1ª temporada,  Série

Livro vs Série – 1×13 – The Watch

Minhas queridas e queridos apaixonados por Outlander, que seja dado início a sequência final da primeira temporada, também conhecida como “só momentos de tensão daqui pra frente” (hehehe). Vamos, então, para a nossa análise comparativa do décimo terceiro episódio, The Watch.

Enquanto no episódio passado tivemos 8 capítulos resumidos, neste temos cerca de 1 e meio. Como assim, você pergunta? Boa parte da narrativa foi criada exclusivamente para série, adicionando drama, ação e intrigas.

Um exemplo, da nova trama que podemos citar, é a participação da patrulha em si, que é vista como uma defensora da região, visitando Lallybroch algumas vezes ao ano. No livro, não há essa intimidade com a patrulha, que mal é conhecida pelos habitantes da propriedade. Ela é mencionada apenas como a responsável pela captura de Jamie. Quando ele e Ian vão até o moinho, essa patrulha estava lá à sua espera para prendê-lo. Ian é deixado sozinho e, como não possui uma perna, isso dificulta sua volta para avisar da captura de Jamie.

A série ainda dá a entender que emboscada dos soldados ingleses foi armada pelo desertor Horrocks, que mais uma vez cruzou o caminho de Jamie. O personagem é constantemente mencionado no início do livro, por ser a esperança do nosso ruivinho em limpar seu nome, porém nunca mais é visto após o primeiro e único encontro dos dois. No entanto, no livro também há traição. A patrulha espera por Jamie, pois alguém o denunciou. Esse alguém, descobriremos ser Robert MacNab, que não gostou de seu senhor impor que seu filho fosse liberado para trabalhar em Lallybroch. Ele encontrou a ‘justiça’ das terras altas. O diálogo em que descobrimos sobre a traição e o que veio a acontecer com MacNab, ocorre entre Jenny, Claire e Murtagh, em uma cena que deveria ocorrer no próximo episódio, porém como o tópico da traição já foi adaptado aqui, fará mais sentido a explicação. Confira o trecho:

— Aliás, talvez encontre uma nova ajudante na cozinha quando chegar em casa.
Ela parou e olhou para ele, depois colocou a sela lentamente no chão.
— E quem será? — perguntou ela.
— A viúva MacNab — respondeu ele.
Ela ficou parada por um instante, completamente imóvel, a não ser pelo xale e o manto que esvoaçavam no vento cada vez mais forte.
— Como? — perguntou ela finalmente.
Murtagh se inclinou para pegar a sela. Levantou-a e amarrou o cinturão com firmeza com um único movimento e aparentemente sem nenhum esforço.
— Incêndio — disse ele, dando um puxão final na tira de couro do estribo. — Preste atenção quando atravessar o campo alto; as cinzas ainda devem estar quentes.
Cruzou as mãos formando um apoio para que Jenny montasse, mas ela balançou a cabeça e pegou as rédeas, fazendo um aceno para mim.
— Acompanhe-me até o topo da colina, Claire, por favor.
O ar estava frio e pesado longe da fogueira. Minhas saias estavam úmidas de ficar sentada no chão e grudavam-se em minhas pernas conforme eu andava. A cabeça de Jenny estava abaixada para se proteger do vento, mas eu podia ver seu perfil, os lábios pálidos e cerrados de frio.
— Foi MacNab quem entregou Jamie à patrulha? — perguntei finalmente. Ela assentiu devagar.
— Sim. Ian deve ter descoberto, ou um dos outros homens, não importa.
Era final de novembro, bem depois das comemorações do Guy Fawkes Day, mas tive a visão repentina de um incêndio, as labaredas galgando paredes de madeira e eclodindo com toda força no teto de palha, como as línguas do Espírito Santo, enquanto o fogo dentro da casa rugia suas preces pelos amaldiçoados. Dentro, a efígie agachada em cinzas em sua própria lareira, pronta para se desfazer em poeira negra com a próxima rajada de vento frio a varrer a carcaça de sua casa. Às vezes, há uma linha tênue entre a justiça e a brutalidade.

Por conta dessa adaptação, a série foi forçada a realizar outra pequena mudança, só que lá na terceira temporada. Mas quando chegarmos lá, a gente conversa.

Podemos dizer que essa foi a principal adaptação, e consequentemente tomou a maior parte do episódio. No entanto, houve outras pequenas adaptações pra quem não leu e é fã que vale a pena conhecer. O parto de Jenny, por exemplo, colocam Claire realizando sozinha os procedimentos, mostrando mais uma vez os conhecimentos de nossa enfermeira. No livro, Claire apenas auxilia a parteira, dando pitaco aqui e ali. Foi uma forma de estreitar mais os laços entre as cunhadas, algo que na história original foi trabalhado durante as semanas de convivência. Confira como foi um pouquinho do parto no livro:

