Livro vs Série – 1×02 – Castle Leoch
Olá, pessoas apaixonadas por Outlander! Curtindo o nosso Vale a Pena Ver de Novo desde a primeira temporada para comparar as mudanças do livro pra série? Se você nunca assistiu essa série maravilhosa essa é sua chance. Não diga que não tem tempo, nossa meta é só um episódio por semana ao longo de 2019. Então, vamos seguir analisando as principais adaptações do segundo episódio, Castle Leoch.
Neste episódio, tivemos mudanças para adequar à narrativa televisa, outras para dar um ar dramático. No geral, como já observado, essa temporada é bem fiel. Uma pequena adaptação é parte do interrogatório que Claire passa. Na série, ele é divido, no escritório e logo depois no jantar. Colum também oferece transporte para Claire, como se a estadia dela fosse temporária, até deixar claro que essa nunca foi sua intenção. No livro, a conversa ocorre toda no escritório, e no fim o senhor de Leoch deixa claro que não confia totalmente em Claire, convidando a enfermeira a permanecer como hospede do castelo por tempo indeterminado. Ele volta a questionar nossa enfermeira em uma situação parecida com a do jantar, porém mais a frente, já próximo ao grande encontro. Na série, eles juntaram as cenas. Confira o trecho final da conversa:
“— Possível? — perguntei. — Por quê? Não acredita no que lhe disse? — O rosto do líder dos MacKenzie exibia um ligeiro, mas inequívoco ceticismo.
— Não disse que não acreditava na senhora — respondeu sem se alterar. — Mas não chefio um grande clã por mais de vinte anos sem aprender a não engolir toda história que me contam.
— Bem, se não acredita que eu sou quem digo ser, quem diabos acha que eu sou? — indaguei.
Ele piscou, desconcertado com o meu linguajar. Logo em seguida, as feições bem delineadas se recompuseram.
— Isso é o que vamos ver. Enquanto isso, a senhora é uma hóspede bem-vinda à Leoch.
— Ergueu a mão dispensando-me educadamente e o criado sempre parado junto à porta aproximou-se, evidentemente para me acompanhar de volta aos meus aposentos.
Colum não pronunciou as palavras a seguir, mas era como se o tivesse feito. Elas ficaram pairando no ar às minhas costas tão claramente como se tivessem sido ditas, enquanto eu me afastava:
‘Até eu descobrir quem você realmente é.’”
Outra pequena adaptação, essa para deixar uma informação mais clara ao público, foi a confusão de Claire durante o jantar, no qual ela pensa que Hamish possa ser filho de Dougal, verbalizando, e deixando claro também para o público, a desconfiança da verdadeira paternidade do pequeno highlander. No Livro, Colum já apresenta o garoto como seu herdeiro, e em pensamento Claire compara os traços do garoto com os do tio. Confira:
“— E este é meu filho, Hamish — disse, descansando a mão no ombro de um bonito garoto ruivo de 7 ou 8 anos, que tirou os olhos da travessa à sua frente apenas o tempo suficiente para me cumprimentar com um rápido gesto da cabeça.
Olhei para o garoto com interesse. Parecia-se a todos os outros homens MacKenzie que eu vira, com as mesmas maçãs do rosto planas e largas e olhos fundos. Na realidade, levando em consideração a diferença na cor da pele e dos cabelos, ele poderia ser uma versão menor de seu tio Dougal, sentado ao seu lado. As duas adolescentes sentadas perto de Dougal, que deram risinhos e cutucaram-se quando foram apresentadas a mim, eram suas filhas, Margaret e Eleanor.”
Também tivemos uma pequena mudança no concelho de Colum. Na realidade, um corte. No livro, Claire é formalmente apresentada e acolhida em Leoch durante uma audiência no concelho. Uma formalidade, mas também uma forma de manter as pessoas de olhos abertos quanto a presença de uma inglesa no castelo. Veja a audiência, removida da série para dar sentido a narrativa contada lá (uma vez que Claire tinha esperança de ir embora):
“Eu era a quinta na agenda. Uma posição, pensei, calculadamente planejada para indicar para as pessoas ali reunidas o grau de importância da minha presença no castelo. Em meu benefício, falou-se em inglês durante a minha apresentação.
— Sra. Beauchamp, poderia adiantar-se? — chamou-me o escrivão.
Apressada por um empurrão desnecessário da mão gorducha da sra. FitzGibbons, saí com um tropeção para o espaço livre diante de Colum e, de forma um tanto desajeitada, fiz uma mesura, como vira outras mulheres fazerem. Os sapatos que haviam me dado não faziam diferença entre pé direito e pé esquerdo, sendo apenas um couro moldado numa forma oval alongada, o que tornava difícil executar movimentos graciosos. Um zunzum de interesse percorreu a multidão quando Colum fez a deferência de levantar-se de sua cadeira. Ofereceu-me a mão, que aceitei para não cair de cara no chão.
Ao me levantar de minha reverência, amaldiçoando mentalmente as sapatilhas, vi-me diante do peito de Dougal. Como meu captor, tudo indicava que cabia a ele fazer o pedido formal para o meu acolhimento — ou cativeiro, dependendo do ponto de vista. Aguardei com interesse para ver como os irmãos decidiriam explicar minha situação.
— Senhor — começou Dougal, inclinando-se formalmente para Colum —, rogamos sua indulgência e clemência com respeito a uma senhora necessitada de socorro e refúgio. Claire Beauchamp, uma senhora inglesa de Oxford, tendo sido atacada por ladrões de estrada e seu criado morto traiçoeiramente, fugiu para a floresta de suas terras, onde foi descoberta e resgatada por mim e meus homens. Suplicamos que o Castelo Leoch possa oferecer refúgio a essa senhora até que — fez uma pausa e um sorriso cínico entortou sua boca — seus contatos ingleses possam ser informados de seu paradeiro e que seu transporte em segurança possa ser providenciado.
