3ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 3×05 – Freedom & Whisky

Apaixonadas e Apaixonados, chegamos ao tão sonhado episódio que nossos queridos protagonistas voltam a se encontrar, mesmo que seja apenas na cena final. Em Freedom & Whisky, acompanhamos um pouco da vida de Claire e Brianna em Boston, quando recebem a visita de Roger com a notícia que Jamie em fim foi localizado no passado. Mas no livro não foi bem assim. Vamos para nossa análise para entender essas mudanças.

Vamos começar lembrando que, como apontado no último episódio, originalmente Claire nunca desiste da busca por Jamie. Ela volta para Boston sim, mas sozinha para resolver toda e qualquer pendência que possa deixar. O episódio aproveitou vários momentos do livro, como conversas de Claire e Joe e a análise do esqueleto, mas contexto geral foi diferente. Nossa médica procura o amigo uma única vez, que coincide com o momento em que ele recebe o esqueleto e ela acaba opinando sobre o caso, depois eles têm uma longa e sincera conversa que termina com uma Claire encaminhada para voltar no tempo. Ah! Uma pequena mudança é que no livro é Joe que supõe que novo amor de Claire é o verdadeiro pai de Bree, devido as características físicas que são mais distintas no universo literário. Confira um trecho da conversa entre ambos:

— É o pai de Bree? — perguntou ele brandamente. Ergui a cabeça repentinamente e olhei-o perplexa.
— Como é que você sabe disso? — perguntei. Ele esboçou um sorriso.
— Há quanto tempo conheço Bree? Dez anos, pelo menos. — Sacudiu a cabeça. — Ela se parece muito com você, L. J., mas nunca vi nenhum traço de Frank. Papai tem cabelos ruivos, hein? — perguntou ele. — E é um filho da mãe muito grande, ou tudo que aprendi de genética básica foi uma grande mentira.
— Sim — disse, sentindo uma espécie de delirante empolgação à simples admissão do fato. Até eu contar à própria Bree e a Roger a respeito de Jamie, eu não dissera nada sobre ele em vinte anos. A alegria de de repente poder falar livremente sobre ele era inebriante. — Sim, ele é grande e ruivo, e é escocês — disse, fazendo os olhos de Joe arregalarem-se de novo.
— E Bree está na Escócia agora?
Balancei a cabeça, confirmando.
— Bree é onde entra o favor.
Duas horas mais tarde, saí do hospital pela última vez, deixando para trás uma carta de demissão, endereçada ao Conselho, todos os documentos necessários para a administração de meus bens até Brianna completar a maioridade e outro, a ser executado nesta ocasião, passando tudo para ela. Ao sair do estacionamento, experimentei uma sensação mista de pânico, angústia e júbilo. Eu estava a caminho.

A série mostra muito dos problemas enfrentados por Bree na faculdade, e dá uma pista sobre os caminhos que ela pode seguir, quando a ruivinha elogia a estrutura do lugar (nossa futura engenheira). Essa foi uma estratégia interessante da série que antecipou alguns problemas de Bree para essa temporada. A parte dos estudos e conflitos internos é algo abordado apenas no quarto livro.

Outra adaptação foi o “Bat” traje. No livro, nossa viajante simplesmente compra um vestido em uma loja especializada e adapta alguns bolsos. Confira:

