Livro vs Série – 4×07 – Down The Rabbit Hole
Sassenachs e Highlanders desse meu Brasil! Chegamos ao episódio sete, metade da temporada, e que episódio minha gente! Foram fortes emoções! Detalhe, sem presença do nosso power casal Fraser. E, como sempre, com mudanças na adaptação do livro para série de TV. Mais uma vez, vamos focar nas principais mudanças narrativas ocorridas na adaptação.
Confira a nossa resenha: Outlander: 4×07 – Down The Rabbit Hole
Nesse episódio, as principais alterações na adaptação se concentraram na história da Brianna. De sua chegada ao embarque para as Américas, como tudo acontece, é diferente no livro. De início, ela sabe que os pais estarão na América em 1776, ano do obituário no livro, então ela chega no passado com um destino certo: Lallybroch. Bree busca a família, para descobrir a localização exata dos pais. Seu figurino é diferente, vestida como um homem, ela não enfrenta dificuldades no caminho, e é bem recebida na propriedade da família. Outra diferença, ela usa o nome Brianna Fraser. Veja um pequeno trecho de sua chegada:
“Aproximou-se cautelosamente, fazendo um cumprimento com a cabeça quando chegou perto. Então ela o viu retesar-se na sela, de espanto, e sorriu consigo mesma. Ele acabara de notar que era uma mulher. As roupas de homem que ela usava não enganariam ninguém de perto. […]
— Madame — ele disse. — Posso ajudá-la? Ela tirou o próprio chapéu e sorriu para ele.
— Espero que sim — ela disse. — Este lugar é Lallybroch?
Ele balançou a cabeça, confirmando, a cautela agora somada à surpresa quando ouviu seu estranho sotaque.
— É, sim. Tem algum assunto a tratar aqui?
— Sim — ela respondeu com firmeza. Empertigou-se na sela e respirou fundo. — Sou Brianna… Fraser. — Sentiu uma sensação estranha ao dizer seu nome em voz alta; nunca usara o nome antes. Mas pareceu-lhe estranhamente apropriado. A cautela no rosto dele diminuiu, mas não a perplexidade. Ele balançou a cabeça, cautelosamente.
— Seu criado, madame. Jamie Fraser Murray — acrescentou formalmente, com uma mesura — de Broch Tuarach.
— O jovem Jamie! — ela exclamou, surpreendendo-o com sua empolgação. — Você é o jovem Jamie!
— Minha família me chama assim — ele disse com ar sério, procurando fazê-la entender que não queria ver o nome usado com tanta intimidade por mulheres estranhas em roupas inadequadas.
— Prazer em conhecê-lo — ela disse, sem se deixar abater. Estendeu a mão para ele, inclinando-se em sua sela. — Sou sua prima.
As sobrancelhas, que haviam voltado ao normal durante as apresentações, ergueram-se novamente. Ele olhou para sua mão estendida, depois, incredulamente, para seu rosto.
— Jamie Fraser é meu pai —ela disse.
Ele ficou de queixo caído, simplesmente olhando para ela por um instante. Examinou-a detalhadamente, da cabeça aos pés, espreitou seu rosto cuidadosamente, e então um sorriso largo, vagaroso, espalhou-se pelo seu próprio rosto.
— Aposto que é mesmo! — ele disse. Tomou sua mão e apertou-a com força suficiente para esmigalhar os ossos. — Santo Deus, como você se parece com ele!
O jovem Jamie riu, o humor transformando seu semblante.
— Meu Deus! — exclamou. — Minha mãe vai ter filhotes!”
Na série, temos um contexto diferente, Bree já tem o conhecimento do paradeiro de seus pais, então busca o porto, mas enfrenta dificuldades no caminho. Uma adaptação para aumentar a carga dramática. Outra diferença: quem a encontra é Laoghaire, que acolhe e mostra seu lado humano (que até existe gente). A adaptação aqui serviu para humanizar personagens, além de criar um paralelo entre a vida de Laoghaire e a de Frank, ambos casados com almas gêmeas separadas de corações partidos. No entanto, descobrindo quem Brianna é, Laoghaire volta a ser a Lagartixa egoísta de sempre. No livro, ao chegar em Lallybroch, Bree encontra uma Laoghaire bem raivosa, que estava lá cobrando sua pensão e arrumando barraco. Além de implicar com Brianna, a Lagartixa questiona a paternidade da moça, que no livro é cara do pai. No entanto, isso não afeta a emoção de Jenny ao conhecer sua sobrinha. Veja um trecho da chegada de Bree e a confusão arranjada:
“— Meu nome é Brianna. Sou filha de Jamie Fraser.
