Outlander: 4×02 – Do No Harm
– Você não encontrará muitas damas como a minha tia Claire. – O jovem Ian Murray
Imagina como seria se um dia você fosse retirado da sua casa, sem a mínima chance de se despedir dos seus entes queridos. Deixando para trás a sua terra, tradição e costumes. Sendo tratado como um animal que é caçado, preso e transportado em condições desumanas recebendo o mínimo para que continue a respirar. Depois você é jogado em uma terra estranha, recebe de presente correntes que mesmo que um dia sejam retiradas elas jamais sumirão, pois os grilhões já estarão presos para sempre em suas entranhas. Chegando nessa terra estranha com costumes, língua e pessoas estranhas, você finalmente descobre que deixou de existir como ser humano e agora nada mais é do que uma coisa ou uma peça que sempre vai pertencer à outra pessoa. E que esse dono vai te obrigar a trabalhar por horas a fio, sem direito a escolha ou discussão, porque você não existe mais como ser humano, de agora em diante você é um objeto que custou um preço e por isso você deve servidão até o último suspiro da sua vida. Você não é mais gente. Você é um escravo e como tal só lhe resta servir e a sua única alternativa é sobreviver.
Nossa heroína, Claire Elizabeth Beachump Randall Fraser, sempre foi uma mulher à frente de qualquer época em que tenha vivido. Ela teve um melhor amigo que era um negro e conviver com a escravidão é algo insuportável para a nossa Sassenach, assim como para Jamie, pois ele também viveu acorrentado como um escravo quando estava preso e sentiu na pele a violência e intolerância dos homens.
Depois do episódio da semana passada e da forma como acabou, com Bonnet os assaltando e assassinando Leslei. Jamie lamenta a morte do amigo e se culpa por ter poupado a vida de Bonnet. Então, eles chegam a rica e impressionante propriedade de sua tia Jocasta em River Run, Jamie fica emocionado em rever a tia e principalmente por ela lembrar tanto a sua falecida mãe. Jocasta Cameron muito bem interpretada pela ótima Maria Doyle Kennedy, os recebe muito bem em sua propriedade e eles descobrem que ela é cega. Jocasta demonstra conhecer as aptidões de Jamie para os negócios, como quando ele administrava o comércio de vinhos do primo Jared e depois os negócios que ele tinha em Edimburgo. Ela promove uma festa para apresentar à sociedade local Jamie, Claire e o jovem Ian. Jocasta anuncia que Jamie é o seu herdeiro e será o mestre da sua propriedade.
Claire não se sente à vontade com a situação e fala a Jamie que não pode possuir um escravo. Jamie confessa a ela que ele também não, mas pode como senhor de River Run fazer a diferença e libertá-los, mas precisa da ajuda dela.
Conversando com sua tia Jocasta e Facquard Campbell, Jamie descobre que para libertar os escravos, ele precisa conseguir uma permissão do tribunal da Comarca e provar que cada escravo fez um ato de merecimento como salvar uma vida, pois não será concedido o pedido de liberdade sem isso. A assembleia também fixa um valor pela liberdade de cada escravo e fora o prejuízo financeiro que ele terá para libertar todos escravos, há o impacto do que esse ato trará aos outros proprietários. Campbell fala que Jamie é novo na Carolina do Norte, que pode ter experiência como fazendeiro, mas não sabe como são os costumes de lá.
Jamie é chamado junto com Facquard Campbell para resolver um problema de justiça envolvendo um escravo que cortou a orelha de um homem branco depois de ser chicoteado. Claire vai junto para oferecer os seus serviços médicos. A presença de Jamie será apenas de observar a execução do escravo, quando eles chegam vêm o escravo empalado por um guincho, Jamie enfrenta à multidão e junto com Claire leva o escravo Rufus para ser tratado na propriedade de Jocasta.
Claire assume o controle da situação e liderando Jamie, Ian, Phaedre consegue retirar o gancho do corpo de Rufus e realiza uma cirurgia bem sucedida. É claro que todos ficam chocados com a atitude de Claire em tentar salvar um escravo condenado à morte e não cuidar do homem branco.
