[ENTREVISTA] Caitriona Balfe está evoluindo com Outlander
Como a partir do último episódio a série toma um novo rumo, Balfe faz uma reflexão sobre Claire nas quatro temporadas e questiona seu futuro
Por Julie Kosin
No dia 30 de dezembro de 1996, a Delacorte Press lançou “Os Tambores do Outono”, o quarto livro da série blockbuster de Diana Galbaldon, Outlander. Hoje, 22 anos depois da sua publicação, as cenas mais esperadas, amadas, irresistíveis e frustrantes do livro ganham vida na adaptação incrivelmente popular da série de TV. Embora o episódio gire em torno da dinâmica instável entre uma jovem e o pai que ela nunca conheceu, é a sua mãe, Claire Fraser e a mulher que a interpreta, Caitriona Balfe, a peça central da série, a força gravitacional que mantém o mundo de Outlander nos trilhos e os telespectadores voltando para 51 episódios, e o número continuar subindo, quem acerta o relógio.
Intitulado “The Birds and the Bees”, o episódio está centrado em Brianna Randall Fraser (Sophie Skelton), nascida no século XX, que busca sua mãe Claire (Balfe) e seu pai, Jamie (Sam Heughan) em 1796, na Carolina do Norte. Uma união difícil se desenrola entre a menina teimosa, moldada na América dos anos 70 e o pai escocês das Highlands que está encontrando pela primeira vez. Confuso? Bem-vindos ao mundo de Outlander, no qual um grupo seleto de pessoas pode viajar no tempo com a ajuda de monumentos pré-históricos específicos. Mais sobre o assunto a seguir.
É isso o que fãs que devoram os livros de Gabaldon e acompanham cada movimento dos astros (um fandom do New York Times as descreve como “um dos grupos de fãs mais apaixonadas da televisão”) estão aguardando por mais de duas décadas: Claire e Jamie, o casal perfeito dos livros, reunidos com a filha há muito afastada para completar a unidade da família Fraser. “Quando Brianna retorna, você vê Claire olhando ao redor da mesa e dizendo, “Oh, meu Deus, eu finalmente tenho tudo, ” explica Balfe ao telefone diretamente de LA depois de um mês frenético promovendo a 4ª. temporada de Outlander.
É algo que Claire nunca se permitiu sonhar, e o caminho para este momento foi pavimentado durante três temporadas e meia, com árvores genealógicas emaranhadas em formas de cronograma. Recapitulando rapidamente: Em 1946, Claire, uma enfermeira inglesa da Segunda Guerra Mundial, acidentalmente viaja para 1743 através de um grupo de pedras místicas nas Highlands da Escócia. Embora casada no seu próprio tempo, Claire se casa com um Highlander, Jamie Fraser, para sua própria proteção, e eles se apaixonam. Dois anos mais tarde, depois de meia dúzia de aventuras que ameaçavam suas vidas, Claire retorna ao séc. XX grávida de Brianna. Ela está fugindo das consequências da Batalha de Culloden, um conflito entre escoceses e britânicos que significa o fim da cultura nas Highlands, e onde Jamie planeja morrer junto aos seus companheiros.
Claire passa os próximos 20 anos nas décadas de 50 e 60 em luto por Jamie e criando a filha com seu primeiro marido, Frank. Depois da sua morte, Claire e Brianna, com a ajuda de um velho amigo (e futuro par romântico de Bree), o historiador Roger Wakefield, descobrem que Jamie sobreviveu Culloden e Bree insiste com Claire para que ela volte para o seu marido do passado. Na abertura da 4ª. temporada, os Frasers estão alegremente reunidos e instalados na América em 1767. Enquanto isso, Brianna, que está oficialmente órfã nos anos 70, encontra uma pista em um documento histórico relatando a morte de Jamie e Claire, e decide fazer a jornada perigosa através das pedras para alertá-los. (Quando Roger descobre que Bree fez a travessia, ele, é claro, a segue).