A placa, presa em cima de uma armação circular, dizia TODO O ENCANTO DO SÉCULO XVIII, em grandes letras brancas. Logo abaixo, em letras floreadas, estava a assinatura, Jessica Gutenburg.
Refletindo sobre a improbabilidade de alguém realmente se chamar Jessica Gutenburg, avancei devagar pelo conteúdo da armação, parando em um vestido muito impressionante em veludo bege, com aplicações em cetim e uma profusão de rendas.
— Este fica lindo no corpo. — A pequinesa estava de volta, o nariz achatado farejando esperançosamente uma venda.
— Pode ser — disse —, mas não é muito prático. Ficaria imundo assim que eu saísse da loja. — Afastei o vestido branco com pesar, prosseguindo para os próximos no meu tamanho.
— Ah, eu adoro os vermelhos! — A jovem bateu palmas em êxtase diante do brilhante tecido vermelho-escuro.
— Eu também — murmurei —, mas não quero nada muito gritante. Não ficaria bem ser confundida com uma prostituta, não é? — A pequinesa lançoume um olhar espantado através das franjas espessas, depois concluiu que eu estava brincando e deu uma risadinha de aprovação.
— Agora, veja este — disse ela em tom decisivo, estendendo o braço além de mim e destacando outro vestido. — É perfeito. E essa cor lhe cai muito bem.
De fato, era quase perfeito. Comprido até o chão, com mangas três-quartos debruadas de renda. Um dourado escuro, marrom-amarelado, com reflexos âmbar e conhaque na seda pesada.
Tirei-o cuidadosamente da armação e segurei-o à minha frente, examinando-o. Um pouco enfeitado demais, mas deveria servir. O acabamento parecia bastante bom; nenhum fio solto ou costuras se abrindo. A renda do corpete, feita à máquina, era apenas aplicada, mas seria fácil reforçá-la.
— Quer experimentá-lo? As cabines ficam ali. — A pequinesa saltitava junto ao meu cotovelo, encorajada pelo meu interesse. Com uma rápida olhada na etiqueta do preço, compreendi por quê; ela devia ganhar por comissão. Respirei fundo diante do valor, que daria para pagar um mês de aluguel de um apartamento em Londres, mas depois dei de ombros. Afinal, para que eu precisava de dinheiro?

Então, tudo pronto para viagem, temos uma despedida emocionante, mas ainda em Boston, enquanto Claire segue sozinha para sua travessia. No livro é bem diferente. A produção de Craigh na Dun é trabalhosa e toma um tempo longo de gravação, por isso a passagem de Claire foi adaptada, algo explicado pelos próprios produtores. No livro, todos estão na Escócia, mas ainda assim Claire tenta partir sem dar um último adeus a sua filha, algo que não consegue. Quando chega a colina, encontra Bree e Roger a sua espera, não só para se despedir, mas para assegurar que a viagem é a decisão correta. Confira o trecho:

Já amanhecera completamente quando cheguei ao topo da colina. A neblina permanecia embaixo e as pedras destacavam-se nítidas e escuras contra um céu cristalino. A visão das pedras deixou-me com as mãos suadas de apreensão, mas segui em frente e entrei no círculo.
Eles estavam parados no gramado, em frente à pedra fendida, de frente um para o outro. Brianna ouviu meus passos e virou-se para mim.
Fitei-a, muda de surpresa. Ela usava um vestido de Jessica Gutenburg, muito parecido com o que eu estava usando, exceto que o dela era de um verde-limão vivo, enfeitado com contas de plástico bordadas no peito.
— Esta é uma cor absolutamente horrível para você — eu disse.
— Era o único que tinham no meu tamanho — respondeu ela calmamente.
— O que, em nome de Deus, vocês estão fazendo aqui? — perguntei, recuperando algum resquício de coerência.
— Viemos dizer-lhe adeus — disse ela, e o esboço de um sorriso brincou em seus lábios. Olhei para Roger, que deu de ombros com um sorriso meio enviesado para mim.
— Ah, sim. Bem — eu disse. A pedra estava atrás de Brianna, o dobro do tamanho de um homem. Eu podia olhar através da fenda de cerca de trinta centímetros e ver o fraco sol da manhã brilhando na grama do lado de fora do círculo.
— Ou você vai, ou eu vou — disse ela.
— Você! Ficou maluca?
— Não. — Ela olhou para a pedra fendida e engoliu com dificuldade. Devia ser o vestido verde-limão que fazia seu rosto parecer branco como giz. — Eu posso fazer isso… atravessar, quero dizer. Eu sei que posso. Quando Geilie Duncan partiu através das pedras, eu as ouvi. Roger também as ouviu. — Ela olhou para ele como se buscasse apoio, depois fixou o olhar firmemente em mim. — Não sei se eu poderia achar Jamie Fraser ou não, talvez só você possa. Mas, se você não tentar, então eu tentarei.
Abri a boca, mas não consegui encontrar nada para dizer.
— Não entende, mamãe? Ele tem que saber… ele tem que saber que conseguiu, ele conseguiu o que queria para nós. — Seus lábios tremeram e ela apertou-os por um instante. — Nós devemos isso a ele, mamãe — disse ela meigamente. — Alguém tem que encontrá-lo e contar-lhe. — Sua mão tocou meu rosto por um momento. — Conte-lhe que eu nasci.
— Ah, Bree — eu disse, a voz tão embargada que eu mal conseguia falar. — Ah, Bree!
Ela segurava minhas mãos com força entre as suas, apertando-as.
— Ele deu você para mim — disse ela, tão baixo que eu mal conseguia ouvila.
— Agora eu tenho que devolvê-la a ele, mamãe.
Os olhos tão iguais aos de Jamie fitaram-me, rasos de lágrimas.
— Se o encontrar — murmurou ela —, quando encontrar meu pai… dê-lhe isto. — Ela inclinou-se e beijou-me, impetuosa e delicadamente, depois se empertigou e virou-me na direção da pedra.
— Vá, mamãe — disse ela, ofegante. — Eu a amo. Vá!
Pelo canto do olho, vi Roger aproximar-se de Bree. Dei um passo, depois outro. Ouvi um som, um ronco distante. Dei o último passo… e o mundo desapareceu.

