Livro vs Série – 4×08 – Wilmington
Pessoas lindas, o oitavo episódio chegou transbordando emoções, impactando geral e dando aquela pontada no coração de quem percebeu que agora estamos na metade final da temporada. A série, como sempre, trouxe algumas mudanças em sua adaptação do livro. Então, vamos a nossa conversa sobre as principais alterações para a narrativa televisa.
O episódio se intitula Wilmington pois todos nossos queridos personagens se encontram na cidade portuária (e que agonia pensando em quem pode encontrar com quem). Aqui já temos nossas primeiras adaptações. Fergus e Marsali continuam morando na cidade, onde têm construído sua vida juntos. No livro, nosso jovem casal vive em Fraser’s Ridge, como colonos de Jaime. Na série, além de morar na cidade, vemos Fergus trabalhando para um tipógrafo, que produz um jornal muito importante para nossa história. A adaptação segue a narrativa própria da série, além poder servir para planos futuros da trama, lembrando que o programa já está garantido até a sexta temporada. Confira um trecho em que Claire observa Jaime dormir e recorda sobre a chegada de Fergus e Marsali a Cordilheira:
“Eu ergui sua mão, frouxa e pesada do sono, e tracei as linhas fundas de sua palma macia e calejada, repetidamente. As linhas da cabeça, do coração e da vida eram longas e profundas. Quantas vidas haveria naqueles sulcos agora?
A minha própria. A dos colonos. As de Fergus e Marsali, que acabavam de chegar da Jamaica, com a tutela de Germaine, um lindo garoto louro e robusto, que tinha seu embasbacado pai na palma de sua mãozinha rechonchuda.
Olhei involuntariamente pela janela, diante desse pensamento. Ian e Jamie haviam ajudado a construir uma pequena cabana para eles a apenas um quilômetro e meio da nossa e às vezes Marsali vinha nos visitar à noite, trazendo o bebê. Eu gostava de vê-lo, pensei melancolicamente. Saudosa como eu às vezes ficava de Bri, o pequeno Germaine era um substituto para o neto que eu nunca iria segurar nos braços. Suspirei e procurei afastar o pensamento. ”
Outra adaptação, o convite do governador para a peça de Teatro e a presença do nosso casal Fraser na cidade. O governador Tryon aparece pessoalmente no livro apenas na sequência inicial, quando faz a proposta de assentamento para Jaime. Toda a questão dos reguladores também está sendo bem mais forte nessa temporada da série do que é no livro, ao menos no quarto livro. A questão ganha mais importância a partir do quinto livro. Na série, estão reformulando e readequando os fatos, acredito que para ter uma base concreta para acontecimentos futuros, além de introduzir a narrativa de Murtagh, personagem que existe apenas na série.
Na peça, vemos Jaime “acidentalmente” forçando uma cirurgia de emergência, pedindo ajuda de Claire para distrair as pessoas para que ele possa sair sem ser notado. Essa sequência acontece sim no livro, mas em um contexto totalmente diferente, e já falamos dela. No baile de Jocasta em honra de Jaime, ele pede o mesmo a Claire, uma grande distração, mas no caso apenas para impedir o anúncio que ele seria o herdeiro da tia. A diferença é que no livro o paciente foi John Quincy Myers. A cena foi muito bem aproveita nesse novo momento para TV. O impacto da sequência em ambos, livro e série, é o mesmo, uma cirurgia no meio de uma sala lotada, com convidados auxiliando de forma improvisada, e os talentos médios de Claire reconhecidos no final. Veja um trecho da cirurgia original:
“— É melhor fazer, Sassenach. — Jamie olhou para a figura prostrada. — Talvez ele nunca mais tenha a coragem ou o dinheiro para ficar tão bêbado assim. — Abaixei-me e medi seu pulso outra vez — forte e ritmado como um cavalo de puxar carroça.
A cabeça majestosa de Jocasta apareceu entre os rostos curiosos, assomando acima do ombro de MacNeill.
— Tragam-no para o salão — ela disse laconicamente. Sua cabeça desapareceu de vista e a decisão foi tomada por mim.
Eu já havia operado em circunstâncias anormais antes, pensei, lavando minhas mãos apressadamente em vinagre trazido da cozinha, mas nenhuma mais estranha do que aquela. […]
— Eu trouxe sua caixinha, tia. — Ele colocou o baú cirúrgico junto ao meu braço e abriu-o para mim.
Peguei minha preciosa garrafa azul de álcool destilado e o bisturi de corte reto. Segurando a lâmina sobre uma vasilha, despejei álcool sobre ela,enquanto examinava a platéia em busca de ajudantes apropriados.
Não iria haver falta de voluntários; os espectadores estavam fervilhando com o riso reprimido e os burburinhos, o jantar interrompido completamente esquecido numa onda de expectativa.
Dois fortes cocheiros foram convocados da cozinha para segurar as pernas do paciente, Andrew MacNeill e Farquard Campbell se ofereceram para segurar os braços e o jovem Ian foi colocado ao meu lado, segurando um grande castiçal para lançar luz direta. Jamie assumiu sua posição de anestesista-chefe junto à cabeceira do paciente, um copo cheio de uísque colocado próximo à boca frouxa, roncando.
Verifiquei se meus suprimentos e agulhas de sutura estavam prontos, respirei fundo e fiz um sinal com a cabeça para a minha tropa. […]
— Pronto — eu disse, e o zumbido dos espectadores explodiu em sonoros aplausos. Ainda sentindo-me embriagada — eu teria absorvido a bebedeira de Myers por osmose? — girei sobre um dos calcanhares e curvei-me numa profunda e extravagante reverência, de frente para os convidados.
