Daily Line: Pobre William
POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana
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William examinou o lenço criticamente. Não havia sobrado muito dele; eles tentaram amarrar seus pulsos com o lenço e ele o rasgou em tiras para escapar. Mesmo assim, ele assoou o nariz, muito gentilmente. Ainda sangrando, ele limpou o fluido com cuidado. Passos estavam subindo as escadas da taverna em direção à sala onde estava, guardada por dois soldados atentos.
– Ele disse quem… é? – disse uma voz irritada do lado de fora. Alguém disse algo em resposta, mas as palavras perderam-se no som da porta sendo arrastada no chão irregular enquanto era aberta. William levantou-se lentamente e ficou em pé de frente ao oficial (um major Dragão) que acabara de entrar. O major parou abruptamente, forçando os dois homens que estavam atrás dele a parar também.
– Ele diz que é o maldito nono conde de Ellesmere – disse William em um tom rouco e ameaçador, e fixou o major com o olho que ainda conseguia abrir.
– Na verdade, ele é – disse uma voz mais leve, soando divertida, e familiar. William piscou para o homem que agora entrava na sala, uma figura esguia de cabelos escuros com uniforme de capitão de infantaria. – Capitão Lorde Ellesmere, na verdade. Olá, William.
– Eu renunciei o meu cargo – disse William categoricamente. – Olá. Denys.
– Mas não o seu título. – Denys Randall o olhou de cima a baixo, mas evitou fazer comentários sobre a sua aparência.
– Renunciou o seu cargo, foi? – O major, um sujeito jovem e atarracado que parecia vestir calças muito justas, lançou a William um olhar desagradável. – Para virar a casaca e juntar-se aos rebeldes, eu presumo.
William respirou fundo, duas vezes, para evitar dizer algo precipitado.
– Não – ele disse, em voz hostil.
– Naturalmente, não – disse Denys, gentilmente repreendendo o major. Ele voltou-se para William. E, naturalmente, você estaria viajando com uma companhia da milícia americana porque…
– Eu não estava viajando com eles – disse William, sem acrescentar “seu idiota” à declaração. – Eu encontrei os cavalheiros em questão ontem à noite em uma taverna, e ganhei uma quantia substancial deles nas cartas. Saí da taverna nesta manhã e retomei minha jornada, mas eles me seguiram, com a óbvia intenção de pegar o dinheiro de volta à força.
– Óbvia intenção? – ecoou o major com ceticismo. – Como você discerniu tal intenção? Senhor? – ele acrescentou relutantemente.
– Eu imagino que ser perseguido e espancado até virar suco pode ter sido uma indicação bastante inequívoca – disse Denys. – Sente-se, Ellesmere; você está pingando no chão. Eles pegaram de volta o dinheiro? – Ele puxou da manga um grande lenço branco como a neve e o entregou a William.
– Sim. Junto com tudo o mais em meus bolsos. Eu não sei o que aconteceu com meu cavalo. – Ele tocou o lábio partido com o lenço. Ele podia sentir o cheiro da colônia de Randall no lenço, apesar do nariz inchado. A verdadeira Eau de Cologne, com cheiro de Itália e sândalo. Lorde John o usava, às vezes, e o cheiro era um pouco reconfortante.
– Então você afirma nada saber sobre os homens com quem o encontramos? – disse outro oficial, este um tenente, um homem mais ou menos da mesma idade de William, ansioso como um terrier. O major lançou-lhe um olhar de desgosto, indicando que não achava que precisava de ajuda para questionar William, mas o tenente não estava prestando atenção. – Certamente, se jogava cartas com eles, deve ter reunido alguma informação?
– Eu sei alguns nomes – disse William, sentindo-se repentinamente muito cansado. – Isso é tudo.
Na verdade, não era tudo, mas ele não queria falar sobre as coisas que tinha aprendido: que Abbot era um ferreiro e tinha um cachorro inteligente que o ajudava em sua forja, pegando pequenas ferramentas ou gravetos para o fogo quando solicitado. Justin Martineau tinha uma nova esposa, para cuja cama ele ansiava por voltar. A esposa de Geoffrey Garland fazia a melhor cerveja da vila e a de sua filha era quase tão boa, embora ela tivesse apenas doze anos. Garland foi um dos homens que o capitão escolheu para enforcar. Ele engoliu em seco com a garganta cheia de poeira e palavras não ditas.
Ele tinha escapado do laço em grande parte por causa de sua habilidade de praguejar em latim, o que havia deixado o capitão desconcertado por tempo suficiente para que William pudesse se identificar, identificar seu ex-regimento e uma lista de oficiais proeminentes do exército que responderiam por ele, começando pelo general Clinton (Deus, onde estaria Clinton agora?)
Denys Randall estava murmurando alguma coisa para o major, que ainda parecia estar aborrecido, mas havia passado do ponto de fervura total para uma fervura desesperançada. O tenente observava William atentamente, com os olhos semicerrados, obviamente esperando que ele pulasse do banco e fugisse. O homem seguiu inconscientemente tocando sua caixa de cartuchos e, em seguida, sua pistola no coldre, claramente imaginando a maravilhosa possibilidade de que ele poderia matar William enquanto este corria em direção à porta. William bocejou, enorme e inesperadamente, e ficou piscando, a exaustão repentina passando por ele como a maré.
Naquele momento, ele realmente não se importava com o que aconteceria a seguir.
(Trecho de VÁ DIZER ÀS ABELHAS QUE PARTI, Copyright 2020 Diana Gabaldon. Meus agradecimentos à Beve Danforth Miller pela maravilhosa foto de abelha!)
Fonte: Diana Gabaldon
Data de publicação:
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