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Daily Line: O Consultório de Claire

 

POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana

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Era o início da tarde e uma tempestade se aproximava: o céu estava tão escuro que tive que trazer o globo de Jamie para o meu consultório e acender uma vela para enxergar o que estava fazendo.

A única maneira que tinha para ajustar, ainda que grosseiramente, a dosagem de um remédio em forma líquida era estimando a cor e a turvação de uma amostra comparada com um conjunto de amostras de referência que eu havia testado em um ou outro membro da família, enquanto perguntava incessantemente sobre uma dor de cabeça, dor de barriga, febre ou alguma ferida recente para estimar a eficácia da solução. A principal desvantagem deste método, além das reações irritadas dos meus pacientes, era que eu precisava preparar novas amostras de referência uma ou duas vezes por mês.

“Ou isso ou bater na cabeça de Jamie com uma marreta todas as terças-feiras até conseguir um padrão,” eu dizia a mim mesma enquanto segurava um frasco contra a luz suave que vinha do globo cheio de água.

Casca de salgueiro branco – a mais indicada (checar disponibilidade), preparada na forma de chá cuja cor variava do dourado brilhante até um vermelho vivo, parecido com sangue, se você a deixasse embebida no líquido por muito tempo. E o sabor variava entre agradável e algo que precisava ser misturado com mel, uísque ou ambos para ser engolido.

“Por que você quer bater na minha cabeça, Sassenach?” Jamie perguntou assim que apareceu na porta de forma tão inesperada e silenciosa que me fez gritar e atirar o macerador na sua direção por puro reflexo. Ele o apanhou no ar, também por reflexo.

“Ei, você falava sério,” ele disse me olhando com cautela. “O que eu fiz de errado?”

“Só Deus sabe,” eu disse me aproximando para pegar o macerador de volta. “Mas se você estiver machucado, eu preciso que experimente o último lote de chá de casca de salgueiro.” Ele tinha estado caçando nos últimos dias com Ian e os meninos Beardsley, e cheirava a sangue, pelos de animais, folhas frescas e seu próprio almíscar.

Ele emitiu um som escocês que indicava uma repulsa educada e se inclinou para me beijar na testa.

“Não precisa ser eu, precisa?”

“Não. Por quê? Alguém está se queixando de alguma coisa, alguma dor de cabeça ou outro tipo de dor?”

O olhar de diversão que trazia no rosto desapareceu.

“Sim, é isso que vim lhe contar.”

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 11/06/2018

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