7ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 7×06 – Where the Waters Meet

Pensando em como começar esse Livro vs Série de forma não repetitiva. A série não tem colaborado com o trabalho dessa que vos fala. Mais um episódio lindamente adaptado, muito fiel ao vemos nos livros. O episódio em si foi mais lento, um episódio de transição, mas equivalente a passagem correspondente do livro. Também pode ser a calmaria antes da tempestade, pois acredite muita coisa está por vir.

Vamos começar com núcleo passado, com Jamie, Claire e companhia em fuga pela mata, em busca do acampamento americano. Toda sequencia foi bem fiel, com pequenas adequações aqui e ali, mas a consequência foi a mesma: Claire se separando do grupo e sendo capturada, junto com algumas outras pessoas (ela não chegou sozinha no forte). Uma diferença que achei interessante é que fizeram com que eles retornassem ao forte, que tecnicamente é um local mais distante, além de ter a segurança reforçada, sendo mais difícil de se escapar. No livro, como o exército estava perseguindo os fugitivos, na volta e eles acabam montando seu acampamento numa fazenda ali perto. Confira o trecho de Claire chegando ao local como prisioneira:

“Fomos conduzidos de volta à estrada em um grupo compacto, que se movia devagar pela noite. Eles nos deixaram beber água em um riacho ao amanhecer, mas nos mantiveram andando até o começo da tarde, quando até mesmo os mais aptos fisicamente estavam prestes a desmoronar.
Fomos levados como um rebanho até uma lavoura. Sendo mulher de fazendeiro, contraí-me ao ver os talos – a apenas algumas semanas da colheita – sendo pisoteados, o frágil ouro do trigo cortado e esmagado em lama preta. Havia uma cabana entre as árvores na outra extremidade da plantação. Vi uma menina sair correndo para a varanda, horrorizada, tampar a boca com a mão e desaparecer de novo dentro da casa.
Três oficiais britânicos atravessavam a plantação em direção à cabana, ignorando a fervilhante massa de inválidos, mulheres e crianças, todos os quais andavam de um lado para outro, sem saber o que fazer. Limpei o suor dos olhos com a ponta do meu lenço, enfiando-a de novo em meu corpete, e busquei alguém que pudesse estar no comando.
Nenhum dos nossos oficiais ou homens em boas condições físicas parecia ter sido capturado; apenas dois médicos supervisionavam a remoção dos inválidos e havia dois dias que eu não via nenhum deles. Nenhum estava ali. Muito bem, então, pensei e me dirigi para o soldado britânico mais próximo, que inspecionava o caos com o mosquete na mão.
– Precisamos de água – disse sem preâmbulos. – Há um riacho logo atrás daquelas árvores. Posso levar três ou quatro mulheres para pegar água para os doentes e feridos?”

Algumas mudanças são bem vindas, por exemplo, na série vemos Willian reconhecendo a senhora mandona e personalidade forte, que já o hospedou e salvou a vida de seu pai. No livro, é ao contrário. Claire reconhece o rapaz, dada sua semelhança com Jamie. Eu particularmente preferi como foi feito na série, mas trago o trecho desse momento no livro para que vocês possam escolher por si mesmas qual preferem:

“O oficial inglês estava voltando na direção da cabana e passou perto de mim. Ele era alto, esbelto, de ombros largos. Eu teria reconhecido aquele modo de andar em largas passadas, aquela graciosidade inconsciente e aquela inclinação arrogante da cabeça em qualquer lugar. Ele franziu a testa e virou a cabeça para inspecionar o campo revirado e coberto de lixo. Seu nariz era reto como a lâmina de uma faca, apenas um pouquinho longo demais. Fechei os olhos por um instante, zonza, certa de que estava tendo alucinações.
– William Ransom? – perguntei num impulso.
Seus olhos azul-escuros, os olhos de gato dos Frasers, se estreitaram de curiosidade.
– Hã… como?
Santo Deus, por que você foi falar com ele? Não pude me conter. Meus dedos apertaram com força a perna de Walter, segurando a bandagem. Podia sentir seu pulso femoral contra a ponta dos meus dedos, batendo tão erraticamente quanto o meu.
– Eu a conheço, madame? – perguntou William, com uma leve mesura.
– Bem, sim – respondi, quase em tom de desculpas. – Você ficou algum tempo com minha família, há alguns anos. Um lugar chamado Cordilheira dos Frasers.
Seu rosto mudou imediatamente diante do nome e seu olhar se aguçou.
– Ora, sim – disse ele, devagar. – É a sra. Fraser, não?
Eu podia ver sua mente raciocinando e fiquei fascinada; ele não possuía a mesma habilidade de Jamie de ocultar o que se passava em sua cabeça. Se tinha, não a estava usando. Eu podia vê-lo se perguntando qual seria a reação social adequada a essa estranha situação e – um rápido olhar por cima do ombro para a cabana – como as exigências de seu dever poderiam entrar em conflito com isso.”