Embora a relação recente entre Brianna e Jamie, dificultada por dois séculos de bagagem, incluindo a sombra de outra figura paterna, seja o tema do episódio, há algo que dá arrepios na gente na reunião de Claire e Bree. Claire, que já adquiriu muita experiência de vida e deveria, neste momento, ser fisicamente incapaz de sofrer um choque, fica bem atordoada. Embora Gabaldon tenha criado Claire como uma personagem cujas expressões faciais revelam toda e qualquer emoção, Balfe sempre interpretou seu papel com um ligeiro desapego, uma dignidade indiferente, traída apenas quando decide falar o que pensa. No entanto, nesta cena não há fingimento, nem barreira emocional, apenas um alívio pungente. É um momento incrivelmente emocionante, agravado por Skelton quase derrubando Balfe em um abraço. (“Tudo se resume no momento em que ela dá o abraço na mãe, ” diz Skelton. “Eu corro até ela e me atiro sobre ela, como Bree faria, mas eu acho que Cait quase caiu para trás. ”)
Esta é, talvez, a primeira interação verdadeiramente desinibida entre as duas personagens. Seu relacionamento no século XX foi tenso, na melhor das hipóteses. A revelação sobre o verdadeiro pai de Brianna aprofunda o abismo entre a mãe viciada em trabalho e a filha ao ponto de quase não haver reparação. Foi necessário o que ambas assumiram como uma separação permanente para aproximá-las mais do que nunca, e seu reencontro finalmente preenche esta lacuna. “É Claire e Brianna realmente se encontrando em pé de igualdade, ” explica Balfe. “De mulher para mulher, considerando que no final da 2ª. temporada ela ainda estava tentando criar uma filha, você se vê tentando guiá-la, tentando ensiná-la e dizer coisas para ela. Quando você se torna mãe de um adulto, surge uma amizade. Claire sabe que não pode mais lhe dar ordens ou lhe dizer como viver sua vida. Ela a vê como uma mulher que ainda precisa do carinho e conforto da mãe, mas, ao mesmo tempo, Brianna já é uma mulher. E eu acredito que Claire percebe isso. ”
Os últimos episódios da temporada instalam Jamie e Claire em uma casa na qual eles podem receber Brianna, com a decisão do casal de realmente se estabelecer em um lugar. Eles adquirem uma área no interior da Carolina do Norte e a chamam de Colina Fraser, uma fazenda onde Jamie pode tratar a terra enquanto Claire pratica medicina. “É tão bom ver esse casal instalado… Jamie e Claire possuem uma base muito sólida, não apenas no seu relacionamento, mas na sua família, na sua comunidade, ” diz Balfe. “Há um contentamento e uma naturalidade que nunca exploramos antes. ” Enquanto nas primeiras temporadas vimos Jamie e Claire cruzando as Highlands e partes do continente europeu antes da sua separação na 3ª. temporada, a 4ª temporada permite que o casal sossegue e, é claro, se envolva na intimidade que fãs esperam e desejam. “Na primeira e na segunda temporada, Claire estava constantemente reagindo aos eventos que aconteciam ao seu redor. Na última temporada, ela se dedicou à vida profissional e à filha, mas isto lhe custou uma relação pessoal mais íntima, ” diz Balfe. “Esta temporada é sobre satisfazer seus próprios desejos, o que nunca aconteceu antes. ”
Balfe admite que se esforçou para interpretar Claire, uma mulher igualmente competente que empunha uma faca contra vigaristas mal-encarados, já que ela é um bisturi em um centro cirúrgico que assume o papel de dona de casa. “Acredito que todos nós podemos cair em armadilhas nas nossas próprias vidas e, como ator, você pode cair nas mesmas armadilhas que seu personagem e você diz, Oh, não, esta é a maneira como ela é e esta é a maneira como eu a vejo. Quando li os primeiros roteiros, precisei de um tempo para compreender a mudança. Mas eu acredito que é isso o que torna tão excitante trabalhar em uma série como esta, você fica em constante estado de alerta e que te desafia a cada temporada, ” ela diz. Você precisa descobrir o valor daquilo que recebeu para explorar naquele momento particular. Nesta temporada, ela está descobrindo o valor de satisfazer este lado de si mesma o qual ela teve de negligenciar por 20 anos… esta é a primeira temporada onde vemos todas as partes do seu ser juntas de forma mais coerente. ”
Em “The Birds and the Bees”, é a atuação de Balfe tanto como mediadora quanto como mãe que luta com uma dinâmica familiar inconstante – que rapidamente se transforma em preocupação com o bem-estar da filha – que lembra aos telespectadores porque Claire é a alma da série. Apesar do retrato de família feliz, todos sabem que os Frasers ainda vão ter problemas. Aquilo que deveria ser uma ocasião de celebração pela chegada de Brianna, é marcado pelo impacto do episódio da semana passada, onde a vimos ser estuprada por um pirata, Stephen Bonnet, que possui vínculos fatídicos com seus pais. Bonnet roubou a aliança de casamento de Claire na estreia da 4ª. temporada, e quando Brianna o encontrou no episódio da semana passada e tentou recuperar o anel, foi atacada pelo pirata. Skelton tem uma interpretação de destaque como uma jovem mulher atordoada pela tristeza e, quando Bree finalmente conta seus problemas para a mãe, a cena de 4 minutos é libertadora para o público. “Toda a história é muito angustiante, ” diz Balfe. O lado pérfido do abuso sexual é o preço que se paga em cada relacionamento da vida da pessoa. ”
