Livro vs Série – 4×03 – The False Bride
O terceiro episódio chegou lindo, cheio de amor, novas promessas e mistérios, e como sempre adaptações da história literária para a telinha. Aqui, dentre as principais diferenças, nós tivemos algumas pequenas mudanças para dar continuidade a narrativa da série, além de alguns acontecimentos que foram condensados e outros antecipados. Para nossa conversa não ficar confusa, vamos separar os blocos temporais e falar sobre as adaptações ocorridas em cada um.
Confira nossa resenha: Outlander: 4×03 – The False Bride
Vamos começar com núcleo jovem da série, no que seria o tempo presente, em 1970. Na série, nosso jovem casal está lidando com um relacionamento a distância há um pouco mais de um ano após Claire ter voltado para o passado. O festival, na Carolina do Norte, vem como uma oportunidade dos dois ficarem juntos, viajando como um casal. Nos livros os acontecimentos são um pouco diferentes. Voltamos para meados de 1969, e a ida de Roger para Boston é primeiro encontro dele com Brianna desde que ela se separou da mãe, ele havia apenas escrito antes. Outra diferença aqui é local do festival, que é realizado em montanhas que ficam 240 Km de Boston, não na Carolina do Norte, como na série (cuja a distância seria 1,2 mil Km). A seguir o trecho em o casal combina o encontro:
“— É bom ouvir sua voz, Roger — ela disse suavemente. Ficou surpresa do quanto realmente era bom. A voz dele estava distante e ainda assim parecia muito mais imediata do que os distantes lamentos de sirenes e o silvo de pneus no calçamento lá fora.
— A sua também. — Ele parecia um pouco tímido. — Olhe… vou ter uma reunião em Boston no mês que vem. Pensei em ir se… droga, não há uma maneira certa de dizer isso. Você quer me ver?
Ela apertou o receptor com força e seu coração deu um salto.
— Desculpe-me — ele disse imediatamente, antes que ela pudesse responder. — Isso é colocá-la numa situação difícil, não? Eu… olhe… apenas diga sem rodeios se você preferia que não.
— Mas eu quero. Claro que quero vê-lo!
— Ah. Então, não se importa? É que… você não respondeu minha carta. Achei que talvez eu tivesse feito alguma coisa…
— Não, não fez. Sinto muito. É que eu…
— Tudo bem, eu não quis…
Suas frases colidiam e, então, ambos pararam, silenciados pela timidez.
— Eu não queria ser insistente…
— Eu não pretendia ser…
Aconteceu novamente e, dessa vez, ele riu, um som grave de humor escocês atravessando a vasta distância de tempo e espaço, reconfortante como se ele a tivesse tocado.
— Então, está bem — ele disse com firmeza. — Eu compreendo.
Ela não respondeu, mas fechou os olhos, uma sensação indefinível de alívio apossando-se dela. Roger Wakefield era provavelmente a única pessoa no mundo que podia compreender; o que ela não havia percebido inteiramente antes era o quanto essa compreensão era importante para ela.”
A mudança narrativa foi provavelmente para compactar e dar dinamismo a série, assim em vez de vermos um primeiro encontro já os encontramos em um relacionamento. Aqui foram adicionadas cenas que, no livro, acontecem quando Bree vai passar o natal na Escócia meses depois. Lá temos o momento hot, em diferentes circunstancias, mas muito bem adaptado, e depois, o pedido falho de casamento. A diferença aqui é como as coisas terminaram entre eles. Na série sentimos um término no relacionamento, enquanto no livro Roger deixa claro entende Brianna não conseguir se comprometer, e promete esperar por ela. Uma adaptação que deve fazer sentido no futuro da série. A seguir o trecho com a promessa de Roger:
“— Eu vou esperar — ele disse e soltou-a. Ele segurou as mãos dela e olhou dentro de seus olhos, agora tranquilos e límpidos como poças de chuva. — Mas me ouça bem — ele disse suavemente. — Eu a terei por completo… ou não a terei de forma alguma.
Permita que eu a ame direito, ele dissera numa prece silenciosa. E não ouvira muitas vezes da sra. Graham: ‘Tome cuidado com o que pede, rapaz, pois talvez você consiga.’ Segurou seu seio macio por baixo do casaco.
— Não é apenas o seu corpo que eu quero, embora Deus saiba o quanto eu o quero. Mas ou eu a terei como minha mulher… ou não a terei. A escolha é sua.
Ela estendeu a mão e tocou seu rosto, afastou os cabelos de sua fronte com dedos tão frios que queimavam como gelo seco.
— Eu entendo — ela murmurou.
O vento que soprava do rio era frio e ele estendeu os braços para fechar o casaco de Brianna. Ao fazê-lo, sua mão tocou seu próprio bolso e ele sentiu o pequeno embrulho guardado ali. Pretendera dar-lhe durante o jantar.
— Tome — ele disse, entregando-o a ela. — Feliz Natal. Eu o comprei no verão passado. — Ele observou os dedos frios dela tatearem o papel de motivos natalinos. — Agora, parece até que eu estava adivinhando, não é?
Ela segurava um aro de prata, um bracelete, plano, com palavras gravadas ao redor. Ele pegou-o e enfiou-o pela sua mão, até o pulso. Ela virou-o devagar, lendo as palavras.
— Je taime… un peu… beaucoup… passionnément… pas du tout. Eu te amo… um pouco… muito… apaixonadamente… de modo algum.”