Os olhos das duas mulheres quase saltaram das órbitas. A mulher chamada Laoghaire foi ficando lentamente vermelha e parecendo inflar, abrindo e fechando a boca numa busca inútil por palavras.
Jenny, no entanto, deu um passo à frente e segurou as mãos de Brianna, erguendo os olhos e examinando seu rosto com um olhar penetrante. Um brilho rosado iluminou suas faces, fazendo-a repentinamente parecer jovem. — De Jamie? Você é realmente filha de Jamie? — Ela apertou as mãos de Brianna com força entre as suas.
— Foi o que minha mãe disse.
Brianna sentiu um sorriso em seu próprio rosto ao responder. As mãos de Jenny estavam frias, mas mesmo assim Brianna sentiu uma corrente de calor, que se espalhou pelas suas mãos e subiu ao seu peito. […]
— Sou seu tio Ian, menina. Seja bem-vinda. — Sua própria mão apertou a dele involuntariamente, agarrando-se ao refúgio que ele parecia oferecer. Ele não se esquivou nem retirou a mão, apenas olhou-a de cima a baixo cuidadosamente, parecendo achar graça da maneira como ela estava vestida.
— Andou dormindo no urzal, não é? — ele disse, vendo a terra e as mas ele não pareceu se importar. — Você veio de muito longe para nos achar, sobrinha.
— Ela diz que é sua sobrinha — Laoghaire disse. Recuperada do choque, espreitou por cima do ombro de Ian, o rosto redondo contraído numa expressão de desagrado. — O mais provável é que só tenha vindo para ver o que consegue ganhar. […]
— Sua mãe — Laoghaire repetiu, impaciente. — Quem era ela?
— Não importa quem — Jenny começou a dizer, mas Laoghaire rodeou-a, o rosto vermelho de fúria.
— Ah, importa, sim! Se ele arranjou-a com alguma prostituta de exército ou alguma criada vagabunda quando estava na Inglaterra, isso é uma coisa. Mas se ela…
— Laoghaire!
— Irmã!
— Sua bruxa desbocada!
Brianna colocou um ponto final na gritaria simplesmente levantando-se. Era tão alta quanto qualquer um dos homens e dominava as mulheres. Laoghaire deu um rápido passo atrás. Cada rosto no aposento estava voltado para ela, marcado pela hostilidade, compaixão ou mera curiosidade.
Com uma serenidade que não sentia, Brianna enfiou a mão no bolso interno de seu casaco, o bolso secreto que ela havia costurado no forro apenas uma semana atrás. Parecia que um século se passara.
— O nome de minha mãe é Claire — ela disse, deixando o colar cair sobre a mesa.
Fez-se um silêncio sepulcral na sala, a não ser pelo silvo no fogo de turfa, queimando na lareira. O colar de pérolas ficou ali, brilhando, o sol de primavera que entrava pela janela refletindo-se nas contas de ouro como faíscas.
Foi Jenny quem falou primeiro. Movendo-se como uma sonâmbula, estendeu um dedo delgado e tocou uma das pérolas. Pérolas de rio, do tipo chamado barroco, por causa de suas formas singulares, irregulares, inconfundíveis.
— Oh, Nossa! —Jenny disse suavemente. Ergueu a cabeça e olhou diretamente no rosto de Brianna, os olhos azuis puxados brilhando com o que pareciam lágrimas. — Estou tão feliz de vê-la… sobrinha.
— Onde está minha mãe? Vocês sabem? — Brianna olhou de um rosto para o outro, o coração pulsando com força nos seus ouvidos.
Laoghaire não olhava para ela; seu olhar estava fixo nas pérolas, as feições repentinamente congeladas. Jenny e Ian trocaram um rápido olhar, depois Ian levantou-se, movendo-se de modo desajeitado para colocar a perna na posição correta.
