7ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 7×03 – Death Not Be Proud

Olá queridos e queridas Sassenachs! Com esse terceiro episódio da sétima temporada, “Death Not Be Proud”, chego à conclusão que a série quer me deixar feliz, mas ao mesmo tempo me dar certo trabalho, pois tenho que ficar analisando detalhes, pensando bem sobre o que falar nesse Livro vs Série, pois a adaptação tem sido maravilhosa!

Todos os acontecimentos estão seguindo fielmente o livro, com pequenas mudanças, mas nada que altere a narrativa de modo geral. Então, decidi focar nossa análise em informações complementares, curiosidades e algumas coisas interessantes do livro.

Começando do começo, nossos Mackenzie no futuro, a série optou por os mostrar se adaptando e decidindo se mudar para Lallybroch. No livro, temos um salto temporal e eles já acomodados na casa quando Roger chegar com a caixa endereçada a Jem. Essa que vos fala ficou um pouco incomodada com a caixa chegando por correio, bem vibe De Volta Para o Futuro 2, mas dá pra ver a lógica disso. No livro, Roger foi fazer uma limpa em algumas coisas de seu pai, o reverendo, que ainda não tinha organizado e encontrou a caixa. Confira o trecho:

“Ela secou as lágrimas e viu o Mini Cooper de Roger chegando pela curva da entrada. O banco de trás encontrava-se apinhado de caixas; ele enfim estava fazendo a limpa nas últimas tralhas da garagem do Reverendo, guardando os itens que podiam ter valor para alguém – uma proporção assustadoramente alta do total.
– Bem a tempo – disse ela, meio trêmula, enquanto ele subia a calçada, sorridente, uma grande caixa debaixo do braço. Ela ainda se impressionava com seus cabelos curtos. – Mais dez minutos e eu com certeza mataria alguém. Provavelmente Fiona, para começar.
– Ah, é? – Ele se inclinou e a beijou, com particular entusiasmo, indicando que decerto não ouvira o que ela falara. – Eu trouxe uma coisa.
– Estou vendo. O que…
– Não faço ideia.
A caixa que ele pousou na antiga mesa de jantar também era de madeira; uma caixa de bom tamanho, feita de bordo, escurecida pelos anos, a ferrugem e o manuseio, mas com a arte ainda visível para seus olhos treinados. Era lindíssima, as juntas perfeitamente encaixadas, uma tampa deslizante – que não deslizava, tendo sido em algum momento selada com uma gota espessa do que parecia ser cera de abelha derretida, já preta pelo tempo.
O mais impressionante, no entanto, era o topo. Entalhado na madeira havia um nome: Jeremiah Alexander Ian Fraser MacKenzie.
Ela sentiu um aperto na barriga ao ver aquilo. Olhou para Roger, que reprimia algum sentimento; ela via a tensão vibrando dentro dele.
– O quê? – sussurrou ela. – Quem é esse?
Roger balançou a cabeça e puxou um envelope surrado do bolso.
– Isso estava junto, colado na lateral. É a caligrafia do Reverendo, um dos bilhetinhos que ele às vezes punha em algo para explicar seu significado, só por garantia. Mas não posso dizer que seja exatamente uma explicação.
O bilhete era breve; afirmava apenas que a caixa viera de uma casa bancária desativada em Edimburgo. Trazia instruções de que apenas fosse aberta pela pessoa cujo nome se encontrava entalhado. As instruções originais haviam perecido, mas foram passadas verbalmente pela pessoa que lhe entregara a caixa.”

Agora, de volta ao passado, um ponto importante que foi tratado de forma mais leve pela série foi o ouro francês. Para quem não se lembra, falamos um pouco disso no episódio 5×06, quando Jocasta conta a história de sua fuga da Escócia. Lá detalhamos um pouco a história como foi contada no livro. Uma diferença chave, que deixou o assunto mais em destaque no livro, é que Jamie encontra o ouro em River Run e, tempos depois, esse mesmo ouro desaparece, o que deixa Jocasta preocupada, mas sem ter o que fazer. A parte que cabe a sétima temporada, que engloba o final do sexto livro e início do sétimo, foi extremamente fiel. Descobrir a traição dos Bug, a discussão entre Jamie e Arch, o lado dele da história do ouro e a morte da senhora Bug. Tudo acontece bem como nos livros, porém na série o impacto foi menor, pois essa foi uma trama pouco explorada. Por ser uma história longa, passando por mais de um livro, talvez seja interessante um artigo inteiro sobre o ouro francês. Quem sabe!?