Agora, para fechar com chave de ouro, tivemos aquele lindo reencontro que arrebatou nossos corações e deixou todo mundo ansioso pelo próximo capítulo. Sasses que não leram o livro podem ter surpreendido com aquele lindo e desengonçado desmaio do Jamie, mas nós leitoras estávamos ansiosas por ele. A cena foi muito fiel. Fica aqui o trecho do livro como um bônus:

Estendi a mão e toquei nas letras pretas do nome. A. Malcolm. Alexander Malcolm. James Alexander Malcolm MacKenzie Fraser. Talvez.
Mais um minuto e eu perderia o autocontrole. Abri a porta com decisão e entrei.
Havia um balcão largo de um lado ao outro da frente da sala, com uma aba para abrir e dar passagem, e uma estante em um dos lados contendo várias bandejas de tipos de letras. Cartazes e anúncios de todos os tipos estavam pregados na parede oposta; modelos, sem dúvida.
A porta para a sala dos fundos estava aberta, deixando ver a estrutura volumosa e angular da prensa tipográfica. Inclinado sobre ela, de costas para mim, estava Jamie.
— É você, Geordie? — perguntou ele, sem se virar. Estava de calças e camisa, com uma pequena ferramenta na mão, com a qual mexia nas entranhas da prensa. — Levou bastante tempo. Conseguiu o…
— Não é Geordie — disse. Minha voz soou mais alta do que o normal. — Sou eu. Claire.
Ele se endireitou muito lentamente. Usava os cabelos longos; um rabo de cavalo grosso, de um ruivo escuro e forte, com emulações acobreadas. Tive tempo de ver que o laço perfeito que o prendia na nuca era de fita verde-escura. Então, ele se virou.
Olhou-me fixamente, sem falar. Um tremor percorreu a garganta musculosa quando ele engoliu em seco, mas ainda assim não disse nada.
Era o mesmo rosto largo e bem-humorado, os olhos azul-escuros puxados, acima das maçãs do rosto lisas de um viking, a boca larga curvada para cima nos cantos, como se estivesse sempre prestes a abrir um sorriso. As linhas ao redor dos olhos e da boca estavam mais pronunciadas, é claro. O nariz mudara ligeiramente. A ponte afilada estava um pouco mais grossa perto da base por causa da marca de uma fratura antiga. Dava-lhe um ar mais feroz, pensei, mas amenizava a expressão de reserva distante e emprestava um novo e vigoroso charme à sua aparência.
Atravessei pela passagem no balcão, sem ver nada além do olhar fixo em mim. Limpei a garganta.
— Quando foi que quebrou o nariz?
Os cantos da boca larga ergueram-se ligeiramente.
— Cerca de três minutos depois que a vi pela última vez… Sassenach.
Houve uma hesitação, quase uma interrogação, no nome. Não estávamos a mais de trinta centímetros um do outro. Estendi o braço tentando tocar a minúscula linha da cicatriz, onde o osso pressionava, branco, contra o bronze da pele.Ele se contraiu, como se uma fagulha elétrica tivesse faiscado entre nós, e a expressão calma se desfez.
— Você é real — murmurou ele. Eu já o achara pálido. Agora, todos os vestígios de cor desapareceram de seu rosto. Seus olhos reviraram-se para cima e ele desabou no chão numa chuva de papéis e outros objetos que haviam estado sobre a prensa. Caiu graciosamente, de certa forma, para um homem tão grande, pensei distraidamente.

E com isso terminamos nossa análise dessa semana. E você o que achou do episódio, Sasse? Curtiu a adaptação? Mudaria algo? Comente!

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