Conto de Páscoa na Colina Fraser
– Vovó, Jesus não é aquele que nasceu no Natal? – perguntou Mandy subindo na cadeira da sua cozinha, enquanto Claire pegava mais um ovo e começava a fazer desenhos coloridos.
– Sim minha querida, é o filho de Nosso Senhor. – disse Claire rindo para a menina de cabelos encaracolados e com grandes olhos amendoados que olhavam para ela com grande curiosidade.
– Mas vovó… faz tão pouco tempo e ele já morreu?!? – disse colocando um cacho de cabelo atrás da orelha, que insistia em se soltar do rabo de cavalo preso com uma fita rosa. – Por que comemorar se Jesus morreu? Por que os ovos são decorados? E o coelho, o que ele faz nesta história?
– Ah, crianças… elas não sabem de nada! – falou bufando Jemmy e trocando um olhar de cumplicidade com Germain.
– Pare já com isso Jemmy, lembra que há pouco tempo você também não sabia nada sobre a Páscoa? – disse Claire fingindo estar brava e levantando uma sobrancelha para o seu neto.
Claire respirou fundo e olhando para Mandy pensou que ela decididamente não estava entendendo nada, e que ela precisava encontrar uma forma simples de explicar para ela.
Sorriu para a sua netinha que era tão parecida com ela e de repente lembrou-se de uma história que Tio Lamb contava quando ela era uma menina tão curiosa quanto Mandy.
– Crianças sentem-se e peguem esses caramelos que estão nesse pote. – Ela sabia que não devia dar doces para as crianças antes do jantar, mas afinal só se era criança uma vez na vida. E sorrindo continuou. – Vou contar uma história que o meu tio me contava quando eu era só uma menininha.
– Nossa vovó, quando você era uma menininha? Faz muito tempo… e você ainda se lembra dela? Ai… – disse Jemmy ao levar um chute em sua canela de Germain.
– Não sabe que nunca deve insinuar que uma dama está velha? E Grandmere é uma dama muito linda. – disse Germain fazendo uma reverência bem ao estilo de seu pai.
– Quietos meninos e obrigada meu querido. – Claire falou sorrindo para Germain que retribui com um sorriso brilhante no rosto corado.
– Era uma vez um homem que se diferenciou entre todos os outros, as suas palavras trouxeram uma revolução tão grande que até os dias de hoje as vemos sendo repercutidas em nossa vida e na sociedade. Esse homem foi perseguido, preso e morto por algo que ele acreditava, depois ressuscitou para provar aquilo que ele pregava. Essa história, apesar de conhecida e comemorada todos os anos pode ser aplicada no nosso dia a dia, pois a todo o momento somos provados, testados, perseguidos e às vezes até mortos, mas são poucos os que têm a força de se reerguer e conseguir uma verdadeira ressurreição. Por isso que comemoramos a Páscoa, porque ela é esperança, é renovação e é vida.
– Hum… bonita história vovó… mas e os ovos e o coelhinho? – falou Mandy com a boca melada e cheia de caramelo.
– Querida… – disse Claire sorrindo para Mandy. – O ovo sempre foi um símbolo de fertilidade e renascimento, muitos séculos antes do nascimento de Jesus Cristo os povos antigos já trocavam ovos para celebrar o fim do inverno e o início da primavera e eles enterravam os ovos nas terras para terem uma boa colheita. Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, os cristãos viram o ovo como um símbolo da ressurreição de Jesus Cristo, por isso pintamos um ovo de galinha oco com cores bem alegres, pois a Páscoa é uma festa da vida e damos para quem mais amamos.
– Hum… mas as coelhas não botam ovos! – falou Mandy agora com o rosto todo melado de caramelo.
Claire levantou-se, molhou um pano na bacia de água e começou a limpar o rosto de sua netinha sorrindo, enquanto Mandy fazia caretas de indignação.
– Sim querida, as coelhas não botam ovos, mas têm muitos filhotes e elas são um símbolo da fertilidade. Então, juntamos o ovo e o coelho como símbolos de fertilidade, de alegria e vida para celebrarmos a vida de Jesus Cristo, e a nossa também. – Claire terminou de limpar o rosto de Mandy, deu um beijinho em seu nariz o que fez com que a menina sorrisse e perguntou: – Entendeu minha querida?
– Sim vovó e você é a melhor contadora de histórias do mundo. – disse abraçando Claire e dando um sonoro beijo em seu rosto. – Te amo vovó!
Claire olhou emocionada para Mandy, Jemmy e Germain, e antes que pudesse falar qualquer coisa, eles saíram correndo pela porta. Mas antes ela pode ouvir a conversa deles.
– Vamos Germain, antes que a vovó comece a querer dar um banho na gente, porque como o vovô sempre diz: vovó não perde a oportunidade de dar banho em todo mundo.
– Esperem que eu também vou com vocês. – Era Mandy correndo feliz atrás dos meninos.
Claire sentou-se à mesa e voltou ao seu trabalho pensando em como era feliz em ter uma família tão grande. Ela que perdeu os seus pais muito cedo, depois foi criada por seu Tio Lamb, logo depois casou com Frank e aí encontrou Jamie… isso tudo parecia tão distante, mas ao mesmo tempo tão real, que ela sentia ainda como desejava quando mais jovem ter uma família grande com irmãos, filhos, netos… e que agora ela havia conseguido ter tudo isso.
Estava tão absorta em seus pensamentos que nem percebeu quando Jamie chegou por trás e a beijou nos cabelos, isso fez com que ela desse um pequeno pulo.
– Jesus H. Roosevelt Cristo! – disse derrubando o ovo que estava pintando e colocando a mão no peito. – Jamie você quase me matou de susto, há quanto tempo você está aqui? -disse virando-se para ele.
– Sassenach, bem antes de você subornar os meninos com caramelos para que eles ficassem quietos. – disse abaixando-se e beijando os seus lábios. – Ah, e eu gostei muito da sua história.
Claire levantou-se e passou os braços pelo pescoço dele, enquanto Jamie a abraçava e puxava para mais perto do seu corpo. Eles se beijaram e depois ficaram se olhando, enquanto aproveitavam o calor do abraço, a intimidade e a paz que reinava naquele momento, sem perturbações ou sons, somente eles e a felicidade por estarem juntos.
– Sassenach, – disse Jamie depois de alguns minutos. – Concordo com Germain quando disse que você é uma dama muito linda. – disse dando um beijo em sua testa. – Também concordo com Jemmy quando disse que você adora limpar todo mundo. – disse dando beijos nas bochechas e a impedindo de responder tocando os seus lábios com um dedo. – E concordo quando Mandy disse que você é a melhor contadora de histórias do mundo. – Dessa vez ele beijou o nariz dela.
– Mas principalmente Sassenach, eu a amo por você ser assim desse jeito, por ter me dado uma família e por me fazer tão feliz. Feliz Páscoa, mo duinne! – disse beijando-a apaixonadamente na boca.
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3 Comments
Maria Cecília de Mstid
Amei!!! Quero receber todos pelo meio e-mail!!!?
Daniele Dávi
Aí! Eu amo esses contos de momentos felizes deles! <3 <3 <3
Mari Barros
Eu amo escrevê-los! Obrigada querida.