4ª Temporada,  Livros,  Outlander,  Richard Rankin,  Roger Wakefield,  Série

O Roger que você não viu, ou não quer ver

Depois dos últimos episódios uma divisão pra variar aos amantes de Outlander ficou estabelecida. O que pra mim, desde o momento que conheci o universo dos livros, antes mesmo de ver sua aparição firmada em cena já era claro, pareceu gerar duvidas e acusações no meio do fandom e esse texto não é apenas em totalidade de sua defesa, mas também que vocês possam conhecer o cara além do roteiro que mostra suas curvas espinheiras e perfeitas? , Roger Jeremiah Wakefield MacKenzie.

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Pegou ranço? Não abandona a leitura não. Se ainda assim ao finalizar não mudar de ideia, pelo menos você conheceu um pouco mais de Outlander. Obvio que vivemos pelo menos por enquanto em um mundo que você pode pensar o que quiser, mas antes de julgar o gato do ministro, se deixe conhecer mais do personagem.

Roger nasceu em 1941, em uma vila ao noroeste da Escócia chamada Kyle of Lochalsh. Filho de Marjorie e Jeremiah (nome super comum entre os MacKenzie por sinal), mortos durante o período da guerra. Foi criado pelo seu tio-avô materno, o nosso já conhecido reverendo Wakefield. Temos ai uma das primeiras mudanças na vida do pequeno Roger Mac, antes de ser mais um morador de Inverness e viver como o filho do ministro, ele morava com a mãe em Londres. Não destaco para esse ponto apenas a mudança de criação, pais X tio-avô, mas a região, capital X interior. Em sua adolescência, trabalhava durante os verões e aprendia o gaélico com os pescadores.

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Nas temporadas anteriores, vemos que por parte do Reverendo e da Sr. Graham, governanta do seu pai adotivo, que nunca lhe faltou amor. Porém, como reverendo Wakefield tinha uma vida mais pacata, entre seus projetos comunitários e religiosos, além de sua paixão pela historia, isso talvez deva ter dado ao nosso pequeno Roger uma criação saudosa e isolada de demais parentes, pra não dizer solitária.  Cheio de compaixão, seus gestos bem intencionado às vezes podem ser maus interpretados.  Quase sempre bem-humorado e descontraído, com a mesma facilidade e rapidez que sente sua fúria, ela se esvai diferentemente dos Frasers.

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Um historiador nato, amante da música e cultura folclórica escocesas.  Alto, com uma aparência bronzeada, cabelos negros e marcantes cílios. Olhos de Geillis Duncan, sua ancestral, num tom de verde claro. Para quem não lembra, Geillis Duncan e Dougal MacKenzie concebem um filho bastado que Dougal entrega a William e Sarah MacKenzie para criar. Essa criança chama-se William Buccleigh é a historia, não um spoiler, mas atentem a este nome, e Roger é descendente dele.

Roger era um dos mais jovens professores de Oxford e tem sua vida completamente mudada após a morte do pai adotivo e o surgimento de uma antiga amiga da família. Quando a Dra. Claire Randall surge junto a sua filha, Brianna, levanta na vida de Roger muito mais que uma apaixonite. Elas trazem seu passado a tona e um futuro já escrito e incerto. TENTANDO DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO NÃO DÁ SPOILER

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Em conversa com Claire, Roger descobre que as historias contada sobre a morte dos pais não é tão certa assim. Pelo contrario, pode inclusive justificar sua sensitividade as pedras. Embora de inicio ele possa parecer um descrente da religião a qual foi criado, seu temor nas tradições presbiterianas somados aos conflitos históricos e familiares faz sua cabeça fervilhar.

Pensem comigo, hoje os protestantes tradicionais como são? Agora coloca isso lá atrás, em 1960, 1965 por ai e numa cidade do interior, e ai? Embora o mundo naquela época, não fosse obvio como no tempo de Jamie, vejo a forma de criação “tradicional” até comparativa, mesmo Jamie sendo papista (católico apostólico romano mega tradicional) e Roger protestante presbiteriano, e olha que nem citamos aqui o fato de ser em Terras Altas escocesas, onde as proporções de tudo parecem ser ainda maiores, e as cresça e religiões vinha sempre em primeiro lugar.

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É fácil opinar sobre um personagem principal/secundário quando tem em primeiro Jamie Fraser, maaaas vamos ver algumas atitudes de Jamie e ver se realmente Roger é um ser tão ruim assim.

