1ª temporada,  Série

Livro vs Série – 1×05 – Rent

Sasses, continuando nosso Livro vs Série da primeira temporada, caímos na estrada com o quinto o episódio, Rent. Não sei vocês, mas a essa a altura estou pensando, está quase no sétimo!! Está assistindo com a gente pela primeira vez? Isso não é spoiler, é um alerta de ansiedade pelo episódio mais assistido e reassistido de toda série!! hahaha… Então, de volta aos trilhos, vamos comentar as principais mudanças do 1×05.

Esse foi um episódio que sofreu diversas modificações, boa parte das cenas e tramas foram adicionadas para a dar mais dramaticidade à série. Começando com a viagem em si, que é simples e tranquila, com a coleta de aluguel. Claire não se envolve com moradores, a cena do tecido é exclusiva da série, nem entra em conflito com os homens questionando ou pensando que são ladrões. Na primeira noite que Dougal faz o ato rasgando a camisa Jaime, ela já entende as palavras “Bragh Stuart”, e liga os pontos à revolução Jacobita. Temos menos conflitos, mas vemos mais dos pensamentos da Claire e seu envolvimento com aquele tempo e a vontade fugir, que são mais amplamente trabalhados no livro. Alguns pontos são similares, como a conversa inicial com Ned Gowan, que no livro é mais extensa. Nela, por exemplo, aprendemos mais sobre os irmãos Mackenzie.

Confira:

— Jacob MacKenzie. Seria o pai de Colum e Dougal? — perguntei.
O idoso advogado confirmou, assentindo.
— Sim. Claro, ele não era um proprietário de terras na época. Isso aconteceu alguns anos mais tarde… com uma pequena ajuda de minha parte — acrescentou ele modestamente. — As coisas eram menos… civilizadas naquela época — disse com nostalgia.
— Ah, eram? — exclamei educadamente. — E Colum, hum, herdou-o, por assim dizer?
— Algo assim — disse o sr. Gowan. — Houve certa confusão quando Jacob morreu. Colum era o herdeiro de Leoch, sem dúvida, mas ele… — O advogado parou, olhando para a frente e para trás, para se certificar de que ninguém estivesse perto para ouvi-lo. O soldado havia se adiantado para emparelhar com alguns companheiros e uns quatro corpos de cavalos nos separavam do carroceiro que conduzia a carroça mais próxima. — Colum era um homem perfeito aos 18 anos — continuou sua história — e prometia ser um grande líder. Casou-se com Letitia como parte de uma aliança com os Cameron. Eu redigi o contrato de casamento — acrescentou ele, como uma nota de rodapé. — Mas logo após o casamento ele sofreu uma queda grave, durante um ataque surpresa. Quebrou o osso longo da coxa e ele nunca se remendou direito.
Assenti. Não poderia mesmo, é claro.
— E depois — continuou o sr. Gowan com um suspiro —, levantou-se da cama cedo demais e levou um tombo das escadas que quebrou a outra perna. Teve que ficar na cama quase um ano, mas logo ficou claro que os danos eram irreversíveis. Foi quando Jacob morreu, infelizmente.
O homem franzino fez uma pausa para ordenar os pensamentos. Olhou novamente para a frente, como se procurasse alguém. Não encontrando, acomodou-se na sela outra vez.
— Foi nessa época que houve toda aquela confusão sobre o casamento de sua irmã também — disse ele. — E Dougal… bem, receio que Dougal não se comportou muito bem nesse caso. Caso contrário, teria sido nomeado chefe na ocasião, mas as pessoas viram que ele ainda não tinha juízo para isso. — Balançou a cabeça. — Ah, houve um grande tumulto sobre tudo isso. Havia primos, tios e arrendatários. Foi necessário um Grande Encontro para resolver a questão.
— Mas escolheram Colum, afinal? — Eu me admirava mais uma vez com a força da personalidade de Colum MacKenzie. E, lançando um olhar ao homenzinho encarquilhado que cavalgava a meu lado, pensei ainda que Colum também tivera sorte ao escolher seus aliados.
— Sim, mas somente porque os irmãos permaneceram firmemente unidos. Não havia dúvida, veja bem, sobre a coragem de Colum, nem mesmo de sua capacidade mental, mas apenas sobre seu corpo. Era óbvio que ele jamais poderia liderar seus homens em uma batalha outra vez. Mas havia Dougal, forte e saudável, ainda que um pouco imprudente e exaltado. Ele colocou-se atrás do trono do irmão e prometeu seguir a palavra de Colum e ser suas pernas e seu braço armado no campo. Assim, foi sugerido que Colum pudesse se tornar o chefe do clã, como faria normalmente, e Dougal fosse nomeado comandante de guerra, para liderar o clã em tempos de batalhas. Não era uma situação sem precedentes — acrescentou ele, para ser mais preciso.