Partindo para o núcleo futuro, temos um Roger partindo para uma reunião com diretor da escola de Jemmy, para entender o ocorrido com seu filho. Toda a situação foi bem fiel ao livro, apenas um pouco mais resumida. Algo que não foi mostrado e foi reação de Brianna ao descobrir que seu filho foi corrigido de forma violenta pela professora. Um momento bem sangue nos olhos de nossa engenheira. Então trago esse trecho da conversa entre Roger e Brianna para vocês:

“Roger sempre havia se perguntado se seria verdade o que diziam sobre os ruivos serem pessoas mais voláteis do que o normal – ou se era apenas porque suas emoções transpareciam tão repentina e assustadoramente? Ambos, concluiu.
Talvez ele devesse ter esperado até ela acabar de se vestir para falar da srta. Glendenning. Se o tivesse feito, teria perdido a extraordinária visão de sua mulher nua e vermelha de raiva.
– Aquela maldita bruxa! Se ela acha que pode…
– Não pode – interrompeu-a com firmeza. – Claro que não pode.
– Certamente não pode! Amanhã vou lá logo de manhã e…
– Bem, talvez não.
Ela parou e olhou para ele, semicerrando um dos olhos.
– Talvez não o quê?
– Talvez não você. – Fechou o próprio jeans e pegou o dela. – Estava pensando que talvez fosse melhor eu ir.
Ela franziu o cenho, refletindo.
– Não que eu ache que você iria perder a paciência e avançar para cima da megera – acrescentou ele, sorrindo –, mas você tem que ir para o trabalho, não?
– Humm – disse ela, parecendo cética quanto à habilidade dele de impressionar a srta. Glendenning ao expor a magnitude de seu crime.
– E, se você de fato perdesse a cabeça e atacasse a mulher, eu detestaria ter que explicar para as crianças por que estamos visitando a mamãe na cadeia.
Isso a fez rir e ele relaxou um pouco. Na verdade, não acreditava que Brianna recorresse à violência física. Por outro lado, ela ainda não tinha visto a orelha de Jem. A vontade dele era de ir à escola naquele instante e mostrar à mulher como aquilo doía, mas agora recuperara o autocontrole.
– Então, o que pretende dizer a ela? – Brianna puxou seu sutiã de baixo da escrivaninha, proporcionando a Roger uma visão suculenta de seu traseiro.
– Nada. Falarei com o diretor. Ele pode dar uma palavrinha com a professora.
– Bem, talvez seja melhor – comentou ela. – Não vamos querer que a srta. Glendenning desconte em Jemmy.
– Exato. – O belo rubor se desvanecia.”

Por fim, temos a identidade do infame nuckelavee revelada, ou pelo menos descobrimos que se trata de homem, alguém que Roger reconhece: William Buccleigh MacKenzie, um antepassado do Roger, que já cruzou seu caminho algumas vezes, sendo o responsável pelo enforcamento do nosso professor. Vocês podem estranhar ou não reconhecer, pois, apesar de ele aparecer na quinta temporada, o ator foi trocado para essa sétima temporada. Caso você não tenha ligado os pontos, sim temos mais um viajante do tempo na história. Seu surgimento no livro é similar, mas a forma como ele se apresenta para Roger é diferente. Ele também surge como nuckelavee para as crianças, na intenção de investigar os moradores dali, porém ele se apresenta para Roger algum tempo depois por conta própria. Buck faz isso numa ruína de igreja da propriedade que Roger está restaurando. Confira o trecho do encontro no livro:

“Roger não sabia dizer o que o impelia a fazer isso, além do senso de paz que pairava naquele lugar, mas ele tinha começado a reconstruir a velha capela. Com as próprias mãos e sozinho, uma pedra depois da outra.
[…]
Deus estaria lhe abrindo uma porta, mostrando que deveria ser um professor agora? Seria isso, o ensino do gaélico, o que ele estava destinado a fazer? Tinha muito espaço para fazer perguntas – espaço, tempo e silêncio. As respostas eram raras. Trabalhara a maior parte da tarde; estava com calor, exausto e pronto para uma cerveja.
Seus olhos captaram a ponta de uma sombra na entrada – Jem ou talvez Brianna, vindo chamá-lo para tomar chá. Não era nenhum dos dois.
Por um instante, fitou o recém-chegado, esquadrinhando a memória. Calças jeans rasgadas e camiseta, cabelos louros e sujos, repicados e despenteados. Sem dúvida, conhecia o sujeito. O rosto bonito, de ossos largos, era familiar, mesmo sob uma espessa camada de pelos de barba castanho-claros.
– Posso ajudá-lo? – perguntou Roger, agarrando a pá que estivera usando.
O homem não parecia ameaçador, mas estava malvestido e sujo. Um vagabundo, talvez? E havia algo indefinível a seu respeito que deixava Roger desconfortável.
– É uma igreja, hein? – perguntou o homem, e riu, embora nenhum vestígio de calor humano transparecesse em seus olhos. – Então, acho que vim pedir santuário.
Entrou repentinamente na claridade e Roger viu seus olhos com mais nitidez. Frios, de um verde-escuro surpreendente.
– Santuário – repetiu William Buccleigh MacKenzie. – E depois, meu caro ministro, quero que me diga quem você é, quem eu sou e o que, em nome de Deus Todo-Poderoso, nós somos.”

Não sei vocês, mas eu estou muito feliz com essa temporada. É tão bom ver passagens inteiras do livro na tela. Até às adaptações tem se encaixado muito bem na narrativa. Está sendo bem prazeroso escrever o Livro vs Série dessa temporada (sempre é na verdade), pois temos muito mais complementos dos livros do que mudanças. E você, Sasse, tá gostando? Comente! 😉

Encontrou algum erro?
Por favor, nos informe pelo e-mail outlanderlsbrasil@gmail.com

Conheça nossas redes sociais

Canais que produzimos conteúdo

Deixe uma resposta