Roger até podia ser puritano em ter “escolhido esperar” com a esposa. Jamie era virgem até casar com Claire. Porém, nenhum dos dois eram “monges”, palavras do senhor Alexander Malcon. Jamie chega a agredir a Claire pelo que ele julgava ser “desobediência” enquanto questionava e sem nem esperar resposta sobre isso algumas semelhança ao episódio passado?. Roger fez praticamente a mesma coisa. Roger não tinha banhado antes da lua de mel, Jamie tocou pela primeira vez na filha com xixi nas mãos.

Claire por sua vez revidou as agressões, ameaçou… Bree fez a mesma coisa. Lembram Claire e Jamie em Lallybroch? Não se espante se em um futuro já confirmado alguém tenha que fazer o mesmo e joga um balde em “Rogerina”. E dormir ou ficar quieto após o ato, pode isso produção?  Se Jamie fez, Roger também pode fazer, alias não esqueçam, estamos falando de FRASERS E MACKEZIE. A personalidade dos Mackezies já foi e é e ainda será muito trabalhada nessa serie.

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Roger e Jamie têm conceitos iguais sobre muitas coisas que são expressas de formas diferentes, levando em conta suas personalidades e as personalidades de suas parceiras. São dois casais diferentes e acima de tudo, dois HOMENS diferentes que precisam lidar com as mesmas situações. Não se esqueçam esse detalhe sobre TODOS OS MACKENZIES.

“Ela é igual a você, diz coisas no calor da discussão que não diria pensando friamente.”

Não entrando no ponto de adaptação, mas já citando. Roger e Bree namoram nos livros antes desse momento de travessia, e esse ponto do “eu disse pra você não vim” não se trata apenas de que ela queria ir sozinha se aventurar no passado. Imaginem ai se aventurar num lugar onde mulher não tinha vez, e sozinha, que delicia! Mas por uma questão de ritual e volta ao seu próprio tempo ela precisava ter alguém pra quem voltar no processo nas pedras ou mais ou menos isso. Não entendeu? Tia Nay faz um breve resumo comparativo: Claire tinha as historias de Frank na cabeça quando atravessou pela primeira vez, o que fez parar justamente nessa historia, pensou em Frank quando atravessou pela segunda vez que estava lá esperando ela, em terceira vez, temos Jamie e seu resultante de um lindo desmaio na gráfica em Edimburgo. Brianna tinha os pais e a Escócia em seu primeiro momento. Ai se ela volta, pro seu tempo depois de encontrar os pais, pra quem ela voltaria? Ela não tem mais parentes em Boston ou qualquer outra que a ligue lá, intimamente próximo ela só tinha Roger. E não posso culpá-lo em querer ir atrás e protegê-la, ele era historiador e sabia dos perigos que ela corria.

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Em resumo e conclusão, Roger é um historiador lindo (por dentro e por fora) astuto, generoso, impulsivo (para esses dois adjetivos lembro-lhes dele com Morang no Glorianna e a forma que enfrentou o Bonnet, embora cuidar deles, seria cuidar de si), avoado, espiritual, sensível, bem humorado. Encantadoramente família. E ainda dou um pequeno spoiler de graça e do bem pode lê tranquilo:

“Talvez ela encontrasse tal graça; talvez aquele Roger Wakefield desconhecido pudesse ser o santuário dela, como Claire tinha sido o dele. Viu o ciúme natural que sentia do rapaz dissolvido em um desejo verdadeiro de que Wakefield pudesse dar a ela o que ele próprio não podia.” Os Tambores do Outuno – Parte II

“– Encontrei aquele anúncio da morte muito antes de Brianna. Mas pensei que seria inútil tentar mudar as coisas. Então… eu escondi dela. – Ele olhou para mim e para Jamie. – Então, agora vocês sabem, eu não queria que ela viesse; fiz tudo o que podia para mantê-la longe de vocês. Achei que seria perigoso demais. E… tive medo de perdê-la. Para minha surpresa, Jamie estava olhando para Roger com aprovação.

– Você tentou mantê-la em segurança, então? Tentou protegê-la?

Roger assentiu, o alívio diminuindo a tensão de seus ombros, e perguntou:

– Então você compreende?

– Sim, compreendo. É a primeira coisa que ouço que faz com que eu tenha uma boa impressão de você, rapaz – respondeu Jamie.” Os Tambores do Outuno – Parte II

“– Acho que sim. – Funguei e enxuguei os olhos. – Como Roger está?

– Roger está bem.

Percebi uma leve nota de orgulho em sua voz. Jamie dissera a ela que Roger salvara sua vida. Provavelmente o salvara de fato. Eu só esperava que a vida dele continuasse salva.” A cruz de fogo – Parte II

Ainda nessa quarta temporada tem muita coisa pra acontecer, já passamos da metade do caminho e os próximos episódios teremos eita, por trás de eita. Tudo pode acontecer inclusive coisas que tornam sua bravura e impulsividade uma generosa e romântica historia, cheia de dores e bizarrices é Outlander né meu povo.

