Livro vs Série – 1×06 – The Garrison Commander
Adentremos ao sexto episódio que, até o momento, foi o mais tenso da temporada (não, não vai manter com a coroa por muito tempo). “The Garrison Commander” traz o nome do capítulo do livro que retrata a passagem apresentada pela série. Partiu então pra nossa análise comparativa.
Como no episódio anterior, temos diversas cenas adicionais e outras modificadas que ampliam a tensão e a carga dramática da adaptação. Terminamos o nosso último comparativo mostrando que Dougal e Claire foram até os ingleses, não ao contrário. No entanto, essa não foi a única mudança. A série também acrescentou outros personagens, como General Oliver Thomas. O comandante original já era nosso odiado Black Jack. O interrogatório também é diferente, mais curto e sucinto, não há divagações e histórias contadas. A agressão acontece, porém apenas o soco no estômago, que já abala e muito nossa enfermeira, que é liberada em mal estado, após quase desmaiar.
Confira a diálogo original de Black Jack e Claire:
“— Não tenho nenhum caso a ser ajudado — respondi, reunindo toda a coragem que podia. — Não estou reivindicando nada a você, à guarnição, nem mesmo aos MacKenzie. Tudo que quero é que me permitam retomar minha viagem em paz. E não vejo nenhuma razão pela qual você teria alguma objeção quanto a isso.
Olhou-me fixamente, os lábios apertados de irritação.
— Ah, não vê? Bem, considere minha posição por um instante, madame, e talvez minhas objeções se tornem mais claras. Um mês atrás, eu estava com meus homens numa perseguição violenta a um bando de bandidos escoceses não identificados que havia fugido com um pequeno rebanho de gado de uma propriedade perto da fronteira, quando…
— Ah, então era isso que estavam fazendo! — exclamei. — Fiquei me perguntando — acrescentei, frouxamente.
O capitão Randall respirou pesadamente, depois resolveu desistir do que quer que pretendia dizer, a fim de continuar sua história.
— No meio dessa perseguição por força da lei — continuou ele, medindo as palavras —, encontrei uma inglesa semivestida, em um lugar onde nenhuma inglesa deveria estar, ainda que acompanhada de uma escolta adequada, que resiste às minhas perguntas, ataca a minha pessoa…
— Você me atacou primeiro! — falei, indignada.
— Cujo cúmplice me deixa inconsciente com um ataque covarde e que depois foge do local, obviamente com a ajuda de alguém. Meus homens e eu fizemos uma busca rigorosa naquela área e asseguro-lhe, madame, não havia sinal de seu criado assassinado, sua bagagem saqueada, suas roupas arrancadas, nem o menor sinal de que haja alguma verdade em sua história!
— Ah? — exclamei, debilmente.
— Sim. Além disso, não tinha havido nenhuma denúncia de bandidos naquela região nos últimos quatro meses. E agora, madame, você aparece na companhia do comandante de guerra do clã MacKenzie, que me diz que seu irmão Colum está convencido de que é uma espiã, provavelmente trabalhando para mim!
— Bem, não sou, sou? — disse, razoavelmente. — Ao menos, sabe disso.
— Sim, eu sei disso — repetiu ele, demonstrando exagerada paciência. — O que não sei é quem diabos você é! Mas pretendo descobrir, madame, não tenha dúvidas quanto a isso. Sou o comandante desta guarnição. Como tal, tenho o poder de tomar certas medidas a fim de garantir a segurança desta região contra traidores, espiões e qualquer outra pessoa cujo comportamento eu considere suspeito. E essas medidas, madame, estou plenamente preparado para tomar.
— E exatamente quais seriam essas medidas? — perguntei. Queria realmente saber, embora suponho que o tom da minha pergunta deva ter soado um pouco provocante. Ele se levantou, olhou-me pensativamente por um instante, depois deu a volta na mesa, estendeu a mão e me colocou de pé.
— Cabo Hawkins — chamou ele, ainda olhando-me fixamente —, vou precisar de sua assistência por um instante.
O jovem junto à parede pareceu profundamente perturbado, mas aproximou-se de nós.
— Fique atrás da senhora, por favor, cabo — disse Randall, parecendo entediado. — E segure-a com firmeza pelos dois braços.
Ele afastou o braço para trás e desfechou um soco na boca do meu estômago.
Não emiti nenhum som, porque fiquei totalmente sem ar. Sentei-me no chão, dobrei o corpo, lutando para conseguir inspirar algum ar para os pulmões. Eu estava chocada muito além da dor do golpe em si, que já se fazia sentir, juntamente com uma onda de vertigem e enjoo. Numa vida bastante cheia de acontecimentos, ninguém jamais me golpeara de propósito.
O capitão se agachou diante de mim. Sua peruca estava ligeiramente inclinada, mas fora isso e certo brilho em seus olhos, não demonstrava nenhuma alteração de sua controlada elegância habitual.