— Ela está com seu pai — ele disse serenamente, tocando o braço de Brianna. — Não se preocupe, menina, ambos estão a salvo.
Brianna resistiu ao impulso de desmoronar de alívio. Em vez disso, soltou a respiração cuidadosamente, sentindo o nó de ansiedade lentamente se dissolver em sua barriga.
— Obrigada — ela disse. Tentou sorrir para Ian, mas sentia o rosto frouxo e sem expressão. — A salvo. E juntos. Oh, obrigada! — pensou, num agradecimento silencioso.”
Na série, a ida para Lallybroch acontece em diferentes circunstancias, para seguir a linha narrativa do episódio. A adaptação conseguiu surpreender e emocionar os leitores com a sequência diferenciada da Laoghaire, que no final se mostrou a mesma pessoa rancorosa de sempre. Em Lallybroch, tivemos apenas a presença de Ian, com um bonito encontro com sua sobrinha. Ele explica que Jenny está ajudando com nascimento de um neto, porém a adaptação se deve a outros compromissos profissionais da atriz Laura Donnelly. A partir daqui, o porto e embarque seguem conforme o livro.
Já a narrativa do Roger foi bem fiel ao livro, incluindo os problemas enfrentados em alto mar. Uma mudança seria a timeline e a forma como ele decide embarcar. Brianna viaja para o passado cerca de um mês antes de Roger. Quando ele chega, imagina que ela tenha ido para as Américas, e confirma isso investigando as listas de passageiros dos registros do porto. Ao encontrar o nome de Bree, ele decide dar um jeito de embarcar, e como na série, consegue trabalho de marujo no Gloriana. Veja o trecho:
“Seus pensamentos estancaram subitamente quando seu dedo deslizante parou repentinamente, quase ao pé da página. Não Brianna Randall, não o nome que ele estivera procurando, mas um nome que despertava lembranças em sua mente. Fraser, dizia a letra inclinada, nítida e preta. Sr. Brian Fraser. Não, não era Brian. E não Sr. tampouco. Inclinou-se ainda mais perto, estreitando os olhos para a letra negra e muito junta.
Fechou os olhos, sentindo o coração bater com força no peito, e o alívio percorreu seu corpo, inebriante como a cerveja preta especial do pub. Sra., não Sr. E o que antes parecera meramente a exuberante haste do “n” de Brian era, numa inspeção mais detalhada, quase indubitavelmente um “a” negligente.
Ela, era ela, tinha que ser! Era um primeiro nome incomum — ele não vira nenhuma outra Brianna ou Brianas em nenhum lugar no grosso livro de registros. E mesmo Fraser fazia sentido, de certo modo; embarcada numa busca quixotesca para encontrar seu pai, ela adotara seu nome, o nome a que tinha direito por nascimento.
Fechou o livro com um baque, como se quisesse impedir que ela escapasse das páginas, e permaneceu sentado por um instante, respirando. Ele a encontrara! Viu o funcionário de cabelos louros olhando-o com curiosidade do balcão e, enrubescendo, abriu o livro outra vez. O Phillip Alonzo. Partiu de Inverness no dia 4 de julho, Anno Domini 1769. Para Charleston, Carolina do Sul.”
Aqui, essa pequena adaptação serviu apenas para dar agilidade ao show. Vale destacar que, na série, não ficou claro o tempo que Bree levou em terra até embarcar, nem o tempo entre a viagem dos dois. Apesar de assistirmos Roger em mar e Bree em terra, não podemos afirmar que eram cenas simultâneas. Lembramos que nos livros acompanhamos apenas a viagem por mar de Roger, enquanto Bree, após o embarque e partida da Escócia, tem sua narrativa retomada já em terra, na América.
Então é isso pessoas! E vocês gostaram do episódio? Curtiram as adaptações? Sentiram falta de algo? Conta pra gente!
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3 Comments
Roberta
Eu gostei do episódio, mas senti falta da Jenny e das verdades que a Brianna fala pra lagartixa. A Bree nessa temporada não está brigona como é no livro.
Jéssica Luise
Republicou isso em Relicário De Papel.