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Daily Line: Eletromagnetismo

POSSUI SPOILER DO LIVRO 8 | Leia outros em Trechos da Diana

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Bree flexionou os dedos e apanhou a caneta, mas não começou a escrever de imediato. Ela não havia pensado muito sobre as possibilidades e queria tê-las muito claras, ao menos na sua mente. Ela tinha uma vaga noção sobre como o vórtice do tempo poderia ser explicado em um contexto de teoria de campo unificado, mas se até Einstein encontrava dificuldades para explicá-lo, ela não acreditava que conseguiria fazê-lo naquele momento.

“De um jeito ou de outro, tem que estar lá em algum lugar,” ela disse em voz alta, apanhando o vinho. Einstein havia tentado formar a teoria que tratava tanto da relatividade quanto do eletromagnetismo, e era claro que eles estavam lidando com a relatividade ali – mas do tipo que, talvez, não fosse limitado pela velocidade da luz. Então, o quê? A velocidade do tempo? A forma do tempo? Seriam os campos eletromagnéticos entrecruzados em alguns lugares responsáveis pela distorção desta forma?

E quanto às datas? Tudo o que eles acreditavam saber – ainda que nada muito precioso – indicava que a travessia era fácil, segura, tanto nas festas do sol quanto nos festivais do fogo: solstícios e equinócios… uma pequena onda percorreu sua espinha. Pouca coisa se sabia sobre os círculos de pedras, e o mais comum era que muitos haviam sido construídos tendo em mente uma forma de previsão astronômica. Seria o brilho em uma pedra específica um sinal de que a Terra havia alcançado algum alinhamento planetário que afetava o geomagnetismo daquela área?

“Hum,” ela disse, dando um gole e folheando as páginas que escrevera. “Que miscelânea.” Isso não ajudaria ninguém: nada além de pensamentos desconectados e coisas que nem sequer se qualificavam como uma especulação decente.

Mesmo assim, sua mente não conseguia abandonar o tópico. Eletromagnetismo… corpos possuíam seus próprios campos magnéticos, ela sabia disso. Seria esta a razão para uma pessoa não simplesmente se desintegrar enquanto fazia a travessia? O seu próprio campo seria capaz de manter seu corpo íntegro apenas durante o tempo que precisaria para sair novamente? Ela pensou que, talvez, isso explicasse a coisa da pedra preciosa: você poderia fazer a travessia com a força do seu próprio campo, se tivesse sorte, mas a energia liberada pelos elos de uma corrente molecular de um cristal poderia se somar ao seu campo e, talvez…?

“Que estúpida,” ela disse, quando seu cérebro ficou tão sobrecarregado que parou. Bree olhou culposamente para o corredor que levava ao quarto das crianças. Ambos conheciam a palavra, mas não deveriam supor que a mãe também a conhecia.

Ela acomodou-se na cadeira para terminar o vinho e deixou sua mente vagar livremente, relaxada pelo som distante da rebentação. Mas a sua mente não estava interessada em água; parecia estar mais preocupada com a eletricidade.

“Eu canto o corpo elétrico,” ela disse suavemente. “As tropas daqueles que amo me envolvem.”

Nesse momento, um pensamento lhe ocorreu. Talvez Walt Whitman tivesse descoberto alguma coisa… porque se a atração elétrica das tropas daqueles que amo tem um efeito sobre a viagem no tempo, isso explicaria o aparente efeito de fixar sua atenção em uma pessoa específica, não é?

Ela se lembrou do momento em que ficou em pé entre as pedras de Craigh na Dun, pensando em Roger. Ou em Ocracoke, com a mente completamente focada nos seus pais – ela tinha lido todas as cartas; sabia exatamente onde estavam. Será que faria alguma diferença? Um momento de pânico, enquanto tentava visualizar o rosto do pai, mais ainda quando procurava o rosto de Roger…

“A expressão do rosto não precisa de explicação.” A linha seguinte ecoou suavemente na sua mente. “Mas a expressão de um homem feito aparece não apenas no seu rosto.”

“Está em seus membros e articulações, está curiosamente nas articulações dos seus pulsos e quadris; está no seu andar, na postura do seu pescoço, na flexão da sua cintura e dos seus joelhos – suas vestes não as escondem; sua qualidade elástica e forte pode ser vista através do algodão e da flanela; vê-lo passar transmite tanta coisa quanto o melhor poema, talvez mais; e se demora a contemplar seu dorso, a parte posterior do seu pescoço e as laterais dos seus ombros.”

Ela não se lembrava do resto, mas não precisava; sua mente já estava mais calma.

“Eu te reconheceria em qualquer lugar,” ela disse docemente ao marido, e ergueu o copo com o resto do líquido. “Slàinte.”

N.T. “Eu canto o corpo elétrico” é tradução literal do poema de Walt Whitman, “I sing the Body Electric” – “Slàinte, do gaélico, “saúde”.

(Crédito da foto: Max Alexander Copyright/STFC/SPL, cortesia de APOD-NASA)

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 22/06/2019

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