— Espero que não esteja grávida, madame — disse ele em tom casual —, porque se estiver, não será por muito tempo.
Eu estava começando a emitir um estranho chiado, conforme os primeiros bocados de oxigênio conseguiram passar dolorosamente pela minha garganta. Rolei sobre as mãos e os joelhos e tateei fracamente em busca da borda da mesa. O cabo, após um olhar nervoso para o capitão, estendeu a mão para me ajudar a ficar em pé.
Ondas de escuridão pareciam tomar conta do aposento. Deixei-me cair na banqueta e fechei os olhos.”
A história do açoite de Jaime também é contada no livro, porém por Dougal. Após Claire ser libertada, o Chefe de Guerra recebe ordens de levá-la novamente a Fort Willian, então eles seguem, como na série, para Fonte de St. Ninian, onde Dougal “comprova” que nossa enfermeira não é uma espiã. Ali ele conta à Claire o que realmente aconteceu com Jaime, com intenção que ela conheça o caráter do jovem highlander, com quem Dougal planejou casá-la para que se tornasse uma cidadã escocesa. Confira um trecho da conversa que não entrou na série:
“Tudo estava silencioso na pequena clareira, exceto pela leve agitação do vento nas folhas da sorveira. Fechei os olhos e fiquei ouvindo-o durante algum tempo.
— Por quê? — perguntei finalmente. — Por que me contou tudo isso?
Dougal observava-me intensamente quando abri os olhos. Mergulhei uma das mãos na fonte outra vez e apliquei a água fria nas minhas têmporas.
— Achei que poderia servir para o que você poderia chamar de ilustração de caráter — disse ele.
— De Randall? — exclamei com uma risada curta, sem júbilo. — Não preciso de mais nenhuma evidência do caráter dele, obrigada.
— De Randall — concordou ele — e de Jamie também.
Olhei para ele, repentinamente pouco à vontade.
— Veja bem, eu recebi ordens — enfatizou a palavra sarcasticamente — do bom capitão.
— Ordens de fazer o quê? — perguntei, a aflição aumentando.
— De apresentar a pessoa de uma súdita inglesa, de nome Claire Beauchamp, no Fort William, na segunda-feira, 18 de junho. Para interrogatório. […]
— Andou conversando com Ned Gowan — falei, começando a me sentir um pouco tonta outra vez.
Meneou a cabeça, confirmando.
— Sim, conversei. Achei que chegaríamos a esse ponto, sabe. E o que ele me disse é o que eu imaginava; a única maneira de me recusar legalmente a entregá-la a Randall é mudá-la de inglesa para escocesa.
— Escocesa? — exclamei, a sensação de vertigem rapidamente substituída por uma terrível suspeita.
Suas palavras seguintes confirmaram minha suspeita.
— Sim — disse, assentindo diante da expressão do meu rosto. — Você tem que se casar com um escocês. Com o jovem Jamie.
— Eu não poderia fazer isso!
— Bem — ele franziu a testa, considerando a minha reação. — Suponho que possa aceitar Rupert, em vez de Jamie. Ele é viúvo e arrendatário de uma pequena fazenda. No entanto, ele é bem mais velho e…
— Também não quero me casar com Rupert! Essa é… é a mais absurda… — As palavras me faltavam. Levantando-me, agitada e abalada, comecei a andar de um lado para outro na pequena clareira, esmagando os frutos caídos da sorveira sob os pés.
— Jamie é um bom rapaz — argumentou Dougal, ainda sentado na pedra da fonte. — No momento, não tem nenhuma propriedade, é verdade, mas tem um bom coração. Nunca seria cruel com você. E é um ótimo lutador, com muita razão para odiar Randall. Se casar com ele, lutará até o último suspiro para protegê-la.
— Mas… mas eu não posso me casar com ninguém! — exclamei.
Os olhos de Dougal aguçaram-se de repente.
— Por que não, dona? Ainda tem um marido vivo?
— Não. É que… isso é ridículo! Essas coisas não acontecem!
Dougal relaxara quando respondi que não. Agora, ergueu os olhos para o sol e se preparava para partir.
— É melhor irmos andando, dona. Temos providências a tomar. Terá que haver uma permissão oficial — murmurou ele, como se falasse consigo mesmo. — Mas Ned pode resolver isso.”
Daqui por diante, ambas as tramas seguem o mesmo caminho (sim, o diálogo da virgindade é igual ao do livro hehe). Como podemos notar, as mudanças do episódio foram principalmente as adições de conteúdo, que refletiam o verdadeiro caráter de Randall, além dar sentido a narrativa da TV.
Então aqui encerramos o livro vs série dessa semana. Gostou? Mudaria algo? Ansiosa pelo próximo? Eu também! Comente!
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