Os Bug também ficam em segundo plano na série, enquanto são mais presentes nos livros. Algumas pessoas podem achar estranho, por exemplo, o sentimento de culpa do Ian. Os Bug vieram para Ridge no início da quinta temporada, também no início do quinto livro. Eles passaram a ser parte integral da dinâmica ali. Arch aparece menos, mas está presente, sempre executa tarefas para Jamie. Já Murdina, trabalha na casa, cuida da cozinha e das pessoas. É uma senhora de presença forte, que fala tudo lhe vem à cabeça, e vira parte da família. Na série, vemos os dois em algumas ações do cotidiano, mas sem muito destaque. Para entender um pouco de como tudo ligado aos Bug foi um choque, confiram um trecho das reações de Jamie e Ian com a morte da senhora Bug, um sentimento que foi mais intenso no livro que na série:

“Sua mão estava fria e trêmula; cera quente escorria pelos nós dos dedos da outra mão, mas ele não parecia sentir. Tirei a vela de sua mão e a coloquei na prateleira.
Eu podia sentir a tristeza e a autocensura emanando dele em ondas e lutei para mantê-las a distância. Não poderia ajudá-lo se cedesse à enormidade da situação. Não tinha certeza se poderia ajudá-lo, de qualquer forma, mas iria tentar.
– Ah, meu Deus – falou ele, tão baixo que mal o ouvi. – Por que não o deixei levar o ouro? Que diferença faria? – Bateu o punho cerrado no joelho, silenciosamente. – Meu Deus, por que simplesmente não o deixei levá-lo?
– Você não sabia quem era ou o que pretendia fazer – respondi no mesmo tom, colocando a mão em seu ombro. – Foi um acidente.
Seus músculos estavam contraídos, enrijecidos de angústia. Eu também sentia o mesmo, um nó de protesto e negação. Não, não pode ser verdade, não pode ter acontecido! Eu lidaria com o inevitável mais tarde.
Ele colocou a mão no rosto, balançando a cabeça devagar de um lado para outro. E não falou nem se moveu enquanto eu terminava a limpeza e o curativo do ferimento.
– Pode fazer alguma coisa por Ian? – perguntou depois que terminei.
Retirou a mão do rosto e ergueu os olhos para mim quando me levantei, o semblante abatido de exaustão e dor, mas novamente calmo. – Ele está… – Engoliu em seco e olhou para a porta. – Ele está mal, Sassenach.
Olhei para o uísque que eu trouxera: um quarto de garrafa. Jamie seguiu a direção do meu olhar e balançou a cabeça.
– Não é suficiente.
– Beba-o você, então. – Ele se negou, mas coloquei a garrafa em sua mão e pressionei seus dedos ao redor. – Ordens médicas. – Ele resistiu, fez menção de devolver a garrafa e eu apertei minha mão sobre a sua. – Eu sei. Jamie… eu sei. Mas você não pode se entregar. Não agora.
Ergueu os olhos para mim por um instante, depois balançou a cabeça, aceitando o que era necessário aceitar. Meus dedos estavam rígidos, frios da água e do ar gélido, mas ainda mais quentes que os dele. Envolvi sua mão livre com as minhas e a apertei com força.
[…]
Ian voltou o rosto para mim, mas pude ver por seu semblante inexpressivo que ele não prestara atenção no que eu dissera.
Agachei-me ao seu lado e coloquei a mão em seu rosto. Estava frio, áspero, com a barba por fazer.
– Não foi sua culpa – declarei brandamente.
– Eu sei – concordou ele, engolindo em seco. – Mas não vejo como vou poder continuar vivendo. – Ele não estava sendo dramático. Sua voz denotava perplexidade e confusão. Rollo lambeu sua mão e seus dedos mergulharam nos pelos do pescoço do cachorro, como se buscasse apoio. – O que posso fazer, tia? Não há nada, não é? Não posso desfazer o que fiz. No entanto, continuo procurando uma forma de fazer isso. Uma forma de consertar as coisas. Só que… não sei como.
Sentei-me no feno a seu lado e passei um braço pelos seus ombros, pressionando sua cabeça contra mim. Ele cedeu, com relutância, embora eu sentisse pequenos e constantes estremecimentos de exaustão e dor percorrerem seu corpo como um calafrio.
– Eu a amava – disse ele, tão baixo que eu mal podia ouvi-lo. – Era como se fosse minha avó. E eu…
– Ela também amava você – sussurrei. – Ela não o culparia.
Eu continha minhas emoções para poder fazer o que precisava ser feito. Mas… Ian tinha razão. Não havia nada e, por absoluto desamparo, as lágrimas começaram a rolar por meu rosto. Eu não estava chorando. Era simplesmente a dor da perda e do choque que transbordava. Não conseguia contê-la.
Quer ele tenha sentido as lágrimas em sua pele ou apenas as vibrações da minha dor, eu não saberia dizer. Mas Ian também sucumbiu e chorou convulsivamente nos meus braços.”

