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Daily Line: Narcolepsia

POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana

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Não havia apenas um quarto de uma torta de maçã com creme para comer, mas também um resto de queijo de sabor bem acentuado, panquecas frias de batata, um sachê de sal e um prato contendo os últimos arenques em conserva que ele tinha trazido de Salém duas semanas antes. E uma jarra de leite. E uma cerveja pequena. E duas xícaras, uma faca para o queijo e duas colheres. E um velho pano de prato, no caso de algum derramamento. Eu me sentei na cama ao seu lado e espalhei tudo com cuidado sobre os meus joelhos antes de pegar minha própria colher.

“Devo atiçar o fogo?” eu perguntei. O cômodo estava um pouco frio mas Jamie irradiava um calor preguiçoso e eu gostava da luz irregular da fogueira; ela me transmitia uma sensação agradável de estar sonhando, algo como um mistério da meia-noite.

“Não por minha causa, Sassenach. Eu, provavelmente, vou dormir de novo, assim que terminar meu jantar.” Ele bocejou de forma repentina e involuntária e, então, sacudiu a cabeça para afastar o sono.

“Você conhece um General Lincoln?” eu perguntei. “Benjamin, acho que esse é o seu primeiro nome.”

Ele fez uma pausa enquanto levava um bocado de queijo à boca e piscou uma ou duas vezes.

“Eu não diria que é um amigo, mas já ouvi o nome, sim. Ele é o comandante do Exército do Sul.” Ele mastigou o queijo devagar, engoliu e acrescentou, “Por quê?”

“Denzell Hunter me disse que o general sofre de narcolepsia. O seu bocejo me fez pensar nisso.”

Ele me lançou um olhar sutil, mas suspeito, e apanhou um arenque em conserva.

“Eu preciso saber o que é isso?”

“Provavelmente, não. Mas se, por acaso, você encontrar o General Lincoln, é bom saber. Trata-se de uma condição fascinante onde o paciente cai no sono de repente, não importa o que esteja fazendo.”

O fato despertou seu interesse; ele comeu o arenque mas não pegou outro.

“Não importa o que esteja fazendo? Mesmo se estivesse comendo? Ou no meio de uma batalha? Isso seria um pouco estranho, não?”

“Parece que é essa possibilidade que estava deixando Denis preocupado, sim.”

Ele bocejou novamente, sem aviso.

“E surge de repente? Ou é contagioso? Eu talvez tenha contraído isso. Oh, Deus.” Ele bocejou de novo e piscou com os olhos lacrimejando um pouco.

“Eu duvido que narcolepsia seja contagioso, mas o bocejo é,” eu disse enquanto sufocava um bocejo involuntário. “Quer parar de fazer isso?”

Ele deixou a cabeça cair para trás, fechou os olhos, deu um leve gemido e depois endireitou-se novamente enquanto apanhava o último pedaço de torta.

Eu não estava surpresa. Ele tinha saído bem cedo de manhã atrás de um porco que vinha tentando todas as noites arrancar a cerca do meu jardim e devorar os últimos nabos e batatas-doces. Ele tinha perseguido o animal por mais de duas milhas antes de encontrá-lo e matá-lo e, depois, arrastou o porco de volta, sozinho. Mesmo sem as tripas, a coisa pesava mais do que eu, mas havia lobos por perto e ele não queria abandonar a carcaça por muito tempo enquanto voltava para casa para buscar ajuda. Ele e o porco finalmente chegaram, um morto de cansaço e o outro só morto, logo depois do anoitecer.

Eu não estava certa se deveria tê-lo acordado, mas ele estava muito cansado para uma grande refeição. E depois, era torta de maçã. Nós terminamos o jantar em silêncio e depois de enxaguar a boca e cuspir a água pela janela, Jamie voltou para a cama como um pombo doméstico voltando para casa com os olhos pesados.

“Acho que vou trabalhar um pouco no consultório,” eu disse puxando as mantas até a altura do seu queixo. Seus olhos já estavam quase fechados. “Eu subo em uma hora ou um pouco mais.”

“Não se apresse por minha causa, Sassenach.” Ele tirou um braço de debaixo das cobertas me trazendo para perto do seu corpo e me deu um beijo doce, com perfume de maçã e alguns toques de arenque. “Eu não poderei ser útil para você na cama por umas duas semanas.”

“É uma promessa?” Eu o beijei gentilmente.”Vou marcar a data no meu calendário.”

Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 10/02/2015

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