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Se Eu Viajasse Pelas Pedras

Ontem uma postagem no grupo Apaixonados Por Outlander me fez pensar se eu trocaria meus confortos do século 21 por um galã do século 18 ou 19. Como eu já tenho meu galã, fiquei pensando o que eu faria se “viajasse” sem querer pelas pedras. Existem vários círculos de pedras, inclusive na América, então não é de se surpreender que eu deparasse com um aqui na praia da Pipa, por exemplo.

Postagem da sassenach Giselle Bernardes no AO

Seguindo a lógica de Outlander, eu voltaria cerca de 203 anos (Claire estava em 1946 e voltou para 1743). Isso me colocaria no Brasil colônia de 1817, às vésperas da independência. Só que não tinha muita coisa no Rio Grande do Norte nessa época. Em Pernambuco, que fica há 280km daqui, porém, acontecia a Revolução Pernambucana, “também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817 na então Capitania de Pernambuco, no Brasil.” (fonte: Wikipédia). Inclusive, uma mulher ilustre chamada Bárbara de Alencar participou da revolução. “Dona Bárbara é mãe dos revolucionários José Martiniano, também uma das lideranças da Revolução de 1817 e pai do escritor cearense José de Alencar”. (Gente, o José de Alencar nem tinha nascido em 1817!!! Ele publicou O Guarani em 1957, e Iracema em 1865!!!)

imagem sobre a revolução pernambucana

Mas Pipa está bem longe de Pernambuco se você levar em conta viagens a pé ou a cavalo. Seria melhor eu viajar no Rio de Janeiro. Já pensou? Eu cairia bem nas negociações de independência. Se eu fosse tipo a Claire, me infiltraria na corte e não seria difícil relembrar o português de Machado de Assis (eu fiz Letras). Uma pena que Machado também não tinha nascido ainda (ele nasceu em 21 de junho de 1839), porque eu adoraria conhecê-lo pessoalmente? E o Dom Pedro I?? Esse eu conseguiria conhecer, mas se ele realmente tomava bem poucos banhos, valha-me o cheiro, né?

Bom, o problema seria chegar no RJ. Obviamente, se eu “viajasse” no tempo sem querer, seria aqui onde eu moro (há varias pedras pela praia). A dificuldade é que eu chegaria em 1817 de bermuda, regata e havaianas (sério, é o que eu visto na maioria dos dias). Já pensou o povo me vendo assim? E vocês achavam que o vestido da Claire era inadequado!

Com a minha sorte, eu iria ser capturada por alguma tribo aqui do litoral. Eu só me imagino tentando lembrar qualquer palavra que venha do Tupi Guarani (esperando que a tribo em questão fosse Guarani).

Márcio Garcia como Peri, de “O Guarani”

Indígena com aparência do Márcio Garcia interpretando Peri: gfrsjgrdjjtd htefjtrjkt jogtcnku!!!

Eu: Tupã! (Eu apontaria pro céu) Pipoca! (Eu começaria a pular) Poti! Potiguar! (Poti é camarão, e Potiguar é comedor de camarão, então eu faria algum gesto imitando comer camarão? Eita, mas será que eles falavam “poti” como aqui, ou “potchi”, como eu falo (sotaque do sul)? E agora?) Ita! Itapipoca! Pororoca! (Pelamor deve ter mais alguma expressão em Tupi que a gente aprende na escola!!!!)

Indígena: GFFRFJJTDHU! /##@/%_^$&*&/$^€_FHGDHFD!!!!

Eu: (correndo em direção ao mar, esperando que ninguém me siga) AHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Bom, também poderia acontecer que eu encontrasse algum português ou brasileiro honrável e decente, falante do português de 1817, e que não fosse me atacar, mas sim quisesse ajudar (dado o meu traje absurdo para a época).

