3ª Temporada,  Série

Livro vs Série – 3×09 – The Doldrums

Embarcamos no nono episódio, “The Doldrums”, rumo às Índias Ocidentais para resgatar o jovem Ian. A história foi da partida na França até o alto mar, onde nossos tripulantes já começaram a enfrentar diferentes problemas. Houve adaptações no episódio, como sempre. Vamos começar nossa análise apontando os principais cortes e mudanças narrativas.

Logo de início, vemos nosso querido casal de volta à França, onde buscam a ajuda de Jared Fraser para conseguir informações sobre o navio que capturou Ian, assim como transporte para seguir a mesma rota. Parece que tudo foi questão de horas ali. No livro, vemos que nosso casal fica alguns dias na França, devido às providências a serem tomaddas, como contratar um capitão e reabastecer o navio, o que dá a Claire tempo para organizar seu suplemento médico e fazer uma visita muito especial, cena que não foi adaptada para a série. Confira o trecho dessa visita um tanto emocionante:

De manhã, Jamie e o sr. Willoughby saíram com Jared, para finalizar as providências. Eu tinha outra providência a tomar — uma que eu preferia fazer sozinha. Há vinte anos, houve duas pessoas em Paris que eu considerava profundamente. Mestre Raymond fora embora; morto ou desaparecido. As chances de que a outra ainda estivesse viva eram mínimas, mas ainda assim eu tinha que verificar, antes de deixar a Europa talvez pela última vez. Com o coração descompassado, entrei na carruagem de Jared e disse ao cocheiro para me levar ao Hôpital des Anges.
A sepultura estava no pequeno cemitério reservado ao convento, sob os arcos de suporte da catedral ao lado. Embora o ar vindo do Sena fosse úmido e frio, e o dia estivesse nublado, o emitério cercado de muros mantinha uma luz suave, refletida dos blocos de pedra calcária lara que protegiam o pequeno terreno dos ventos. No inverno, não havia flores ou plantas, penas álamos e lariços sem folhas espalhavam arabescos contra o céu, e um musgo verde-escuro envolvia as lápides, florescendo apesar do frio.
Era uma lápide pequena, feita de um suave mármore branco. Um par de asas de querubim abria-se no topo, protegendo a palavra solitária que era a única decoração da lápide além das asas. “Faith”, lia-se.
Fiquei parada, fitando-a, até meus olhos embaçarem. Eu levara uma flor; uma tulipa cor-de-rosa — não era a coisa mais fácil de achar em Paris em dezembro, mas Jared mantinha uma estufa. Ajoelhei-me e depositei-a sobre a pedra, acariciando a suave curva da pétala com o dedo, como se fosse o rostinho de um bebê.
— Achei que não iria chorar — eu disse, algum tempo depois.
Senti o peso da mão de madre Hildegard em minha cabeça.
— Le Bon Dieu sabe o que faz — disse ela brandamente. — Mas Ele raramente nos diz por quê.
Respirei fundo e limpei as faces com a ponta do meu manto.
— Mas já faz muito tempo. — Levantei-me devagar e virei-me, encontrando madre Hildegard me observando com uma expressão de profunda simpatia e interesse.
— Eu notei — disse ela devagar — que o tempo não existe realmente para as mães, em relação a seus filhos. Não importa muito a idade do filho, num piscar de olhos a mãe pode ver a criança outra vez como era quando nasceu, quando aprendeu a andar, como era em qualquer idade e em qualquer época, mesmo quando a criança já se tornou um adulto e ela própria já tem filhos.
— Especialmente quando estão dormindo — disse, abaixando o olhar outra vez para a pequena lápide. — Sempre se pode ver o bebê dormindo.
— Ah. — A madre balançou a cabeça, satisfeita. — Achei que tivesse tido mais filhos; de alguma forma, você tem a aparência.
— Mais uma. — Olhei para ela. — E como você sabe tanto sobre mães e filhos?
Os pequeninos olhos negros brilharam astutamente sob a pesada região das sobrancelhas, cujos pelos dispersos haviam ficado completamente brancos.
— Os velhos precisam de muito pouco sono — disse ela, dando de ombros, como se não fosse nada de importante. — Eu ando pelas enfermarias à noite, às vezes. Os pacientes conversam comigo.