Uma hora depois, eu estava bêbada por mérito próprio, vítima de uma dúzia de brindes em minha homenagem. Consegui escapar por um breve momento, com a desculpa de verificar como estava meu paciente, e cambaleei para cima, para o quarto de hóspedes, onde ele estava. ”
Agora vamos falar um pouco da nossa jovem aventureira do tempo. O arco narrativo da Brianna e do Roger foi lindo e extremamente fiel ao livro, salvo pelo final. No livro, Roger vai atrás de Bree e pede para ela esperar por ele, enquanto ele vai arranjar um meio deles retornarem. No entanto, a principal diferença aqui foi o que acontece depois. O encontro de Bree com Bonnet, nos livros, acontece em outro dia, no qual ao reconhecer a aliança de sua mãe ela marca um encontro com o pirata para compra-la, e é quando tudo acontece. Porém, isso não fica claro para os leitores, que só vemos ela marcando o encontro. Lendo, só descobrimos sobre o abuso sofrido por Brianna quando ela fala sobre ele futuramente, e temos uma cena de flashback. Outra mudança é que, no livro, ela não identifica como filha da dona anel, apenas alguém interessada nele. Ambas as cenas de abuso, livro e série, são impactantes, os produtores optaram por não utilizar o flashback para deixar claro o sentimento vivido pela personagem para os espectadores no presente. A adaptação vai servir para adequar a linha narrativa da série, além dar base para possíveis acontecimentos futuros, que sem a base literária não teriam tanto sentido. Veja o trecho de como foi o primeiro encontro de Bree e Bonnet no livro:
“Olhou para baixo, desviou o olhar, olhou de novo, perplexa. Era uma aliança, um simples aro de ouro, porém mais larga do que a maioria. Mas não foi apenas o ouro que chamou sua atenção. A aliança não estava a mais do que trinta centímetros de distância e embora a luz no bar fosse mais do que turva, havia uma vela na mesa do jogo de cartas, lançando sua luz na curva interna da aliança de ouro.
Ela não conseguia distinguir as letras inscritas ali, mas conhecia o desenho tão bem que a inscrição saltou em sua mente espontaneamente. Ela colocou a mão no ombro do sujeito que tinha a aliança, interrompendo-o no meio de uma pilhéria. Ele virou-se, o cenho franzido, que logo se desfez ao ver quem havia tocado em seu ombro.
— Sim, doçura, e você veio mudar a minha sorte, é? — Era um homem corpulento, com um rosto bonito, de ossos largos, a boca larga e um nariz quebrado, e um par de olhos verde-claros que a percorreu de cima a baixo numa rápida avaliação.
Ela forçou os lábios a sorrirem para ele.
— Espero que sim — ela disse. — Posso esfregar sua aliança para dar sorte? — Sem esperar permissão, pegou a aliança de cima da mesa e esfregou-a rapidamente na manga da blusa. Depois, levantando-a para admirar o brilho, pôde ver perfeitamente as palavras inscritas na parte interna.
De F. para C. com amor. Sempre.
Sua mão tremia ao devolver a aliança.
— É muito bonita — ela disse. — Onde a conseguiu?
Ele pareceu surpreso, depois desconfiado, e ela apressou-se a acrescentar:
— É pequena demais para você. Sua mulher não vai ficar com raiva se você perder a aliança dela no jogo?
Como?, pensou alucinadamente. Como ele a conseguiu? E o que aconteceu com minha mãe?
Os lábios cheios curvaram-se num sorriso sedutor.
— E se eu tivesse uma mulher, benzinho, certamente eu a deixaria por você. — Examinou-a de alto a baixo mais cuidadosamente, as longas pestanas abaixadas para disfarçar seu olhar. Tocou-a na cintura num gesto convidativo. — Estou ocupado no momento, benzinho, porém mais tarde… hein?
A jarra queimava através do pano, mas ela sentiu os dedos frios. Seu coração se congelara num pequeno bloco de terror.
— Amanhã — ela disse. — Durante o dia.
Ele olhou para ela, surpreso, depois jogou a cabeça para trás e riu.
— Bem, já ouvi homens dizerem que não sou uma pessoa que se deva encontrar no escuro, doçura, mas as mulheres parecem preferir isso. — Ele correu um dedo grosso pelo seu braço de brincadeira; os pêlos ruivo-dourados arrepiaram-se ao toque.
— Durante o dia, então, se prefere. Venha ao meu navio — Gloriana, perto do estaleiro.”
Então é isso Sasses! E vocês ficaram impactadas com o episódio? O que acharam das adaptações? Fala pra gente o que você gostou ou que sentiu falta!
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2 Comments
Roberta
O episódio é incrível e terrível ao mesmo tempo, mais uma vez vemos como Claire é incrível, Jamie um perfeito estrategista, temos George Washington dando o ar da graça, Fergus reencontrando Murtagh e Bree e Roger juntos de novo, mas por ter lido o livro fiquei tensa o tempo todo sabendo o que ia acontecer entre Bree e Sabonete.
Larissa Artemis
“Impactada” é a melhor palavra a ser usada em relação ao episódio. Fiquei tão impressionada, que só consegui dormir depois das 3h da manhã (dormir muito mal) e antes das 9h já estava acordada. ????