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Daily Line: Jamie e Rachel

POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana

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“Eu preciso me encontrar com alguns homens lá, ” Jamie tinha dito com uma reserva casual que ela sabia que significava que ele estava protegendo os sentimentos dela. Ela sabia que ele iria tratar da guerra, e ele sabia o quanto o assunto a preocupava, mas ela também sabia o quanto o assunto o perturbava e ela não iria forçá-lo a dizer as coisas que estava pensando, menos ainda as coisas que ele sabia.

Ela falava sobre isso, a guerra, em geral, durante o Encontro. Jamie quase sempre comparecia, mas raramente dizia alguma coisa. Ele entrava silenciosamente e se sentava em um banco no fundo, mantinha a cabeça curvada, e ficava apenas ouvindo. Ouvindo, como qualquer outro Amigo, o silêncio e sua luz interior. Quando as pessoas se sentiam tentadas a falar, ele também as ouvia com educação, mas, quando observava o distanciamento estampado no seu rosto, ela acreditava que a mente de Jamie tinha vontade própria, quieta, em uma busca silenciosa e persistente.

“Eu não acredito que o jovem Ian tenha lhe falado sobre os católicos, ” ele havia dito em uma ocasião onde havia dado uma passada depois do Encontro para lhe entregar um tecido de lã que havia trazido de Salem.

“Apenas quando perguntei, ” ela disse com um sorriso. “E sabes que ele não é bem um teólogo. Roger Mac sabe mais sobre o assunto, assim penso eu, sobre as crenças e práticas católicas. Queres me dizer alguma coisa sobre os católicos? Imagino que te sintas seriamente excluído a cada Primeiro Dia. ”

Ele havia sorrido com a ideia o que fez com que o coração dela se alegrasse. Nos últimos dias, ele aparentava se sentir tão perturbado, e não era para menos.

“Não, menina, Deus e eu nos damos muito bem à nossa maneira. O que acontece é que quando venho ao Encontro, às vezes, me lembro de uma coisa que os católicos fazem de tempos em tempos. Não é bem uma formalidade, não… mas a pessoa vai até o local e permanece sentada por uma hora antes da Eucaristia. Eu costumava fazer o mesmo de vez em quando, em Paris. Nós chamamos de Adoração. ”

“O que fazes durante esta hora? ” Ela tinha perguntado, curiosa.

“Nada em particular. Rezo, na maior parte do tempo. Posso ler a Bíblia ou textos sobre algum santo. Eu já vi pessoas cantando, às vezes. Eu me lembro de uma vez, quando estava indo para a capela de São Sebastião durante a madrugada, bem antes do nascer do sol (quase todas as velas estavam apagadas) e ouvi alguém tocando o violão e cantando. A música era bem suave, não era tocada para ser ouvida, você sabe. Apenas cantando diante de Deus. ”

Algo estranho aconteceu nos seus olhos diante daquela lembrança, mas, então, ele sorriu novamente, um sorriso triste.

“Acredito que tenha sido a última música que realmente me lembro de ouvir.”

“O quê?”

Ele tocou brevemente a parte de trás da cabeça.

“Eu fui atingido na cabeça com um machado, muitos anos atrás. Eu sobrevivi, mas nunca mais pude ouvir música. As gaitas, os violinos, cantorias… eu reconheço que é uma música, mas, para mim, não passa de barulho. Mas aquela música… eu não pude identificar a música em si, mas eu sei como me senti ao ouvi-la. ”

Ela nunca tinha visto aquele olhar no seu rosto como quando ele trouxe de volta a música para ela, mas, de repente, ela também sentiu o que ele sentia na profundidade daquela noite longínqua, e compreendeu a razão para ele encontrar paz em espaços silenciosos.

(Trecho de Vá Dizer Às Abelhas Que Parti, copyright 2019 Diana Gabaldon. Meus agradecimentos à Angela M. Dallas pela abelha rezando! (E uma breve nota a todas as pessoas que me enviaram lindas fotos de abelhas. Eu gostei de todas, mas, por favor, digam se a foto não for sua. Eu tive que retirar a última postagem porque a foto pertencia a alguma outra pessoa no Facebook, a qual ficou muito indignada por ter usado sua foto sem permissão. Obrigada!)

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 01/08/2019

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