal e confiança com Rachel. Isso acontece no livro, mas o contexto é totalmente diferente, e bem mais caótico (o capítulo de chama “Caos” por sinal rs). No livro, temos um sujeito que surge para tentar chantagear Jamie, pois ele conheceu o homem que o viu matar Dougal em Culloden (não foi o Rupert no livro), porém ao ver a ameaça a família, com indivíduo tentando extorquir o tio e ainda ofendendo a tia, Ian não pensa duas vezes o mata. Porém um oficial presencia e tenta prender o Ian por assassinato, que foge pela floresta. Temos uma confusão, o oficial tenta atirar em Ian, acerta Rollo, que fica com ombro ferido. Nisso, Rachel que apareceu no meio da perseguição, diz para Ian fugir, prometendo tomar conta de Rollo.

Confira um pouco de como foi toda essa confusão:

“Então Ian o soltou e Jamie segurou o sujeito quando ele começou a cair, o corpo mole.
– Santo Deus!
A exclamação veio de trás de mim. Deparei-me com o coronel Martin e dois de seus ajudantes de ordens, tão boquiabertos quanto o sr. X estivera momentos antes.
Jamie ergueu os olhos para eles, surpreso. No instante seguinte, disse em voz baixa por cima do ombro:
– Ruith. – Corra.
– Alto aí! Assassinato! – gritou um dos ajudantes de ordens, saltando para a frente. – Pare, assassino!
Ian não perdera tempo para aceitar o conselho de Jamie. Pude vê-lo correndo em disparada na direção da borda da floresta distante, mas havia bastante luz das fogueiras para revelar sua fuga e os gritos de Martin e seus asseclas despertavam todos ao alcance de suas vozes. As pessoas saltavam de perto de suas fogueiras, espreitando na escuridão, gritando perguntas. […]
– Pare, Murray! Pare, já disse!
Ouvindo gritarem seu nome, Ian recomeçou a correr, ziguezagueando por uma fogueira de acampamento. Ao passar diante dela, vi uma sombra em seus calcanhares – Rollo estava com ele.
O coronel Martin me alcançara e vi, alarmada, que ele empunhava sua pistola.
– Pa… – comecei a dizer, mas, antes que pudesse terminar a palavra, colidi com alguém e fomos todos ao chão.
Era Rachel Hunter, boquiaberta. Levantou-se apressadamente e correu para Ian, que ficara paralisado ao vê-la. O coronel Martin engatilhou a pistola e a apontou para Ian. Um segundo depois, Rollo saltou no ar e prendeu o braço do coronel com suas mandíbulas.
O pandemônio piorou. Ouviram-se os estrépitos de dois ou três tiros e Rollo caiu no chão com um ganido, contorcendo-se. O coronel Martin deu um salto para trás, praguejando e segurando o pulso ferido, e Jamie recuou e desfechou um soco em sua barriga. Ian já corria em direção a Rollo. Jamie segurou o cachorro por duas pernas e, os dois juntos, desapareceram na escuridão, seguidos por mim e Rachel.
Conseguimos chegar à orla da floresta, arquejando, e caí de joelhos ao lado de Rollo, tateando seu corpo enorme e peludo, procurando o ferimento.
– Ele não está morto – diagnostiquei, arfando. – Ombro… quebrado.
– Meu Deus – disse Ian, e senti que ele se virava para olhar na direção de onde vinham os perseguidores. – Meu Deus.
Ouvi o temor em sua voz. Ele levou a mão ao cinto para pegar sua faca.
– O que está fazendo? – exclamei. – Ele pode se curar!
– Eles vão matá-lo – disse ele, desvairado. – Se eu não estiver lá para impedir, eles o matarão! É melhor que eu faça isso.
– Eu… – Jamie começou a dizer, mas Rachel Hunter o interrompeu, caindo de joelhos e agarrando Rollo pelo pescoço.
– Protegerei seu cachorro por você – garantiu ela, sem fôlego, mas decidida. – Fuja!
Ele deu um último olhar desesperado para ela, depois para Rollo. E correu.”

Após todo esse caos, Rachel, Denzel e Jamie garantem a segurança de rolo, que fica sob a guarda da jovem quacre. Então Jamie é convocado para falar com o general Gates, que como vimos na série. O oficial descreve os termos de rendição para os ingleses, tudo exatamente como mostrado na série, solicitando a Jamie o favor de escoltar o corpo do primo de volta a Escócia. O engraçado é que, com o sobrinho sendo um fugitivo, ele sai da conversa pensando em como contrabandear Ian nessa viagem. Confira:

“– Há… alguma providência a ser tomada para que eu chegue à Escócia com o corpo, senhor? – perguntou com cautela. – Existe um bloqueio.
– Você será transportado, com sua mulher e seus criados, se desejar, em um dos navios de Sua Majestade, e uma quantia em dinheiro será fornecida para transportar o caixão depois de descarregado na Escócia. Tenho a sua concordância, coronel Fraser?
Ele estava tão estupefato que mal se lembrava do que dissera em resposta, mas fora suficiente, pois Gates sorriu e o dispensou. Voltou para sua barraca com a cabeça girando, imaginando se poderia disfarçar o Jovem Ian de criada de sua mulher, como fizera Carlos Stuart.”

Uma coisa linda que a série trouxe foi a chegada dos Fraser à Escócia. Com aquela cena linda e emocionante no navio. No livro, após o trecho acima, quando voltamos para o núcleo de Jamie e Claire, já estamos Edimburgo, com nosso casal fazendo compras. Por isso, a série tem meus parabéns, por ter proporcionado um momento tão fofo e emocionante para nós fãs. Foi uma volta para casa para todo mundo, já que nos apaixonamos por Outlander lá na Escócia.

Ainda sobre esse final, uma curiosidade para vocês: a música ouvimos no final deste episódio se chama “Tha mi sgìth ‘n fhògar seo” e o cantor é Griogair Labhruidh. Segundo fontes de estudo, a canção é geralmente atribuída a um escocês chamado John MacRae, ou Iain mac Mhurchaidh, que achou a vida na Escócia difícil depois que a Batalha de Culloden. Ele acabou indo para a Carolina do Norte no início da década de 1770, lutando pelo lado da coroa na Guerra Revolucionária. MacRae (ou mac Mhurchaidh) supostamente escreveu “Tha mi sgìth ‘n fhògar seo” depois que os ingleses foram derrotados na Batalha de Moore’s Creek em fevereiro de 1776. Ele se tornou um fora da lei e a lenda diz que foi brutalmente assassinado pelos rebeldes que eventualmente o capturaram. Ele nunca voltou para a Escócia, mas suas canções sim. Lembra um pouco a história de Simon Fraser, porém mais dramática. Confira a matéria, em inglês, completa sobre a música final.

E com isso, chegamos ao final desse último Livro vs Série do ano. O que você achou do episódio, Sasse? Curtiu as adaptações feitas? Eu, particularmente, amei! Deixe seu comentário! Nos vemos no próximo ano, com a segunda metade da sétima temporada (ainda sem data, mas esperamos no início do ano rs). ?

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