Outra mudança sutil foi quando, na série, após os eventos da noite, vemos Jaime socar uma árvore e, então, Claire vai conversar com ele para saber como ele está. No livro, ela escuta a conversa, e após Dougal sair, Jaime sente a presença dela, que após descoberta ouvindo, vai conversar com ele e, percebendo sua tensão, sugere que ele a descarregue batendo algo. A adaptação ocorreu, provavelmente, pois a sugestão de Claire vem de uma lembrança dos seus tempos de enfermeira de guerra, o que levaria a um flashback. Confira o trecho desse momento dos dois:

— Sei que está aí — disse ele. — Saia, se quiser. — Pelo seu tom de voz, era uma questão completamente indiferente para ele. Levantei-me e comecei a sair, quando percebi que estava em minhas roupas de baixo. Refletindo que ele já tinha muito com que se preocupar, além de ficar constrangido por minha causa, enrolei-me discretamente no cobertor antes de emergir.
Sentei-me ao lado dele e recostei-me numa pedra, observando-o um pouco timidamente. Fora um leve aceno com a cabeça, ele ignorou-me, absorto em seus próprios e não muito agradáveis pensamentos, a julgar pela carranca sombria em seu rosto. Um dos pés batia nervosamente na pedra onde estava sentado e torcia os dedos, fechando-os, estendendo-os em seguida, com uma força que fazia várias articulações estalarem.
Foram os estalidos dos nós dos dedos que me fizeram lembrar do capitão Manson. Oficial responsável pelos suprimentos no hospital de campanha onde eu trabalhava, o capitão Manson, enfrentava escassez de materiais, encomendas que não chegavam e as infindáveis idiotices da burocracia do exército como seus próprios problemas pessoais. Normalmente um homem agradável e tranquilo, quando as frustrações tornavam-se muito grandes, ele se retirava para seu escritório particular e socava a parede atrás da porta com toda a força que conseguia reunir. Os visitantes na sala de recepção observavam fascinados a frágil parede de fibras prensadas estremecer sob o impacto de seus golpes. Alguns instantes depois, o capitão Manson emergia novamente, com os nós dos dedos feridos, mas outra vez sossegado, para lidar com a crise do momento. Quando foi transferido para outra unidade, a parede atrás da porta estava coberta com dezenas de marcas de socos.
Vendo o jovem na pedra tentando desconjuntar os próprios dedos, fui levada a me lembrar de como o capitão enfrentava os seus problemas.
— Você precisa bater em alguma coisa — falei.
— Hein? — Ergueu os olhos, surpreso, aparentemente esquecido da minha presença.
— Bata em alguma coisa — aconselhei. — Vai se sentir muito melhor depois.
Sua boca se moveu como se estivesse prestes a dizer alguma coisa, mas, em vez disso, levantou-se da pedra e caminhou resolutamente para uma cerejeira robusta e aplicou-lhe um forte soco. Aparentemente encontrando no impacto certo paliativo para seus sentimentos, golpeou o tronco da árvore várias vezes, fazendo-o sacudir e lançar uma chuva de pétalas cor-de-rosa sobre sua cabeça.
Sugando o nó de um dedo ferido, voltou instantes depois.
— Obrigado — disse ele, com um sorriso enviesado. — Talvez, afinal eu consiga dormir esta noite.
— Machucou a mão? — Levantei-me para examiná-la, mas ele balançou a cabeça, esfregando os nós dos dedos delicadamente com a palma da outra mão.
— Não, não foi nada.

Mais uma adaptação ocorreu na briga da taverna. Na série, temos nosso bando brigando com habitantes locais em defesa da honra de Claire, que a partir da dali já se sente parte do grupo. No livro, nunca houve esse laço de amizade de Claire e o grupo de MacKenzies, eles sempre a respeitaram como curandeira, algo que ela conquistou em Leoch. A adaptação traz mais emoção, e cria um vínculo maior entre os personagens. Mas a briga existe no livro? Sim, após semanas sendo usado como atração de arrecadação de fundos, Jaime estoura quando houve um comentário sobre suas costas e parte sozinho pra cima dos sujeitos que o ofenderam, sendo remendado por Claire depois. Confira:

Tentei julgar essas cenas à medida que se desenrolavam e saía antes que atingissem o clímax, a crucificação pública não tendo sido nunca do meu agrado. Embora a reação inicial diante da visão das costas de Jamie fosse de horrorizada compaixão, seguida de explosões de investidas contra o exército inglês e o rei George, em geral havia um leve sabor de desprezo que até eu conseguia perceber. Em uma ocasião, ouvi um homem observar em voz baixa para um amigo em inglês: “Que visão horrível, não? Cristo, eu preferia morrer a deixar um Sassenach fazer isso comigo.”
Com raiva e triste, Jamie tornou-se a cada dia mais infeliz. Enfiava a camisa assim que possível, evitando perguntas e comiseração, e com uma desculpa para deixar o grupo, evitava a todos até prosseguirmos viagem na manhã seguinte.
O ponto de colapso aconteceu alguns dias mais tarde, em um vilarejo chamado Tunnaig.
Dessa vez, Dougal ainda exortava a multidão, uma das mãos no ombro nu de Jamie, quando um dos espectadores, um rapaz grosseiro, de cabelos castanhos longos e ensebados, fez um comentário pessoal para Jamie. Não pude entender o que foi dito, mas o efeito foi instantâneo. Jamie livrou-se da mão de Dougal com um safanão e golpeou o rapaz no estômago, deixando-o estirado no chão.
Eu estava aprendendo a assimilar algumas palavras em gaélico, embora ainda não pudesse absolutamente dizer que entendia a língua. Entretanto, notara que em geral conseguia entender o que estava sendo dito pela atitude da pessoa que falava, quer entendesse as palavras ou não.
‘Levante-se e repita o que disse’ parece o mesmo dito em qualquer pátio de escola, bar ou beco do mundo.
Da mesma forma, ‘Tem razão, companheiro’ e ‘Peguem-no, rapazes!’.
Jamie desapareceu sob uma avalanche de roupas sujas de trabalho quando a mesa virou e caiu com um estrondo sob o peso do sujeito de cabelos castanhos e dois amigos dele. Espectadores inocentes comprimiram-se contra as paredes da taberna e prepararam-se para se divertir com o espetáculo. Aproximei-me de Ned e Murtagh, olhando a arquejante massa humana com inquietação. Um lampejo solitário de cabelos ruivos aparecia ocasionalmente no emaranhado de braços e pernas.
[…]
— Um queixo ralado, um supercílio cortado, um lábio cortado, um nariz sangrando, seis nós dos dedos esmagados, um polegar torcido e dois dentes frouxos. Além de mais contusões do que eu poderia contar. — Terminei meu inventário com um suspiro. — Como se sente? — Estávamos sozinhos no pequeno barracão atrás da estalagem onde eu o levara para administrar os primeiros socorros.
— Bem — disse ele, rindo. Fez menção de se levantar, mas parou bruscamente, com uma careta de dor. — Sim, bem. Talvez as costelas doam um pouco.
— Claro que doem. Você está cheio de hematomas. Outra vez. Por que faz isso consigo mesmo? Do quê, em nome de Deus, acha que é feito? De ferro? — perguntei com irritação.
Riu melancolicamente e tocou o nariz inchado.
— Não. Quem me dera.
Suspirei outra vez e apalpei-o cuidadosamente.
— Não acho que estejam quebradas; são apenas contusões. Mas vou enfaixá-las, por precaução. Fique em pé ereto, enrole a camisa para cima e estenda os braços para os lados.
— Comecei a rasgar em tiras uma velha manta que eu conseguira com a mulher do estalajadeiro. Resmungando baixinho sobre gesso e outras amenidades da vida civilizada, improvisei uma atadura, apertando-a e prendendo-a com o broche de seu xale.

Por fim, a aparição do tenente inglês ocorre apenas na série, onde ele intervém em prol da segurança da nossa enfermeira, dando todo o clímax para o final do episódio. No livro, se vocês lembrarem da análise do último episódio, Dougal já tinha a intenção de levar Claire até Fort Willian, então quando descobre que o comandante da guarnição está hospedado em uma cidade próxima, ele mesmo revolve ir de encontro aos ingleses junto com Claire. Confira o trecho:

— Coma rapidamente, dona — disse ele. — Você e eu vamos a Brockton.
Absteve-se de me dar maiores informações, mas parecia um pouco nervoso. Comi rapidamente e logo estávamos trotando pela névoa do começo da manhã. Os pássaros agitavam-se nos arbustos e o ar anunciava um quente dia de verão.
— Quem vamos ver? — perguntei. — Pode me dizer, porque se eu não conhecer, ficarei surpresa, e se conhecer, sou inteligente o bastante para fingir que estou surpresa, de qualquer modo.
Dougal olhou-me de soslaio, considerando o que eu dissera, mas decidiu que meu argumento fazia sentido.
— O comandante da guarnição de Fort William — disse ele.
Senti um pequeno choque. Não estava preparada para isso. Achava que ainda teríamos três dias até alcançarmos o forte.
— Mas estamos muito longe de Fort William! — exclamei.
— Mmmhum.
Pelo visto, este comandante de guarnição era do tipo irrequieto. Não satisfeito em permanecer em casa cuidando de sua guarnição, saía para inspecionar o campo com um grupo de dragões. Os soldados que estiveram em nossa hospedaria na noite anterior faziam parte deste grupo e disseram a Dougal que o comandante no momento estava instalado na hospedaria em Brockton.

Então como continua?? Assunto para a próxima a análise. E você apaixonada por Outlander, gostou do episódio? Curtiu a adaptação? Sentiu falta de algo? Comente!

4 - Os Tambore do Outono VU

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