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Aline, obrigada pelo auxilo!

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13 Comments

  • Bárbara

    Não duvido dos sentimentos dele, nem da sua bondade. Acho sim que ele é uma pessoa boa. Mas…
    Eu ainda acho Roger um homem duvidoso. Ele é imaturo e inseguro. Acho ele bem mimadinho. Se não for do jeito que ele quer, ele pira.
    Não toma as decisões com segurança e fica com raivinha sempre. Acho ele bem tóxico.

    No seriado ele sofre um monte e mesmo assim ainda não aprende. Vamos ver na 5ª temporada como ele sairá, porque na 4ª temp.
    Foi decepção em cima de decepção

  • Ana Meireles

    Assisti há pouco tempo a quarta temporada, não consegui ainda assistir a quinta. Me espantei com os comentários sobre Roger e o desprezo voltado a ele. Não conheço os livros, entretanto posso dizer que pela série não me gerou ódio algum.
    Enxergo nele bem mais romantismo do que machismo. Por exemplo, na cena em que ele se recusa a dormir com ela e diz aquelas palavras, a maioria das pessoas enxerga que ele “quer uma mulher virgem como esposa”. No entanto, ele deixa bem claro que não é por isso, que ficou com outras mulheres mas que era diferente, pois não as amava. No final é isso que a frase quer dizer, que ele não quer apenas dormir com ela, se fosse apenas isso teria sido fácil. Na cena do festival a seguir, ele diz que “ou quer ela por inteiro ou não quer”. Para mim parece mais a atitude de um homem que não quer ser abandonado, que vai sofrer se tiver a mulher nos braços apenas uma vez. Ele tem expectativas a longo prazo com ela, e se frustra por ela não ter.
    Na metade do festival ela some, ainda assim ele volta a pesquisar sobre os Fraser quando encontra informações. Entra em contato com ela, esperando alguma palavra de esperança, mas nada acontece, ela continua fria. Depois esconde a outra informação para protegê-la, mas acaba entrando em contato de novo (talvez para contar) e descobre que ela foi para a Escócia sem nem sequer dizer nada. A carta é que traz uma nova esperança.
    Depois do reencontro e do casamento, quando discutem, e ele acaba confessando que já sabia do destino dos Fraser, e que não contou para não deixá-la triste, ela não entende. Quando ele argumenta que agora é seu marido e ela deveria escutar, ela entende como se ele fosse machista, e considerasse ela como propriedade. O expectador em sua maioria também entende assim. Entretanto ela é uma pessoa que nunca escuta… não queria escutar a Claire, nem o Frank, logo antes de sua morte, e Roger sabe que ela é assim. Tanto é que quando ela manda ele embora, ele comenta que ela fez a mesma coisa com o pai dela, e que se arrependeu.
    Nesse momento dizem que ele não deveria ter ido embora. Ele foi embora porque respeita a vontade dela. Não ir embora sim, seria machista, tentar obrigar a própria presença.
    Enfim, ele tenta encontrá-la, mas é obrigado a partir. Em seguida vem o arrependimento de Bree. É a segunda vez que ela não o quis, e pretendeu um afastamento entre eles, no festival e agora. Não é ele quem a abandona, como dizem.
    Enfim, mesmo assim ele vai até ela novamente, e tudo dá errado. No fim, quando lhe é dito que o filho pode não ser dele, ele reflete (afinal é humano) mas ainda assim volta e assume. Que homem antiquado e machista aceitaria isso? Nenhum.
    E por fim, aos que dizem que ele é tóxico e “perseguidor”, Bree vai ao festival porque quer, a carta deixa claro que ela ainda tem apareço por ele, por isso ele passa o portal para tentar protegê-la, ela se casa porque quer, o manda embora e ele vai. Depois ele tenta encontrá-la novamente e por fim é ela quem pede para os Fraser o resgatarem.
    Por fim resta lembrar que ficar ao lado de Bree e ajudá-la já era uma constante antes dessa temporada, e que foi graças a Roger que Claire e Jamie se reencontraram.
    Nunca vi interpretações tão deturpadas, tão anacrônicas, quanto as feitas sobre esse personagem em geral. Esse foi um dos poucos textos que encontrei o defendendendo, tanto em português quanto em inglês. Obrigada!

