Daily Line: O PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO – 2020
POSSUI SPOILER DO LIVRO 8 | Leia outros em Trechos da Diana
Hoje é o primeiro domingo do Advento. O Advento é um espaço de tempo de quatro semanas, durante o qual nos afastamos do mundo em preparação para a luz do Natal. Não importa o quanto estamos sofrendo por tristeza, doença, medo, raiva, saudade do lar, amor – o Advento nos oferece um intervalo, um refúgio um pequeno lugar de descanso, arrependimento, reconciliação e paz. Um tempo para ficarmos quietos e ouvir nossos corações.
(Trecho de ESCRITO COM O SANGUE DO MEU CORAÇÃO, Copyright 2014 Diana Gabaldon)
– Você está bem, Sassenach? É ruim, então?
– Não – disse eu, e enxuguei meus olhos rapidamente em uma ponta do lençol. – Nâo, está tudo bem. Eu só, oh, Jamie, eu te amo! – Eu cedi às lágrimas, fungando e choramingando como uma idiota.
– Eu sinto muito – disse eu, tentando me controlar. – Estou bem, não há nada de errado, é apenas…
– Sim, eu sei bem o que é – disse ele, e, colocando a vela e a panela no chão, deitou-se na cama ao meu lado, equilibrando-se precariamente na beirada.
– Você está ferida, menina – disse ele suavemente, alisando meu cabelo no meu rosto molhado. – E febril, faminta e transformada em sombra. Não sobrou muito de você, não é, coitadinha?
Eu balancei a cabeça e me agarrei a ele.
– Não sobrou muito de você, também – consegui dizer, murmurando entre lágrimas para a frente da sua camisa.
Ele produziu um pequeno som divertido e esfregou minhas costas, muito gentilmente.
– Chega, Sassenach – disse ele. – Sobrou o suficiente. Por enquanto.
Suspirei e procurei embaixo do travesseiro um lenço para soar o nariz.
– Melhor? – perguntou ele, sentando-se.
– Sim. Mas não vá ainda. – Eu coloquei a mão em sua perna, dura e quente sob a minha mão. – Você pode se deitar comigo um minuto? Estou com muito frio. – Eu estava, embora pudesse perceber pela umidade e sal na sua pele que o quarto estava muito quente. Mas a perda de tanto sangue me deixava gelada e ofegante. Eu não consegui terminar a frase sem parar para respirar, e meus braços ficavam permanentemente arrepiados.
– Sim, fique quietinha. Eu vou dar a volta. – Ele deu a volta na cama e se colocou cuidadosamente atrás de mim. Era uma cama estreita, mal tinha espaço para nos manter pressionados juntos. Eu soltei o ar cautelosamente e relaxei ao seu lado, vagarosamente, deleitando-me com a sensação do seu calor e do conforto do seu corpo.
– Elefantes – disse eu, tentando respirar de forma compatível com a fala. – Quando uma elefanta está morrendo, às vezes um macho tenta se acasalar com ela.
Houve um silêncio marcante atrás de mim, e então uma grande mão se aproximou e descansou avaliando minha testa.
– Ou você está com febre de novo, Sassenach – disse ele em meu ouvido, – ou você tem fantasias muito perversas. Você realmente não quer que eu…
– Não – disse eu, apressadamente. – Não neste minuto, não. E eu também não estou morrendo. O pensamento acabou de me ocorrer.
Ele fez um ruído escocês divertido e, tirando o cabelo do meu pescoço, beijou minha nuca.
– Já que você não está morrendo – disse ele, – talvez isso seja o suficiente para o momento?
Eu peguei a sua mão e a coloquei sob o meu peito. Lentamente, eu fui me esquentando e meus pés frios, pressionados contra as suas canelas, relaxaram. A janela agora estava cheia de estrelas, enevoadas com a umidade da noite de verão, e de repente eu senti falta das noites frias, claras e de veludo negro das montanhas, as estrelas brilhando enormes, perto o suficiente para tocar no cume mais alto.
– Jamie? – sussurrei. – Podemos ir para casa? Por favor?
– Sim – disse ele, suavemente. Ele segurou minha mão e o silêncio encheu a sala como a luz da lua, nós dois nos perguntando onde poderia ser a nossa casa.
Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação: 29/11/2020
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