A atuação de Balfe e Skelton é descontraída e a harmonia entre as atrizes revela uma verdadeira camaradagem. “Você tem atores muito generosos (na série) e Caitriona é uma delas, ” diz Skelton. “Mesmo quando não é a sua tomada, ela se dedica 100% para que você possa se inspirar. Ela não se cansa. Se está chorando na própria tomada, ela continua chorando na sua tomada porque vocês estão reagindo à mesma coisa. Não há muitos atores como ela. ”
É uma performance que relembra alguns dos melhores momentos de Claire na série: pense na sua convicção firme diante da confusão geral da primeira temporada, na sua reação à filha natimorta na 2ª. temporada, “Faith”. É fácil entender porque ela recebeu quatro indicações consecutivas ao Globo de Ouro (a mais recente, pela temporada atual, aguarda a cerimônia de premiação). Sua energia e tenacidade tem sido um dos fatores mais atrativos da série desde sua estreia em 2014, sem deixar de lado a química existente entre ela e o ator principal, Heughan, e suas cenas de sexo ardente, cujo encantamento permanece nos olhares femininos, independentemente da série. “De alguma forma, esta série é inovadora desde o início pois a personagem feminina foi mais bem desenvolvida do que outras quando nos referimos a esses relacionamentos, ” lembra Balfe com carinho. “Nós vemos o sexo através dos olhos dela, nós vemos tudo através dos olhos dela. É surpreendente que isso seja revolucionário no ano de 2014. Eu sei que não somos a única série a fazer isso, mas somos umas das únicas. ”
Este episódio explora um pouco do material mais sombrio já exibido na série, mas Balfe sempre soube como engrandecer qualquer material que poderia ser engolido na indústria das novelas, trazendo profundidade, nuance e seriedade em todas as cenas. A reação de Claire à revelação de Brianna é uma grande frustração depois da dor da morte de Faith: Claire não pode se entregar completamente à sua dor pois precisa ter forças para ajudar a filha que está sofrendo. “Para Claire, como mãe, saber que de alguma forma suas próprias ações… Claire não pode deixar de assumir a culpa em muitos aspectos, e a dor por não saber como consertar a situação, por não ser capaz de mudar as coisas, ” diz Balfe. “Deve ser o pior pesadelo para todas as mães, quando alguma coisa acontece com seu filho e você não pode protegê-lo. ”
Outlander já mostrou muitos dos seus personagens principais e também alguns coadjuvantes vivenciando um estupro em temporadas passadas, o que gerou críticas à série e ao uso da violência sexual como dispositivo de enredo. O abuso sofrido por Brianna na semana passada incitou críticas variadas. Enquanto alguns elogiaram a decisão de manter o ato atrás de portas fechadas, outros questionaram a necessidade de incluir a cena toda. “É importante discutir e explorar esse tipo de coisa, porque, infelizmente, tudo é muito real no nosso mundo, “ comenta Balfe sobre o enredo. “Nós seguimos esta linha difícil porque estamos acompanhando a mesma trilha apresentada nos livros, a qual é definida em um período de tempo onde a agressão sexual era uma arma usada livremente e que ainda é usada nos dias de hoje. Nós precisamos contar essas histórias porque são parte integrante da história geral. Mas há um consenso entre os escritores, produtores e atores: se vamos fazê-lo, vamos nos concentrar para fazer da melhor maneira possível. ”
Balfe também vê a história como uma oportunidade para retratar a realidade: “A vergonha do abuso sexual não morre com as vítimas. Eu acredito que esta seja a mensagem principal, especialmente neste episódio, nós não deixamos a vítima sentir vergonha, o que seria uma reação bastante comum na época. É legal ver como Claire, especialmente quando fala com Jamie, como ela leva a conversa para um caminho completamente oposto. ”
O episódio termina em suspense, quando Jamie dá uma surra no companheiro de Brianna, Roger (lembram-se dele?) deixando-o à beira da morte depois que a companheira de viagem de Bree, Lizzie, erroneamente o identifica como o estuprador. O restante da temporada vai lidar com as consequências desse mal-entendido monumental, e também com a gravidez de Brianna (ela ainda não sabe se a criança é de Roger ou de Bonnet). Então, sim, as coisas ainda vão ficar mais complicadas. E como os quatro episódios finais exploram essas histórias paralelas, é impossível não perceber uma mudança inevitável nos métodos da narrativa da série. Ao longo da 4ª. temporada, Outlander se afasta lentamente do foco em Claire e Jamie para abrir espaço à Brianna e Roger, uma extensão da dupla original para um quarteto. A história passa a ser tanto de Brianna e de Roger quanto é de Claire e de Jamie, ” diz Balfe. A série evoluiu para contar a história deste casal, e mais, a história desta família. ”
