5ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 5×08 – Famous Last Words

Queridos Highlanders e Sassenachs, o oitavo episódio desta quinta temporada, “Famous Last Words”, nos presenteou uma história linda e emocionante, tendo seu foco principal em Roger Mac e no retorno do jovem Ian. Esse foi um daqueles episódios com narrativa própria, porém ainda se mantendo fiel as origens. Sem mais delongas, vamos iniciar o nosso comparativo.

Vamos começar falando do nosso querido (ou não, para alguns) Roger Mac. No episódio anterior, levantou-se o questionamento se era Roger o enforcado e como o mesmo foi parar ali, fechando o episódio com choque e suspense (se você nos acompanha, então sabia que era o Roger mesmo, pois divulgamos aqui). Agora descobrimos a razão do enforcamento: ele foi entregue prisioneiro por seu antepassado e escolhido aleatoriamente como um dos que seriam executados. No livro não é bem assim. Roger é sim entregue aos ingleses por Buck MacKenzie, porém Buck vai além, ele afirma que Roger é dos líderes reguladores, dando um nome de um rebelde conhecido ao governador. Roger, amordaçado e confuso pela pancada que levou na cabeça, não teve como se defender. Ao ser retirado da forca, o procedimento é mesmo, com uma traqueostomia para salvar sua vida, que foi um dos motivos para seu problema na voz, junto as consequências do enforcamento. Confira o trecho que Roger acorda na prisão, e das conversas que escuta, mais ainda confuso demais para entender a situação:

“Ele piscou com força e respirou fundo, esforçando-se para retomar o mínimo senso de realidade, voltar a si. Foco, pensou. Aguente firme. As vozes cantarolantes tinham se dissipado, deixando apenas um zumbido baixo em seus ouvidos. Os outros ainda estavam falando, no entanto, e agora que ele sabia que o som era real, conseguia distinguir uma palavra aqui e outra ali, e examiná-las à procura de sentido.
–… exemplo…
–… governador…
–… corda…
–… mijo…
–… reguladores…
–… ensopado…
–… pé…
–… forca…
–… Hillsborough…
–… água…
–… água.
Esta fazia sentido. Ele sabia o que era água. Queria água, queria muito. Sua garganta estava seca, a boca parecia estar cheia de… estava cheia de alguma coisa; ele engasgou quando sua língua se mexeu em uma tentativa inconsciente de engolir saliva.
– Governador.
A palavra repetida, pronunciada logo acima dele, fez com que olhasse para cima. Fixou o olhar em um rosto. Magro, escuro, franzido em concentração.
– Tem certeza? – perguntou o rosto, e ele se perguntou vagamente: Certeza do quê?
Ele não tinha certeza de nada, exceto de que estava tendo um péssimo dia.
– Sim, senhor – disse outra voz, e ele viu outro rosto aparecer ao lado do primeiro.
Esse parecia familiar, emoldurado por uma barba preta e espessa.
– Eu o vi no acampamento de Hermon Husband, conversando com Husband. Pergunte aos prisioneiros, senhor… eles atestarão.
A primeira cabeça assentiu. Virou-se para o lado e para cima, dirigindo-se a alguém mais alto. Roger olhou para cima, procurando, e se endireitou com uma exclamação abafada ao ver os olhos verdes voltados para ele, frios.
– É James MacQuiston – disse o homem de olhos verdes, confirmando. – De Hudgin’s Ferry.
– Você o viu na batalha?
O primeiro homem estava ganhando foco; parecia um soldado de pouco menos de 40 anos, usando um uniforme. Mais alguma coisa ganhava foco – James MacQuiston. Ele ouvira falar de MacQuiston… o quê…?
– Ele matou um homem da minha companhia – disse Olhos Verdes, a voz áspera de raiva. – Atirou nele a sangue-frio enquanto o homem estava caído e ferido no chão.
O governador – devia ser ele, governador… Tryon! Era este o nome! O governador estava assentindo, fechando a cara.
– Leve-o também, então – disse ele, e se virou. – Três bastam por enquanto.”