Agora, vamos para uma curiosidade complementar. Temos uma linda cena entre Jamie e Claire, na qual ela a presenteia com uma faca nova. A cena é exatamente a mesma do livro, porém uma pequena parte do diálogo foi cortada. A série valoriza o romantismo, enquanto no livro, algumas questões são mais práticas, com toques de romance. Mas fica a pergunta, como Jamie sabia como moldar o cabo da lâmina de forma a se encaixar perfeitamente na mão de Claire? Segue o trecho:

“O sol tocava a borda da Cordilheira, mas ainda havia bastante luz e olhei para minha nova aquisição. Era uma lâmina fina, mas firme, de um só gume e primorosamente afiada. O lado do corte brilhava à luz do sol poente. O cabo era feito de chifre de veado e fora esculpido com duas pequenas depressões que se ajustavam com perfeição aos meus dedos. Sem dúvida, a faca era minha.
– Obrigada – disse, admirando-a. – Mas…
– Vai se sentir mais segura se carregá-la sempre com você – explicou ele, de modo prático. – Ah, só mais uma coisa. Me dê a faca aqui.
Entreguei-a de volta, intrigada, e fiquei espantada ao vê-lo passar a lâmina de leve pelo polegar. O sangue aflorou do corte superficial e ele o limpou nas calças e enfiou o dedo na boca, devolvendo-me a faca.
– Você deve sangrar uma lâmina recomendou para que ela saiba sua finalidade – recomendou ele, tirando o dedo ferido da boca.
O cabo da faca ainda estava quente em minha mão, mas um leve calafrio me percorreu. Com raras exceções, Jamie não era dado a gestos românticos. Se ele me deu uma faca, achou que eu iria precisar dela. E não para arrancar raízes e cascas de árvores.
– Encaixa-se perfeitamente na minha mão – comentei, olhando para baixo e afagando a pequena depressão modelada ao meu polegar. – Como soube moldá-la tão bem?
Ele riu.
– Já senti sua mão em volta do meu pau vezes suficientes para saber exatamente a medida, Sassenach.
Dei uma breve risadinha, mas virei a lâmina e furei a ponta do meu polegar. Era extremamente afiada. Mal senti a picada, mas uma gota de sangue vermelho-escuro aflorou. Prendi a faca no cinto, peguei sua mão e
pressionei meu polegar contra o dele.
– Sangue do meu sangue.
Eu também não era dada a gestos românticos.”

Com isso enceramos nosso Livro vs Série da semana. Como eu disse, a série tem sido muito fiel em sua adaptação, alterando pequenas coisas para adequar a narrativa, e cortando outras, de forma a condensar a história. Até o momento, estou amando o trabalho realizado. E você, Sasse? Está curtindo temporada? Gostaria de artigos complementares de personagens e histórias dos livros? Comente! ?

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