Ela encolhera um pouco com a idade avançada e os ombros largos estavam ligeiramente arqueados, finos como um cabide de arame sob a sarja preta de seu hábito.
Mesmo assim, ainda era mais alta do que eu e elevava-se acima da maioria das freiras, à semelhança de um espantalho, mas sempre imponente. Carregava uma bengala, mas andava aprumada, a passos largos e firmes, e tinha o mesmo olhar penetrante, usava a bengala mais para cutucar os indolentes ou subalternos diretos do que para se apoiar.
Assoei o nariz e voltamos pelo caminho que levava ao convento. Conforme retornávamos devagar, notei outras lápides pequenas espalhadas aqui e ali entre as maiores.
— São todas de crianças? — perguntei, um pouco surpresa.
— Os filhos das freiras — disse ela sem afetação. Fiquei boquiaberta de surpresa e ela encolheu os ombros, elegante e irônica como sempre. — Acontece — disse ela. Deu alguns passos à frente, depois acrescentou: — Nem sempre, é claro. — Fez um gesto com a bengala abarcando os limites do cemitério. — Este lugar é reservado para as irmãs, alguns benfeitores do Hôpital… e seus entes queridos.
— Das irmãs ou dos benfeitores?
— Das irmãs. Ei, seu tolo!
Madre Hildegard parou ao ver um servente do hospital preguiçosamente encostado na parede da igreja, fumando cachimbo. Enquanto lhe passava uma descompostura no elegantemente feroz francês palaciano de sua infância, deixei-me ficar para trás, olhando à volta do minúsculo cemitério.
Perto do muro dos fundos, mas ainda em solo sagrado, via-se uma fileira de pequenas tabuletas de pedra, cada qual com um único nome, “Bouton”. Abaixo de cada nome havia um algarismo romano, de I a XV. Os queridos cachorros de madre Hildegard. Lancei um olhar ao seu companheiro atual, o décimo sexto a carregar aquele nome. Este era preto como carvão e de pelo cacheado como uma ovelha persa. Estava sentado aos seus pés, alerta, os olhos redondos fixos no servente faltoso, um eco silencioso da desaprovação feita às claras de madre Hildegard.
As irmãs, e seus entes queridos.
Madre Hildegard voltou, a expressão feroz alterando-se imediatamente para o sorriso que transformava suas feições fortes de gárgula em beleza.
— Estou tão contente que tenha voltado, ma chère — disse ela. — Venha, vamos entrar; tenho algumas coisas que poderão lhe ser úteis na viagem. — Enfiando a bengala na curva do braço, tomou meu braço como suporte, agarrando-o com a mão ossuda e quente, cuja pele tornara-se fina como um papel. Tive a estranha sensação de que não era eu quem a estava sustentando, mas o contrário.
Quando entramos no pequeno beco de teixos que levava à entrada do Hôpital, olhei para ela.
— Espero que não me considere rude, madre — disse, hesitante —, mas há uma pergunta que eu queria lhe fazer…
— Oitenta e três — respondeu ela prontamente. Abriu um largo sorriso, exibindo os dentes longos e amarelos como os de um cavalo. — Todos querem saber — disse complacentemente. Olhou para trás por cima do ombro, na direção do pequeno cemitério, e ergueu um dos ombros num gesto gaulês de quem afasta um pensamento. — Ainda não — disse ela, com confiança. — Le Bon Dieu sabe quanto trabalho ainda há para ser feito.

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Outra pequena mudança na narrativa, que pode vir a ter alguma influência em tramas futuras, diz respeito aos homens de Jamie. A série apresenta só dois escoceses, Lesley e Hayes, e um chinês, senhor Willoughby. No livro, são cinco homens escoceses, dentre eles Duncan Innes, personagem que acompanha Jamie desde então. Os homens apresentados na série são companheiros de Jamie de seu tempo em Admisur, porém só aparecem no livro 4, pois já estavam na América, devido a contratos de trabalho. Outra trama retirada da série diz respeito a suspeita de que um dos homens fosse um traidor, colocando vida de Jamie em risco. A suspeita se deve a alguns acidentes narrados no livro e também a uma denúncia sobre um dos carregamentos de Jamie que foi interceptado por fiscais (uma passagem não adaptada). A série simplificou a história. Confira a chegada dos homens e a menção da suspeita, ela vai ser importante para futuros comparativos:

No final da tarde do segundo dia, seis homens apareceram, volteando pela praia de cascalhos em peludos pôneis das Terras Altas.
— Raeburn está vindo à frente — disse Jamie, encobrindo e apertando os olhos para distinguir as identidades dos seis pontinhos negros. Kennedy vem atrás dele, depois Innes… ele não tem o braço esquerdo, está vendo?… e Meldrum. O que está com ele é MacLeod, sempre cavalgam juntos assim. E o último? É Gordon ou Fergus?
— Deve ser Gordon — eu disse, espreitando por cima do seu ombro para os homens que se aproximavam — porque é gordo demais para ser Fergus.
[…]
Fergus suspirou. Parecia cansado e imaginei se ele não teria ficado acordado para vigiar Jamie durante a noite.
— Portanto — disse ele, encolhendo os ombros outra vez —, não sabemos. Tais incidentes podem não ter sido mais do que acidentes, ou talvez não. Mas considerando essas ocorrências com o que aconteceu em Arbroath…
— Vocês podem ter um traidor entre os contrabandistas — disse.
— De fato, milady. — Fergus coçou a cabeça. — Mas o que é mais perturbador para milorde é o homem que o chinês matou na casa de madame Jeanne.
— Por que você acha que ele era um agente alfandegário que seguira Jamie das docas até o bordel? Jamie disse que não poderia ser, porque ele não tinha nenhum mandado judicial.
— Isso não prova nada — observou Fergus. — Mas, pior ainda, era o livreto que ele tinha no bolso.
— O Novo Testamento? — Eu não via nenhuma relevância nesse fato e disse isso a Fergus.
— Ah, mas é relevante, sim, milady, ou deveria ser, eu acho — corrigiu-se Fergus.
— Veja bem, era um livreto que o próprio milorde imprimira.
— Compreendo — disse devagar — ou ao menos estou começando a compreender.
Fergus balançou a cabeça gravemente.
— Ter a alfândega rastreando o conhaque dos pontos de entrega ao bordel já seria bastante ruim, é claro, mas não fatal, outro esconderijo poderia ser encontrado; na realidade, milorde fez arranjos com os proprietários de duas tabernas que… mas isso não vem ao caso. — Descartou o assunto com um aceno da mão. — Mas ter os agentes da Coroa ligando o famoso contrabandista Jamie Roy ao respeitável sr. Malcolm do beco Carfax… — Espalmou as mãos num gesto amplo. — Compreende?
Eu compreendia. Se a alfândega chegasse perto demais de suas operações de contrabando, Jamie poderia simplesmente dispensar os auxiliares, deixar de visitar os lugares frequentados por seus contrabandistas e desaparecer por um tempo, retraindo-se para seu disfarce de mestre-impressor até parecer seguro retomar suas atividades ilegais.
Mas ter suas duas identidades tanto detectadas como associadas era não só privá-lo de suas duas fontes de renda, como levantar suspeitas tais que poderiam levar à descoberta de seu verdadeiro nome, suas atividades subversivas e daí para Lallybroch e sua história de rebelde e traidor condenado. Teriam provas para enforcá-lo uma dúzia de vezes — e bastava uma vez.
— Sem dúvida, compreendo. Então, Jamie não estava só preocupado com Laoghaire e Hobart MacKenzie quando disse a Ian que achava bom nos refugiarmos na França por algum tempo.
Paradoxalmente, senti-me aliviada com as revelações de Fergus. Ao menos, eu não fora a única responsável pelo exílio de Jamie. Meu reaparecimento pode ter precipitado a crise com Laoghaire, mas eu nada tivera a ver com tudo aquilo.
— Exatamente, milady. E ainda assim, não sabemos com certeza se um dos homens nos traiu… ou se, ainda que houvesse um traidor entre eles, esse traidor quisesse matar milorde.
— É um ponto a ser considerado. — Era, mas não de grande importância. Se um dos contrabandistas tivesse aceitado trair Jamie por dinheiro, seria uma coisa. Se tivesse algum motivo de vingança pessoal, entretanto, o sujeito poderia muito bem sentir-se compelido a fazer justiça com as próprias mãos, agora que estávamos, temporariamente, ao menos, fora do alcance da alfândega real.
— Se assim for — continuava Fergus —, será um dos seis homens, os seis que milorde me mandou chamar para navegar conosco. Esses seis estavam presentes tanto no incidente com os barris quanto no incêndio do barracão; todos já estiveram no bordel. — Fez uma pausa. — E todos estavam presentes na estrada em Arbroath, quando fomos emboscados e encontramos o guarda alfandegário enforcado.
— Todos eles sabem a respeito da gráfica?
— Ah, não, milady! Milorde sempre tomou muito cuidado para que nenhum dos contrabandistas soubesse da gráfica, mas sempre é possível que um deles o tenha visto nas ruas de Edimburgo, o seguido até o beco Carfax e tomado conhecimento de A. Malcolm. — Sorriu ironicamente. — Milorde não é o mais discreto dos homens, milady.
— É verdade — eu disse, no mesmo tom. — Mas agora todos eles sabem o verdadeiro nome de Jamie. O capitão Raines o chama de Fraser.
— Sim — disse ele, com um leve sorriso amargo. — É por isso que temos que descobrir se estamos de fato navegando com um traidor… e quem é ele.