No livro, Roger usa sua voz algumas semanas após o ocorrido, também para tirar Jemmy do perigo de se queimar, mas ele tem grande dificuldade, além da dor ao fazer isso. A perda da voz, uma de suas características mais marcantes e leva Roger a uma depressão, como mostrado na série. Originalmente Jamie também o envia para medir suas novas terras, uma missão para tentar puxá-lo de volta a vida, mas aqui ainda não temos o jovem Ian. Em sua empreitada, com tempo para si, sem cobranças, Roger acaba testando mais sua voz, apesar da dificuldade, e também pensa em sua família. Outra coisa que contribui para ele valorizar sua vida é ser pego em outra situação perigosa. Ele acorda em meio a um incêndio, e ao escapar dá de cara com um grupo de escravos fugidos que não são muito amigáveis, mas consegue escapar. Essa narrativa envolve os demais personagens visitando uma aldeia indígena, um urso e uma tempestade de raios. Não é uma história que agrega valor futuro, por isso faz sentido não ser apresentada pela série, que aproveitou o essencial da história e criou com uma linda adaptação.

Outra grande mudança no enredo foi a volta do jovem Ian nesse momento. No livro, ele aparece apenas nos capítulos finais, também salvando o tio de um javali. A principal diferença é Jamie está na companhia de Roger e Jemmy, e o animal faz investidas contra a dupla, que luta, além de tentar proteger a criança que estava com eles. Outro ponto, a depressão de Ian não é tão evidente. A família tinha tido notícias por uma carta há algum tempo, sabiam que ele havia casado e esperava um filho. Quando ele retorna e não fala de sua vida, eles cogitam que algo ocorreu a família de Ian para ele voltar. Confira o trecho do final da batalha com Javali e chegada de Ian e também Jamie e Claire conversando um pouco sobre o retorno do sobrinho:

