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Daily Line: Distração

POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana

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Eu já tinha decidido o que fazer com Denny no momento em que gritei “Escocês cabeça de porco! ” para Jamie, mas a conversa que se seguiu com Fanny tirou momentaneamente o assunto da minha cabeça e, entre uma coisa e outra, foi só no final na tarde do dia seguinte que eu consegui ficar sozinha com Brianna.

Sean McHugh e dois dos seus maiores homens tinham vindo pela manhã, com seus martelos, ajudar na construção do segundo andar; Jamie e Roger ficaram lá em cima com eles e o efeito de cinco grandes homens com seus martelos era muito parecido com o de um pelotão de pica-paus com excesso de peso marchando em formação acima da sua cabeça. Eles ficaram lá a manhã toda, fazendo com que todos fugissem de casa, mas deram uma parada para almoçar no riacho e eu vi Bree voltando para dentro com Mandy.

Eu a encontrei no meu consultório rudimentar, sentada sob os últimos raios de sol que entravam pela grande janela, a maior janela da Nova Casa. Ainda não havia vidro, talvez não tivesse antes da primavera, mas a inundação da luz do sol da tarde desobstruída era gloriosa, refletindo seu brilho nas novas tábuas do chão de pinho amarelo, no tecido cor de abóbora da saia de Bree e no seu cabelo cor do fogo, semi amarrado em uma trança longa e solta.

Ela estava desenhando e, ao observá-la tão absorvida no papel preso à prancheta portátil, eu senti uma profunda inveja do seu dom, e não foi a primeira vez. Eu teria dado tudo para conseguir capturar a imagem que via agora: Brianna sob a luz clara e profunda do bronze e do fogo, com a cabeça inclinada enquanto observava Mandy no chão, cantarolando enquanto construía um prédio de blocos de madeira e com as pequenas e pesadas garrafas de vidro que eu usava para tinturas e ervas secas.

“O que você está pensando, mamãe?”

“O que você disse?” Eu olhei para Bree, piscando e sua boca curvou-se em um sorriso.

“Eu disse”, ela repetiu pacientemente, “o que você está pensando? Você está com aquele olhar.”

“Que olhar é esse?” Eu perguntei cautelosamente. Era um comum acordo entre os membros da minha família o fato de que eu não conseguia guardar segredos, que tudo o que eu pensava estava visível no meu rosto. Eles não estavam totalmente certos, mas também não estavam completamente errados. O que eles nunca teriam imaginado era o quão transparente eles eram para mim.

Brianna inclinou a cabeça para um lado e estreitou os olhos enquanto examinava meu rosto. Eu sorri agradavelmente, estendendo a mão para interceptar Mandy quando ela passou por mim com três frascos de remédio na mão.

“Você não pode levar as garrafas da vovó para fora, querida,” eu disse, removendo-as habilmente das suas mãos gorduchas. “A vovó precisa deles para guardar remédio.”

“Mas eu vou pegar sanguessugas com Jemmy, Aidan e Germain!”

“Você não conseguiria pegar nenhuma sanguessuga com um vidro deste tamanho,” eu disse enquanto me levantava e colocava as garrafas em uma prateleira fora do seu alcance. Eu procurei na outra prateleira e encontrei uma tigela de cerâmica levemente lascada com tampa.

“Aqui, leve esta.” Eu enrolei uma pequena toalha de linho ao redor da tigela e a coloquei no bolso do seu avental. Certifique-se de colocar um pouco de lama, só um pouco de lama, certo? Não mais do que um pouco, e algumas das algas nas quais você vai encontrar as sanguessugas. Isso as manterá felizes.”

Eu a observei sair pela porta com seus cachos negros saltitantes, me preparei e me virei para Bree.

“Bem, se você quer mesmo saber, eu estava pensando no quanto eu deveria lhe contar.”

Ela riu, embora mais por simpatia.

“É este o olhar. Você sempre se parece com uma garça observando a água quando tem algo para dizer e não consegue decidir se deve ou não contar.”

“Uma garça?”

“Olhos redondos e inflexíveis”, ela explicou. “Um assassino contemplativo. Vou desenhar você fazendo isso um dia desses, para que você possa ver.”

“Contemplativo… eu acredito em você. Acho que você nunca encontrou Denzell Hunter, não é?” Ela balançou a cabeça.

“Não. Ian mencionou seu nome uma ou duas vezes, eu acho. Um médico Quaker? Não é o irmão da Rachel?”

“Ele mesmo. Para me ater ao essencial, ele é um médico maravilhosos, um bom amigo e, além de ser irmão da Rachel, é casado com a filha do Duque de Pardloe, o irmão mais velho do Lorde John Grey.”

“Lorde John?” seu rosto, que já brilhava por conta da luz, abriu um sorriso radiante. “Minha pessoa favorita, fora da família. Você sabe de alguma coisa sobre ele? Como ele está?”

“Bem, até onde eu sei. Eu o vi brevemente em Savannah há alguns meses – o exército britânico ainda está lá, então, é provável que ele também esteja.” Eu tinha planejado o que dizer, na esperança de evitar alguma coisa constrangedora, mas um script não é uma conversa. “Eu estava pensando que você poderia escrever para ele.”

“Acho que sim”, disse ela, inclinando a cabeça e olhado de lado para mim com uma das sobrancelhas ruivas erguida. “Neste exato momento?”

(Trecho de VÁ DIZER ÀS ABELHAS QUE PARTI, Copyright 2020 Diana Gabaldon)

(Obrigada, Carol Hill, pela adorável abelha parisiense na alcea branca)

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 14/03/2020

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