  • Mariana

    Eu tenho um ódio desse homem, que, se eu pudesse entrava dentro da serie pra dar uns tapas na cara dele kkkkk

  • Luise Ferreira

    Pra mim, roger é um personagem feito pra ser odiado.. não consigo construir empatia com ele, ainda mais agora na quinta temporada! Bree seria melhor sem ele kk

  • Jonas

    Saudações! Acho que compreendi o fato e conhecimentos sobre Roger. Porém posso dividir minha sincera opinião que senti a cada episódio em que eu o condenei. Dito isto, não leio os livros. Conheci a serie através de minha esposa. E de fato comecei a vê-la nesta 4 temporada, e mais veloz do que pude ser. Fiz maratona da 1º a 3º temporada. Para minha surpresa até havia assistido bastante da 3º temporada. Mas em resumo me apaixonei por Outlander. Como bobo que sou, e listinhas que tenho. No topo de seriados estava Game of Thrones, mais agora Outlander está no topo. Não sou muito de seriados, de fato, não tenho paciência. Só que me apaixonei, e comecei a amar Outlander. Assim como por minha esposa. Perdoe meu blá, blá, blá. Vamos ao ponto.

    Roger. Temos todo o teor explicado, muito bem explicado. Apenas colocarei a visão que tinha antes de ler este texto.
    1º Desde que ambos se conhecem vemos o clima que já aspira para um romance. E sim. Nos primeiros momentos que conheci Roger, eu o vi gentil, atencioso e romântico. Eu entendo que é a época. Mais o simples fato dele não querer se deitar com ela, antes de consumar um casamento. Foi algo até que entendi, mais não bastou. Ainda havia de ter a pressão que colocou sobre a moça (Perdoem. Não quero escrever os nomes errados) e ainda as palavras usadas no texto. Ali no seriado a forma como ele reagiu me incomodou tanto, a ponto de que comecei a chama-lo de “babaca”. Lembrando que desconheço os livros, e estou apenas ditando o que me ocorreu no dia de cada episódio. Mas por sorte como veremos a seguir, a moça ainda o ama muito e o perdoa-rá. Mas…

    2º Ambos atravessam as pedras e se encontram. Existe a troca de carinhos e felicidade do encontro. O casamento. A união fora feita. Mais depois ela logo descobre que ele sabia sobre a morte de seus pais. E ocultará dela. Outra briga e mais momentos em que me falava: “Que babaca” Aqui meu ponto é. Roger quis tirar o direito de escolha dela, de saber e de tentar fazer algo. Novamente entendo que ele queria proteger. Mas o simples fato de ocultar a informação que foi mais falha. E depois todos os diálogos e palavras dele escolhido pelo roteiro do seriado, claro. No fim aconteceu o pior ainda com a moça.

    3º E neste penúltimo episódio. Do qual ele conhece o Padre, até ali eu o achei “babaca” pois nem naquele momento ele tentou compreender a situação do Padre. Como ele mesmo dizia, oque essa tribo saberia sobre religião. Reze uma ave maria a batize seu filho. Mas o Padre saberia, e por ele saber nada adiantaria. A dor daquele personagem era tanto, dele por ter caído de amor. E pelo simples gesto do amor fazer quebrar seus votos com Deus. Só que Roger insistia e eu sei que ele entendia oque havia ali. Lógico que aqui temos o Roger que é citado no texto, mas ele me parecia tão imaturo e cabeça dura por vezes. No fim ele ajudou o Padre da melhor forma possível, mas esquecendo das variáveis, acabamos tendo uma criança que perde seu pai e mãe ao mesmo dia. Dai eu penso. Será que posso culpar a mulher por deixar seu filho sozinho no mundo? Digo sozinho sem a presença do que ele poderia viver com a mãe ou com o pai. Posso culpar o Padre também? Pois privou seu filho de conhecê-lo? No fim eu só tentei não ser tanto um Roger, o Roger que julguei ser “babaca” sem antes conhecer este texto.

    Posso terminar dizendo que muito do que disse aqui, ainda considero imutável. Pois ai está a graça do seriado, da vida. Mais posso parar de chama-lo de “babaca” no fim ele é um Mackezies. Outro fato imutável. Mas o conheci melhor e compreendi o personagem, e vou vê-lo com outro olhar e mente agora. Para terminar posso dizer que me sinto com Jamie após saber que espancou o marido da filha por engano.

  • Deise

    Obrigada por ter explicado tão bem, tudo o que eu tenho escrito em tantos lugares. Contexto histórico. Contexto do personagem. Contexto do universo literário. O povo nem sabe o que é isso ….

    • Nayara Alves

      Fico feliz Deise por suas palavras, que bom que você enxerga o Roger como ele é, e que comparações principalmente no universo literário não são de importantes valores a contribuir para o crescimento do personagens e nem pessoal.

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