Até mesmo a sra. Martins parecia um pouco preocupada conforme as dores continuavam sem nenhum progresso considerável. Jenny estava cada vez mais exausta; quando cada acesso de dor amainava, seu corpo ficava frouxo e ela até parecia cochilar um pouco, como se buscasse refúgio em pequenos intervalos de sono. Então, quando o implacável acesso de dor apoderava-se dela outra vez, acordava debatendo-se e gemendo com o esforço, contorcendo-se para o lado para se curvar de forma protetora sobre a protuberância rígida da criança em seu ventre.
— A criança poderia estar… virada? — perguntei, em voz baixa, tímida em sugerir tal coisa a uma parteira experiente. Mas a sra. Martins não pareceu nem um pouco ofendida com a observação; as linhas entre suas sobrancelhas simplesmente se aprofundaram enquanto olhava para a mulher extenuada. […]
— Mantenha-a deitada, dona — instruiu-me a sra. Martins, sem se deixar perturbar com os gritos de Jenny. Suponho que já tivesse ouvido muitos gritos semelhantes.
No relaxamento seguinte, a sra. Martins começou a agir. Agarrando a criança durante a momentânea flacidez das paredes do útero, tentou virá-la. Jenny berrou e deu um puxão nos meus braços quando uma nova contração começou.
A sra. Martins fez nova tentativa. E outra. E outra. Sem poder deixar de empurrar e fazer força, Jenny estava cansando-se muito além do ponto de exaustão, seu corpo debatendo-se muito além dos limites da força comum, conforme se esforçava para empurrar a criança para o mundo exterior.
Então, funcionou. Houve uma repentina movimentação de fluidos e o volume amorfo da criança virou-se sob as mãos da sra. Martins. Imediatamente, o formato da barriga de Jenny se alterou e houve uma sensação urgente de que era necessário pôr mãos à obra.
— Agora, empurre. […]
Durante a contração que veio depois, a sra. Martins colocou a mão em cima da barriga de Jenny e empurrou com toda força. Jenny deu um grito agudo, mas a parteira continuou a empurrar até a contração abrandar.
— Empurre comigo na próxima — disse a parteira. — Está quase chegando.
Coloquei as mãos em cima das mãos da sra. Martins sobre a barriga de Jenny e, ao seu sinal, as três empurraram. Jenny deu um gemido como um rosnado, profundo e vitorioso, e uma bolha viscosa surgiu de repente entre suas coxas. Ela apoiou melhor as pernas sobre o colchão, empurrou mais uma vez e Margaret Ellen Murray lançou-se no mundo como um porquinho ensebado.
Pouco tempo depois, sentei-me direito, após ter limpado o rosto sorridente de Jenny com um pano úmido, e olhei pela janela. Já era quase hora de o sol se pôr.
— Eu estou bem — disse Jenny. — Perfeitamente bem. — O amplo sorriso de prazer com que ela recebera a chegada de sua filha transformara-se num pequeno sorriso permanente de profunda alegria. Estendeu a mão trêmula e tocou a manga do meu vestido.
— Vá contar a Ian — pediu ela. — Ele deve estar preocupado.

Por fim, umacena com os personagens mais amados desse fandom maravilhoso: nosso casal Jamie e Claire. Nesse episódio nossa viajante confessando que acredita ser estéril, que é um choque, mas bem recebido por Jamie. No livro, é ele que aborda o assunto, dizendo que já sabia, pois Geillis Duncan o havia dito, pouco tempo depois deles terem se casado. A conversa é mesma, o contexto diferente.

Confira o trecho:

Jamie fechou a porta silenciosamente atrás de si. Sem falar, aproximou-se por trás de mim e começou a desamarrar o meu vestido. Suas mãos me envolveram e recostei-me com gratidão contra seu peito. Em seguida, inclinou-se para beijar-me e eu me virei, passando os braços em torno de seu pescoço. Eu não só me sentia muito cansada, mas muito sensível e bastante triste.
— Talvez seja melhor assim — disse Jamie devagar, como se falasse consigo mesmo.
— O quê?
— Que você seja estéril. — Ele não podia ver meu rosto, enterrado em seu peito, mas deve ter sentido meu corpo se enrijecer.
— Sim, sei disso há muito tempo. Geillis Duncan me disse, logo depois que nos casamos.
— Acariciou minhas costas com ternura. — No começo, me ressenti um pouco, mas depois comecei a achar que era melhor assim; vivendo como temos que viver, seria muito difícil se você ficasse grávida. E agora — estremeceu levemente —, agora acho que fico contente com isso; não iria querer vê-la sofrer dessa maneira.
— Eu não me importaria — falei, após um longo instante, pensando na cabecinha coberta de penugem e nos dedinhos delicados.
— Eu me importaria. — Beijou o topo da minha cabeça. — Eu vi o rosto de Ian; era como se sua própria carne estivesse sendo dilacerada, cada vez que Jenny gritava. — Meus braços o envolviam, acariciando as cicatrizes enrijecidas de suas costas. — Eu mesmo posso suportar a dor — disse ele suavemente —, mas não aguentaria vê-la sofrer. Está acima das minhas forças.

Então, por hoje é só, Sasses. O que vocês acharam do episódio? Curtiram as tramas criadas pra TV? Mudariam algo? Comentem!

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