Toda a trama envolvendo a ferradura para sorte, a falta de vento e afins, foi exclusiva da série. No livro, não há tanta ação. Um tubarão é avistado perto do barco, há alguns conflitos mais leves entre os homens, além de novas amizades. O sr. Willoughby é mais quieto no livro, pois fala muito pouco o inglês. Jamie traduz a maior parte do que ele diz. Quando ele conta sua história, por exemplo, ela traduzido por Jamie, e acontece numa noite de homens reunidos e histórias contadas, não como uma distração como na TV. Há uma passagem interessante com nosso chinês, na qual ele captura um pelicano e treina o bicho para que pesque para ele. O pássaro passa a acompanhar o oriental no navio. Nenhuma dessas mudanças afetaram diretamente a narrativa geral.

Uma curiosidade, quando Jamie e Claire estão observando a Lua, ela diz que o homem havia voado para lá em seu tempo. Ela fala do vôo da Apollo 8, que apenas orbitou a Lua no natal de 1968, que até é mostrado na série pouco antes da nossa viajante decidir voltar pelas pedras. No livro, Claire não chegou a ver tal vôo, pois retornou ao passado no Halloween de 1968. Ela diz para Jamie que o homem estava prestes a voar para a Lua quando partiu, e como na série, descreve as fotos da Lua que já havia visto. O voô para lua, efetivamente, aconteceu em julho de 1969, com a Apollo 11, sendo mostrado no livro “Tambores de Outono” em um encontro de Brianna e Roger.

De volta às alterações, uma pequena mudança diz respeito à ida de Claire para o navio inglês. Ela se apresenta como sra. Malcon, não Fraser, para evitar qualquer problema que possa ter seguido Jamie. Seu súbito rapto também é menos amistoso, pois o capitão inglês faz uma pequena chantagem, tanto com Claire, quanto com o capitão do Artemis, a fim de garantir o auxílio da cirurgiã pelo resto de sua viagem até a Jamaica. Confira um trecho da conversa entre Claire e capitão:

Irrompi no convés, deparando-me com uma nuvem de velas acima de minha cabeça, estendidas e enfunadas, e o Artemis desaparecendo rapidamente atrás de nós. O capitão Leonard estava parado junto ao timoneiro, olhando para o Artemis, enquanto o mestre vociferava ordens para os homens acima.
— O que está fazendo? — gritei. — Seu desgraçado filho da mãe, o que está acontecendo aqui?
O capitão olhou para mim, obviamente constrangido, mas com o maxilar cerrado obstinadamente.
— Temos que chegar à Jamaica com a maior urgência — disse ele. A pele de suas faces estava gretada e vermelha do impetuoso vento marinho, ou ele teria corado de vergonha. — Sinto muito, sra. Malcolm, de fato eu lamento a necessidade, mas…
— Mas coisa nenhuma! — eu disse, furiosa. — Mude de direção! Volte! Lance a maldita âncora! Não pode me levar assim!
— Lamento a necessidade — disse ele outra vez, tenazmente. — Mas acredito que seus serviços continuados sejam imprescindíveis, sra. Malcolm. Não se preocupe — disse ele, esforçando-se em vão para transmitir segurança. Estendeu a mão como se quisesse bater de leve em meu ombro, mas reconsiderou e desistiu. Deixou cair o braço ao lado do corpo. — Prometi a seu marido que a marinha lhe fornecerá acomodações na Jamaica até o Artemis chegar lá.
Encolheu-se um pouco e recuou diante da expressão do meu rosto, evidentemente com medo de que eu fosse agredi-lo — e não sem razão.
— O que quer dizer com prometeu a meu marido? — eu disse, entre dentes. — Está querendo dizer que J… que o sr. Malcolm permitiu que você me raptasse?
— Hã… não. Não, não permitiu. — O capitão parecia estar achando o confronto uma tarefa estafante. Retirou um lenço imundo do bolso e enxugou a testa e a nuca. — Ele foi muito intransigente, receio.
— Intransigente, hein? Bem, eu também sou. — Bati o pé furiosamente no chão, mirando nos dedos do seu pé e não os atingindo apenas porque ele saltou agilmente para trás. — Se pensa que eu vou ajudá-lo, maldito sequestrador, pode esquecer!
O capitão guardou o lenço e empinou o queixo.
— Sra. Malcolm. A senhora me obriga a dizer-lhe o que eu disse a seu marido. O Artemis navega sob bandeira francesa e com documentos franceses, porém, mais da metade da tripulação é de ingleses ou escoceses. Eu poderia ter confiscado esses homens para trabalharem aqui, e estou precisando muito deles. Em vez disso, concordei em deixá-los em troca do seu conhecimento médico.
— Então, em vez deles, resolveu me confiscar. E meu marido concordou com esse… acordo?
— Não, não concordou — disse o jovem, um pouco rispidamente. — Entretanto, o capitão do Artemis compreendeu a força do meu argumento. — Pestanejou em minha direção, os olhos inchados de noites sem dormir, o casaco grande demais esvoaçando em torno do torso magro. Apesar de sua juventude e aparência desalinhada, portava-se com grande dignidade. — Peço-lhe desculpas pelo que pode parecer o máximo de comportamento indigno de um cavalheiro, sra. Malcolm, mas a verdade é que estou desesperado — disse ele simplesmente. — A senhora pode ser nossa única chance. Não posso perdê-la.
Abri a boca para responder, mas fechei-a. Apesar de minha fúria — e minha profunda inquietação com o que Jamie iria dizer quando eu o visse outra vez —, senti certa compaixão pela situação em que ele se encontrava. Era bem verdade que ele corria o risco de perder metade de sua tripulação se não tivesse ajuda. Mesmo com meu auxílio, perderíamos alguns — mas essa não era uma perspectiva que eu quisesse considerar.
— Está bem — disse, entre dentes. — Está… bem! — Olhei para longe, por cima da balaustrada, para as velas cada vez menores do Artemis. Eu não tinha tendência a enjoo no mar, mas senti um inconfundível vazio no estômago conforme o navio — e Jamie — ficavam para trás. — Parece que não tenho escolha. Se puder liberar o maior número possível de homens para lavar e esfregar o espaço entre os conveses… ah, e você tem álcool a bordo?
Ele pareceu ligeiramente surpreso.
— Álcool? Bem, temos rum para a bebida dos marinheiros e provavelmente algum vinho trancado no compartimento das armas. Servem?
— Se é o que tem, vão ter que servir. — Tentei afastar minhas próprias emoções o tempo suficiente para lidar com a situação. — Acho que tenho que falar com o comissário, então.
— Sim, claro. Venha comigo. — Leonard começou a caminhar em direção à escada que levava para baixo do convés superior, quando, enrubescendo, recuou um passo e gesticulou desajeitadamente para que eu fosse à sua frente, com receio de que minha descida expusesse minhas pernas indelicadamente, imagino. Mordendo o lábio com um misto de raiva e humor, segui em frente.

Por hoje é isso! E você Sasse, gostou do episódio? Curtiu a adaptação? Comente, deixe sua opinião!

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