Voltando para o passado, devido aos acontecimentos recentes, nosso casal decide deixar River Run seguir viagem para uma cidade pequena, ondem possam se estabelecer. Para isso devem atravessar as montanhas, tendo como guia John Quincy Myers. Aqui, a história faz total sentido com narrativa construída pela série. No entanto, no livro tudo acontece de um jeito bem diferente. A morte de uma mulher branca, uma lavadeira, após um aborto malsucedido é julgada como assassinato e a culpa cai em uma escrava, Pollyanne, uma vez que o corpo foi encontrado no moinho de River Run. Ao perceber que o destino da moça é forca ou pior, um plano é posto em prática para tirar a escrava em segurança da propriedade. Então todos partem de River Run, Jaime, Claire, Ian, Pollyanne e Myers, que irá ser o guia e também ajudar com o destino da escrava fugida. Vejam o trecho:
“— Seja como for — Jamie disse, pegando com precisão o fio da conversa —, se Murchison levar a escrava, vai enforcá-la ou açoitá-la até a morte em um dia. Ele não precisa de julgamento. Não, precisamos retirá-la desta região. Já arranjei tudo com nosso amigo Myers.
— Arranjou o quê com Myers? — Jocasta perguntou incisivamente, a voz cortando a algazarra de exclamações e perguntas com que o anúncio foi recebido.
Jamie terminou de passar manteiga na torrada que segurava e entregou-a a Duncan antes de falar.
— Nós vamos levar a mulher para as montanhas — ele disse. — Segundo Myers, ela será bem-vinda entre os índios. Ele disse que conhece um bom lugar para ela. E lá ela estará a salvo do Pequeno Billy.
— Nós? — perguntei educadamente. — E quem são ‘nós’? Ele riu para mim em resposta.
— Myers e eu, Sassenach. Eu preciso ir ao interior para dar uma olhada antes que o tempo frio chegue, e essa será uma boa oportunidade. Myers é o melhor guia que eu poderia ter. Ele cuidadosamente se absteve de comentar que também seria bom que ele ficasse temporariamente fora da esfera de influência do sargento Murchison, mas a implicação não me passou despercebida.
— Vai me levar, não é, tio? — Ian afastou os cabelos desgrenhados
do rosto, com uma expressão ansiosa. — Vai precisar de ajuda com
aquela mulher, acredite-me, ela é do tamanho de um barril de melado.
Jamie sorriu para o sobrinho.
— Sim, Ian. Acho que vamos precisar de mais um homem.
— Ahã — eu disse, lançando-lhe um olhar maligno.
— Para tomar conta de sua tia, pelo menos — Jamie continuou, devolvendo-me o olhar.”
O sargento Murchison, mencionado acima, também foi excluído da série. Nos livros, é uma inimizade antiga de Jaime. Polly chega em segurança a aldeia, e aqui a cena é como na série, Ian se prontifica a ir com Myers, deixando os tios a sós. Na série, ela vão apenas para troca de tabaco. A mudança na adaptação, como dissemos, manteve a narrativa já adotada nos episódios anteriores, além de compactar a história, que tá linda né gente!?
Outra mudança, a cena em que Claire se perde na floresta é derrubada do cavalo após a queda de um raio acontece no livro, porém alguns capítulos a frente, quando eles já estão estabelecidos na Cordilheira dos Frasers. No livro, Claire está voltando de um atendimento médico sozinha. O desenrolar dos acontecimentos é basicamente o mesmo, até mesmo o crânio, a pedra, fantasma e os sapatos. A diferença é que os sapatos são deixados na soleira da porta de sua casa, é Rollo que a encontra, rastreando, com Jaime e Ian seguindo o cão. Confira um pequeno trecho do reencontro:
“Levantei-me atabalhoadamente sobre os joelhos e fiquei ali agachada, balbuciando incoerentemente. O sol acabara de nascer e mostrou-me com clareza os contornos enormes e pretos de… Rollo.
— Oh, Santo Deus, que diabos você está fazendo aqui, cachorro maldito, desgraçado… nojento! — Por fim, eu acabaria recuperando o autocontrole, mas Jamie me fez recuperá-lo de imediato.
Mãos enormes puxaram-me para cima e para fora do meu esconderijo, seguraram-me com força e me apalparam ansiosamente, verificando se eu estava ferida. A lã de seu xale era macia contra meu rosto; cheirava a chuva, a sabão desinfetante e a seu próprio odor masculino, e eu o respirei como se fosse oxigênio.
— Você está bem? Pelo amor de Deus, Sassenach, você está bem?
— Não — eu disse. — Sim — eu disse, e comecei a chorar. Não por muito tempo; nada mais era do que o choque de alívio.”
Na série, a antecipação da cena forneceu um cunho espiritual para nossos queridos Frasers se deslocarem para uma parte determinada da montanha, assim decidindo considerar a oferta do governador e fazer da ali seu novo lar. No livro, nosso casal já vai para a montanha com a intenção de conhecer as terras, considerando desde o início a ideia do assentamento (no primeiro trecho, sobre Pollyanne, Jaime diz quer gostaria de ver as terras do interior). Explorando a montanha, o motivo de decidirem aceitar a oferta escolherem a cordilheira como lar é o mesmo: os morangos (símbolo original dos Fraser), a terra boa para cultivo e a beleza do local. A adaptação aqui se faz para dar um sentido dentro do arco narrativo da série.
E você, o que esperava da aparição de Bree de Roger? Ou do que mais sentiu falta na adaptação? Conta pra gente!
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One Comment
Rosália
Ai gente…. eu não gostei das mudanças… achei muito estranho e forçado. As cenas entre o Rogee e a Bree tb, sei lá. E sem contar que aqui na séeie a Bree tá um NOJO sem fim. Personagem mais chata da sériem credo.