Daily Line: Caçando Guaxinins
POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana
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Antes que pudesse aceitar graciosamente a sua oferta ou dar um chute na sua canela, um canto sobrenatural ecoou entre as árvores e Bluebell desceu a colina bem na nossa frente, com todas as quatro crianças atrás dela, latindo também.
“O que era aquilo sobre guaxinins, Sassenach?” Jamie olhou para a árvore distante sob a qual a cadela tinha parado. Ela tinha as patas dianteiras sobre o tronco, o focinho apontando para os galhos e soltava uivos estridentes.
Para minha inteira surpresa era um guaxinim, gordo, cinza, imenso e extremamente irritado por ter sido despertado antes do anoitecer. Ele estava dentro de um buraco em um pinheiro não muito distante que tinha sido atingido por um raio, e espiava de forma agressiva. Eu cheguei a pensar que ele estava rosnando, mas nada mais poderia ser ouvido além dos gritos das crianças e dos latidos do cachorro.
Jamie silenciou todos eles, menos o cachorro, e observou o guaxinim com a ansiedade natural de quem está caçando. E Jem também, eu notei. Germain e Fanny se aproximaram do guaxinim com os olhos arregalados; Mandy se enrolou na minha perna.
“Eu não quero que ele me morda!” ela disse, segurando a minha coxa. “Não deixe ele me morder, vovó!”
“Eu não vou deixar, filha. Não precisa ficar com medo.” Sem desviar os olhos do guaxinim entocado, Jamie tirou o rifle das costas e buscou a bolsa de munição presa no seu cinto.
“Eu posso atirar, vovô? Por favor, posso?” Jem estava ansioso para colocar as mãos no rifle, e ficava esfregando as mãos para cima e para baixo nas calças. Jamie olhou para ele e sorriu, mas logo desviou o olhar para Germain, assim eu pensei.
“Vamos deixar Frances tentar, está bem?” ele disse enquanto estendia a mão para a garota assustada. Eu esperava que ela recuasse aterrorizada, mas depois de alguns momentos de hesitação, um brilho subiu pelas suas bochechas e ela avançou bravamente na direção dele.
“Mostre-me como,” ela disse, quase sem fôlego. Seus olhos iam da arma para o animal e dele para a arma, como se temesse que um ou ambos desaparecessem.
Jamie normalmente mantinha o rifle carregado, mas nem sempre preparado. Ele agachou-se em um joelho, apoiou a arma na coxa e deu a ela um cartucho pela metade, explicando como colocar a pólvora no estojo. Jem e Germain observavam com ciúmes, fazendo alguns comentários ocasionais como: “Vejam a artilheira Fanny,” ou “Você vai querer segurar a arma perto do seu ombro para que não exploda na sua cara quando disparar.” Jamie e Fanny ignoraram as interrupções; eu levei Mandy para uma distância segura e sentei-me em um tronco, colocando-a no meu colo.
Bluebell e o guaxinim continuavam sua guerra vocal e da floresta vinham uivos e uma espécie de chiado alto e irritado. Mandy colocou as mãos sobre as orelhas de forma dramática, mas as removeu para perguntar se eu sabia atirar.
“Sim,” eu respondi evitando maiores detalhes. Eu conhecia a técnica e já tinha, na verdade, descarregado uma arma de fogo várias vezes na minha vida. A experiência, no entanto, tinha sido profundamente enervante, especialmente depois de ser eu mesma atingida na Batalha de Monmouth e de compreender seus efeitos de forma verdadeiramente visceral. Apesar de tudo, eu ainda preferia esfaquear alguém.
Sugerido: PROMOÇÕES!!
“Um homem pode atirar em qualquer coisa,” observou Mandy, franzindo a testa como sinal de desaprovação para Fanny, que nesse momento mantinha a arma meio oscilante em cima do ombro, parecendo estar ao mesmo tempo entusiasmada e apavorada. Jamie agachou-se atrás dela para estabilizar a arma, com a mão sobre a mão dela, ajustando a força e a visão da menina, com a voz baixa, quase inaudível pelos demais ruídos.
“Vão para perto da vovó,” ele ordenou aos meninos, erguendo a voz. Ele não tirava os olhos do guaxinim que tinha eriçado o pelo e dobrado de tamanho e arremessava insultos para Bluebell, ignorando completamente a audiência. Jem e Germain, meio relutantes mas obedientemente vieram ficar ao meu lado, a uma distância segura, eu acreditava. Eu reprimi um impulso de mandá-los ficar ainda mais longe.
A arma disparou com um ‘bang’ tão forte que fez Mandy gritar. Eu não gritei, mas quase. Bluey se colocou nas quatro patas e agarrou o guaxinim que tinha sido arrancado da árvore. Eu não sabia dizer se ele já estava morto, mas ela deu uma tremenda sacudida no seu pescoço, deixou cair a carcaça ensanguentada e soltou um alto uivo de triunfo.
Os meninos saíram correndo, gritando e dando tapinhas nas costas de Fanny. A menina, por sua vez, estava boquiaberta, atordoada. Seu rosto estava pálido, pelo menos o que podia ser visto por trás de uma nuvem de fumaça da pólvora, e ela continuava trocando olhares com a arma na sua mão e o guaxinim morto, sem acreditar no que tinha feito.
“Muito bem, Frances.” Jamie gentilmente deu um tapinha na cabeça da menina e pegou a arma das suas mãos trêmulas. “Gostaria que os meninos o limpassem e tirassem sua pele para você?”
“Eu… sim, por favor,” ela respondeu. Ela olhou para mim mas no lugar de vir sentar-se comigo, caminhou decidida até onde Bluey estava e caiu de joelhos na folhagem ao lado do animal.
“Muito bem,” ela disse abraçando o cão de caça que alegremente lambeu seu rosto. Eu vi Jamie olhar cuidadosamente para o cachorro enquanto se aproximava para recolher a carcaça manchada de sangue, mas Bluey não fez objeção, produziu apenas um ruído na garganta.
Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 26/10/2015
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One Comment
Daniele Dávi
Adoro esses momentos do cotidiano deles!