A temporada também marcou um episódio onde nem Balfe ou Heughan apareceram. “Nós estávamos tão felizes. Nós dizíamos, ”Yay, uma folga! ” diz Balfe, rindo. Ela reconta os horários cansativos de filmagens das primeiras temporadas, “as onze quinzenas” que eram basicamente seis dias de filmagens mais uma semana de cinco dias ininterruptos. “Chegamos a um certo nível de exaustão, ” ela diz. “Acredito que todos os atores dizem o mesmo quando trabalham em uma produção como esta. É como se você abandonasse o mundo real e passasse a viver em uma bolha. Você consegue fazer isso por um certo período de tempo, mas depois de alguns anos, você percebe que a vida real bate à sua porta exigindo sua atenção. ”
Balfe está animada com as oportunidades que esta mudança lhe proporcionará. Na verdade, ela espera conhecer melhor sua personagem. “No futuro, será um conjunto de histórias muito melhor distribuídas. Eu terei meus momentos para mergulhar fundo na personagem, mas também haverá momentos onde eu terei que ficar de lado e deixar outro personagem fazer isso, ” ela diz. Ela relembra o método de Tobias Menzies na 1ª. temporada: “Ele vinha e depois tinha duas, três semanas de folga, e ele tinha tempo para assumir seu personagem e olhar para ele de sete, oito pontos de vista diferentes. Sua maneira de trabalhar era incrível. Acho que a experiência me proporcionará o luxo de sentar com a personagem de uma maneira diferente e ser capaz de abordar o processo de uma maneira muito diferente. ” Para fãs que já estão protestando, não entrem em pânico: “Será tudo em benefício da série, Balfe promete. “Qualquer universo que tenha mais nuances e uma visão mais ampla só pode ser melhor. ”
Balfe também espera que a expansão do universo de Outlander traga oportunidades para ela, assim como para Heughan, para que possam explorar papéis que vão além da atuação na produção da série. “Nós dois gostaríamos de ter mais responsabilidades. Eu adoraria poder dirigir e acho que ele também. Eu adoraria estar no set de filmagem enquanto Sam Heughan estivesse me dando ordens, ” ela diz, rindo. Balfe é, naturalmente, uma protetora feroz de Claire, e sua influência vai além da câmera e da sala dos roteiristas: “É importante ter algo a dizer. Nós temos construído esses personagens desde o primeiro dia e eu sinto que, especialmente quando tantos dos nossos roteiristas originais não fazem mais parte da equipe e temos novos escritores chegando, é importante manter a mesma linha durante todas as temporadas.”
Eu pergunto à Balfe se o trabalho por trás das câmeras era algo que ela considerava fazer quando iniciou sua carreira: “Acho que eu sempre tive essa ambição secreta escondida em algum lugar, mas a princípio, tinha medo de expressar essa vontade. Depois, medo do Será que eu serei capaz? Mas, estando no set o tempo todo, o número de horas que acumulamos na produção desta série, tudo isso foi uma escola. Você pode observar as pessoas no melhor momento das suas carreiras. Eu tento ser como uma esponja e absorver o máximo possível quando trabalho com outras pessoas. A gente adquire uma certa confiança quando observa outras pessoas trabalhando dia após dia e aprende muito com elas. Você pensa, Ah, eu posso fazer isso. ”
A conversa se estende para seu lado pessoal. Assim como Claire, Balfe é muito sincera. No seu twitter, ela expõe e comenta suas opiniões e suas paixões. Seus comentários abrangem discussões em torno do #MeToo e #TimesUp e mulheres no mundo do entretenimento. “O que está acontecendo no Zeitgeist e conversas sobre a necessidade de ter mais mulheres, há uma percepção de que Bem, se eu não tomar uma atitude e eu não tomo, como posso falar sobre a necessidade de ter mais mulheres? Você percebe que cada uma de nós tem a responsabilidade de derrubar essas barreiras de medo. Uma coisa é falar sobre isso, outra é tirar o traseiro da poltrona e fazer alguma coisa a respeito, ” diz ela, rindo. “Eu estou tentando tirar meu traseiro da poltrona. ”
Outlander teve a 5ª. e a 6ª. temporadas oficialmente renovadas em maio, o que significa que Balfe terá bastante material para trabalhar. Nesse meio tempo, ela está dando voz a uma personagem em uma prequela de Dark Cristal, da Netflix (ela me fez voltar a um período da minha infância) e fará o papel de uma motorista de carros esportivos (e esposa do companheiro de direção Ken Miles, protagonizado por Christian Bale) em Ford v. Ferrari. Depois, ela deve planejar o casamento com seu noivo, Tony McGill. Mas, antes disso, há os quatro episódios finais da 4ª. temporada, sobre os quais Balfe nos dá uma dica do que está por vir. “Esta é uma temporada de grande transição, e eu acho que ela nos prepara para as próximas temporadas. De muitas maneiras, há uma calmaria antes das próximas tempestades. ”
Fonte: Harper’s Bazaar em 30/12/2018
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