“Um grito estridente vindo de trás fez Roger se virar. Jemmy, erguendo a adaga do avô acima da cabeça com ambas as mãos e vacilando, corria em zigue-zague na direção do javali, o rosto de um vermelho intenso em sua feroz intenção.
– Jem! – gritou ele. – Para trás!
O javali resfolegou alto atrás dele e Jamie gritou alguma coisa. Roger não conseguiu prestar atenção; correu na direção do filho, mas percebeu um movimento na mata atrás de Jemmy que o fez erguer o olhar. Um vislumbre cinzento, rente ao chão e em um movimento tão rápido que ele conseguiu ter apenas uma vaga ideia do que era.
Foi o suficiente.
– Lobos! – gritou para Jamie e, sentindo que ser atacado por lobos, além de javalis, era definitivamente injusto, alcançou Jemmy, agarrou a faca e atirou-se por cima do menino.
Pressionou-se contra o chão, sentindo Jemmy debater-se sem parar sob ele, e esperou, estranhamente calmo. Presas ou dentes?, ele se perguntou.
– Está tudo bem, Jem. Fique quietinho. Está tudo bem, o papai está com você.
Sua testa estava apoiada na terra, a cabeça de Jem acomodada na cavidade de seu ombro. Ele protegia o menino com um dos braços, segurando a faca na outra mão. Encolheu os ombros, sentindo a nuca exposta e vulnerável, mas não era capaz de se mover para protegê-la.
Podia ouvir o lobo uivando para seus companheiros. O javali fazia um ruído infernal, como um grito prolongado, e Jamie, sem fôlego para continuar gritando, parecia estar praguejando com breves e incoerentes palavrões em gaélico.
Ouviu um zumbido estranho acima de sua cabeça e um baque peculiar e surdo, sucedido por um completo e repentino silêncio.
Espantado, Roger levantou a cabeça alguns centímetros e viu o javali de pé alguns metros à sua frente, com a boca pendendo aberta em absoluta perplexidade. Jamie estava de pé atrás dele, sujo de lama e sangue da cabeça aos pés, igualmente perplexo.
Em seguida, as patas dianteiras do javali cederam e ele caiu de joelhos. Cambaleou, os olhos turvos, e desmoronou de lado, uma flecha projetando-se do lombo, parecendo frágil e sem importância comparada ao volume do animal.
Jemmy se contorcia e chorava embaixo de Roger, que se sentou devagar e segurou o filho nos braços. Notou, vagamente, que suas mãos tremiam, mas ele se sentia curiosamente vazio. Por causa da pele esfolada, as palmas de sua mão ardiam, e o joelho latejava. Dando tapinhas nas costas de Jemmy para confortá-lo, virou a cabeça na direção da floresta e viu o índio parado diante das árvores, arco na mão.
Pensou debilmente em procurar pelo lobo. Estava farejando a carcaça do javali, a poucos passos de Jamie, mas o sogro não prestava atenção nisso. Ele também olhava fixamente para o índio.
– Ian – disse ele baixinho, e seu rosto se iluminou de alegria em meio às manchas de lama, capim e sangue. – Ah, meu Deus. É você, Ian.
[…]
Já era muito tarde quando o corte do javali, a costura e o jantar terminaram, e as visitas foram embora, cheias de coisas para contar. Embora não fossem tantas coisas assim; Ian tinha sido simpático com todos, porém reticente, contando muito pouco sobre sua viagem para o sul – e absolutamente nada sobre os motivos por trás dela.
– Ian lhe contou alguma coisa? – perguntei a Jamie, ao encontrá-lo sozinho por um momento em seu escritório antes do jantar.
Ele negou, balançando a cabeça.
– Muito pouco. Apenas que voltou para ficar.
– Acha que algo ruim aconteceu à mulher dele? E ao bebê?
Senti uma pontada forte de inquietação, tanto por Ian, quanto pela bela jovem moicana chamada Wakyo’teyehsnonhsa, A Que Trabalha com as Mãos. Ian a chamava de Emily. A morte no parto não era incomum, mesmo entre os indígenas.
Jamie balançou a cabeça outra vez, parecendo sério.
– Não sei, mas acho que deve ser algo assim. Ele não disse nada a respeito deles, seus olhos parecem muito mais velhos do que ele é.”

Se formos analisar a história geral envolvendo o episódio, muito foi cortado. Porém, como disse a acima, não tivemos nenhuma mudança significativa que possa afetar a narrativa da série no futuro. E nada impede de alguma cena aparecer assim como quem não quer nada depois, já vimos muito disso.
E com isso, ficamos por aqui. E você, Sasse, o que achou desse episódio? Curtiu a adaptação, ou faria algo diferente? Comente, deixa sua opinião! ?

Encontrou algum erro?
Por favor, nos informe pelo e-mail outlanderlsbrasil@gmail.com

Conheça nossas redes sociais

Canais que produzimos conteúdo

3 Comments

  • Bárbara Souza

    Gostei muito do episódio. Adoro ler as comparações do livro com a série. Uma coisa que gostaria tivessem conseguido era um ator mais parecido com o Jemmy do livro. Os gêmeos da série são a cara do Bonnet, não é justo com Roger, coitado. Já li todos os livros, li o 8 em inglês, quando lançarem em português pretendo ler novamente e aguardo pelo lançamento do livro 9 em inglês.

  • Tacis

    Gostei da adaptação, e acredito que o sofrimento de Ian será mais explorado nos próximos episódios. Sobre a cena de Jamie , Claire e Jem brincando na floresta : lindos !!! Amo os detalhes e simplicidade dos ( poucos) momentos de paz entre eles ????.
    Outlander é apaixonante ! Estou animada , aguardando as próximas cenas e adaptações que fizeram .

Deixe uma resposta