Não me passou despercebida a ênfase em “ingleses” e nem a nenhum dos presentes, eu tinha certeza. Assim, eu deveria ser tolerada, mas mantida sob suspeita. Se ele tivesse dito franceses, eu teria sido considerada uma intrusa amistosa ou, na pior das hipóteses, neutra. Fugir do castelo poderia ser mais difícil do que eu esperava.
Colum fez uma reverência cortês para mim e ofereceu-me a hospitalidade ilimitada de sua humilde casa, ou algo nesse sentido. Fiz uma nova mesura, com um pouco mais de sucesso, e retirei-me para junto dos outros, seguida de olhares curiosos, porém mais ou menos amistosos.”
Que Claire é uma enfermeira com conhecimentos em plantas nós sabemos muito bem, mas algo que a série não explorou amplamente foi que a sra. Fitz também tinha seus conhecimentos, e os compartilhou com nossa viajante do tempo. Ao cuidar de Jaime, após a surra que ele levou por Laoghaire no conselho, ela mostra algumas coisas a Claire, é momento que foi reduzido na TV, além do estado do Jaime no livro ter sido um pouco pior que na série. Confira um pequeno trecho sobre sanguessugas e ervas:
“— Ah, ora, sempre há alguma coisa, sempre há alguma coisa que pode ser feita — disse ela, descontraidamente. — Ora, esse olho, rapaz, deixe-me vê-lo. — Jamie sentou-se obedientemente na borda da fonte e virou o rosto para ela. Os dedos rechonchudos pressionaram delicadamente o inchaço arroxeado, deixando marcas brancas que desapareceram rapidamente.
— Ainda está sangrando sob a pele. As sanguessugas vão ser úteis. — Levantou a tampa da tigela, revelando várias lesmas escuras e pequenas, de três a cinco centímetros, cobertas com um líquido de aspecto asqueroso. Com a mão em concha, retirou duas delas e aplicou uma na pele logo abaixo do osso da sobrancelha e a outra abaixo do olho.
— Veja bem — explicou-me —, quando uma contusão se estabelece, as sanguessugas não adiantam mais. Mas quando se tem um inchaço como esse, que ainda está se formando, significa que o sangue está fluindo sob a pele e as sanguessugas podem extraí-lo.
Fiquei observando, fascinada e com nojo.
— Não dói? — perguntei a Jamie. Ele balançou a cabeça, fazendo as sanguessugas balançarem-se de forma repugnante.
— Não. Dão uma sensação fria, só isso.
A sra. Fitz estava ocupada com suas botijas e seus frascos.
— Muita gente não sabe usar sanguessugas — informou-me. — Às vezes são muito úteis, mas é preciso saber usá-las. Quando usadas numa contusão antiga, só retiram o sangue saudável, e isso não adianta nada para o hematoma. Além disso, é preciso ter cuidado para não usar muitas de uma vez; elas enfraquecem uma pessoa que está muito doente ou que já perdeu muito sangue.
Ouvi respeitosamente, absorvendo todas as informações, embora eu sinceramente esperasse que nunca me pedissem para usar aquilo.
— Agora, rapaz, faça um bochecho com isso; vai limpar os cortes e aliviar a dor. Chá de casca de salgueiro — explicou-me —, com uma pitada de raiz de íris moída. — Assenti; lembrava-me vagamente de ter ouvido em uma antiga aula de botânica que a casca do salgueiro continha ácido salicílico, o ingrediente ativo da aspirina.
— A casca de salgueiro não aumenta a possibilidade de sangramento? — perguntei.
A sra. Fitz confirmou:
— Sim. Às vezes, sim. É por isso que, em seguida, você dá um punhado de erva-de-são-joão embebida em vinagre; isso estanca o sangramento, se tiver sido colhida na lua cheia e bem moída.
Jamie obedientemente lavou a boca com a solução adstringente, os olhos lacrimejando com o cheiro penetrante do vinagre aromatizado.
As sanguessugas já estavam gordas a essa altura, inchadas e com o tamanho quadruplicado. A pele escura e enrugada agora estava lisa e brilhante; pareciam pedras redondas e polidas. De repente, uma das sanguessugas se desprendeu, saltando no chão e parando junto aos meus pés. A sra. Fitz pegou-a habilmente, abaixando-se com facilidade apesar do seu volume, e colocou-a de volta na tigela. Segurando delicadamente a outra sanguessuga logo atrás das mandíbulas, puxou-a devagar fazendo a cabeça esticar-se.
— Não pode puxar com muita força — disse ela. — Às vezes, estouram. — Estremeci involuntariamente diante da ideia. — Mas quando estão quase cheias, em geral saem facilmente. Se não saírem, deixe-as mais algum tempo e cairão sozinhas.”
Por fim, o consultório de Davie Beaton. A única diferença aqui é que, na série, é o momento quando Claire descobre ela vai ficar no castelo por tempo indeterminado, sendo um choque e dando a carga dramática para o fim do episódio. No livro, é uma oferta natural, já suas habilidades de cura têm se destacado entre os habitantes do castelo.
OBS: Mas e a Geillis?? O encontro das duas foi apenas antecipado, no livro ocorre mais a frente, porém a cena em si foi bem fiel. Outra diferença é que quem acompanha Claire no concelho seria a sra. Fitz, mas não é nada altere a trama aqui.
Então por hoje é isso. O que você achou Sassenach? Curtindo rever a série com a gente? Sentiu falta de alguma mudança? Ou alguma cena cortada? Comente!
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