Pintura por Pedro Américo de Dom Pedro I, minha “ideia” de um português de 1817

Eu: com vossa licença, senhor. Eu me encontro no mais inoportuno predicamento, tendo sido atacada por terríveis piratas turcos, desbravadores destas costas litorâneas. Por obséquio, vossa senhoria poderia auxiliar-me?

Português/brasileiro honrável: o que passa com vossa senhoria, madame? Tais vestimentas são privadas! Quais piratas são esses dos quais vós falais? Aceitai esta capa para vossa proteção.

Eu: vós não podeis imaginar o quão grata sou por tamanha benfeitoria para com minha pessoa! Que Deus em toda Sua benevolência vos bendiga e retribua!

Português/brasileiro honrável: ora pois, não há de ser nada de mais. Vós d’onde vens? Tendes um falar peculiar.

Eu: (pensando no nome de alguma vila desconhecida do sul do país) ahhhmmmm… bem, eu sou de terras longínquas… viajava com um barco, meu esposo e filhos (tipo mais meus cães e gatos). Fomos atacados por piratas do Oriente. Eu mal escapei afogamento e captura!

Português/Brasileiro honrável: para onde iríeis vós antes de vosso ataque?

Eu: Rio de Janeiro, vossa senhoria. Eu iria à corte.

Português/brasileiro: como vos chamais?

Eu: Ivana. Ivana D’Orleans e Bragança. (Se for pra mentir sobre o sobrenome, vamos mentir com realeza!)

Português: vós sois realeza?

Eu: bem, não… parentela distante. Muito distante. Seria, por obséquio, possível auxiliar-me na obtenção de passagem n’algum navio que fosse para a capital do Império?

…. bom, daí por diante eu não sei o que poderia acontecer, mas se fosse pra voltar pra 1817, eu com certeza gostaria de estar no meio dos trâmites para a independência do Brasil. Mesmo sabendo que minhas chances de sobrevivência seriam muito precárias. E que por mais que eu soubesse falar conjugando os verbos na segunda pessoa do plural, minha linguagem con certeza soaria peculiar.

O pior é que pinto o cabelo na cor marsala (um vermelho escuro), e estou com 2 dedos de raiz por retocar, então não me surpreenderia se me tachassem de bruxa! Eu não quero nem pensar na falta de dinheiro. Como eu poderia obter vestimentas adequadas, e passagen pro Rio. E ainda assim, chegando no Rio, como convenceria a corte que meu sobrenome é Bragança. (É Schmitz, e os meus antepassados nem haviam deixado a Alemanha em 1817 – os registros que temos apontam pra imigração dos meus ancestrais em 1895).

Talvez a única vantagem (tal qual a Claire) seria meu conhecimento de higiene moderna e primeiros socorros, além de ser vacinada contra a maioria das pestilências mortais da época, à exceção da gripe – eu nunca me vacino contra a gripe. Eu poderia tratar os enfermos de varíola, sarampo, caxumba, catapora, até tétano e tuberculose. Já pensou? Eu seria a verdadeira Dame Blanche.

E vocês? O que fariam se voltassem pra 1817 na região do Brasil onde moram??? Contem pra gente nos comentários.

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One Comment

  • Ester

    Eu estaria em Campinas no meio da produção de café e cana de açúcar, mais tarde a cidade sofreria um surto de Febre Amarela que eu não seria atingida rs eu conheceria os casarões que hoje são museus nas suas formas originais, enquanto meus tataravós ainda nem eram nascidos na Itália e em Portugal (meus bisavós vieram para o Brasil talvez por volta de 1925). O bom que eu conheceria o nome de algumas ruas que não mudaram desde aquela época mas seria questionada sobre meu cabelo com mechas louras, uso de calças e linguagem extremamente diferente haha o bom que naquela época os homens eram bem charmosos por aqui, com chapéus e ternos e também poderia usar o fato de saber sobre as doenças que existem em um certo lago daqui para me safar (ou não kkkk) de alguma confusão.

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