O Tenente Wolff e Facquard Campbell falam para Jocasta e Jamie que eles precisam apoiar as leis, e que têm até a meia noite para entregarem o escravo para que a lei seja feita, pois qualquer negro que derramar sangue de um homem, mulher ou criança brancos será morto. Caso Rufus não seja entregue ou fuja, outro escravo pagará no seu lugar.
Jamie explica para Claire sobre a situação, o que isso implicará para eles e para os outros escravos. Diz que sabe que ela fez o juramento de médica de salvar vidas, mas que talvez ela precise ajudar o rapaz como fez com Colum anos atrás.
Uma turba de revoltosos chega à propriedade exigindo que a lei seja feita e ameaçando a todos. O relógio está perto da meia noite, Claire faz uma preparação e fala para Rufus que lhe dará um chá para aliviar a dor, e para ele dormir. Ela conversa com ele e pede para que ele fale sobre a irmã Abena que como ele foi levada da África, escravizada e depois separada dele.
Em seus momentos finais, Rufus lembra quando ele e a irmã pescavam juntos na África, que às vezes ele ainda pescava em noites de luar e que a luz refletia no rio, então ele pensava que talvez a irmã poderia estar sob o mesmo luar e que um dia eles iriam se encontrar novamente. Claire fala que eles irão e Rufus morre. Que cena mais triste e emocionante essa Meu Deus, e que interpretação de Caitriona Balfe e Sam Heughan.
Jamie leva um Rufus desfalecido e entrega para a multidão que não sabe que ele morreu. Passam uma corda pelo pescoço dele, o arrastam e o penduram em uma árvore para enforcá-lo.
E o episódio termina dessa forma e não chocando somente Jamie, Claire e a mim, mas acredito que a todos. Deixando lágrimas e um gosto amargo de indignação ao perceber que infelizmente nos dias atuais há tantos crimes de escravidão e intolerância pelo mundo.
Desde o início do episódio era claro o incômodo de Claire com a situação da escravidão. Ela estava feliz de ver Jamie reencontrar uma parente que trazia tantas lembranças boas da mãe dele, mas não conseguia conviver com a possibilidade de ser uma senhora de escravos. Mesmo Jocasta tratando bem os seus escravos, eles continuavam escravos, ou seja, nunca ninguém se perguntou se eles queriam estar ali. Eram objetos e que eram de propriedade de outras pessoas, que mesmo sendo tratados com alguma simpatia, não eram respeitados como seres humanos. Esse era o tempo como Jocasta vivia e agia, e Claire a admirava e respeitava, assim como Jocasta também a admirava e respeitava mesmo não concordando com as atitudes de nossa Sassenach, mas via nela o mesmo fogo e intensidade dos Mackenzie. Contudo, jamais Claire concordaria de viver em um local assim e nem Jamie.
Este episódio nos traz uma reflexão séria, um dos mais traumáticos e doloridos episódios da história do Brasil é, sem dúvida, a escravidão. Durante três séculos, o Brasil foi um país escravocrata e o destino de milhões de negros africanos capturados em suas cidades e trazidos à força para trabalhar na agricultura. O Brasil foi o último país da América a libertar os escravos. Nós não podemos fechar os olhos e esquecer dessa terrível parte da nossa história, devemos lutar contra o racismo como também pela intolerância. Foi um episódio forte e extremamente triste. Bem escrito, com ótimas atuações e além da reflexão, eu encerro a resenha com a oração que Jamie faz para Rufus e por todos nós: “Eu me ajoelho aos olhos do Pai que me criou. Derrame do céu a rica benção do teu perdão. Seja paciente conosco. Conceda a nós, tu Salvador da Glória, o amor de Deus. E a vontade de fazer na terra em todos os momentos como anjos e santos fazem no céu. Nos dê a sua paz.”
OUT¹: A lucidez do escravo Ulisses que usando de franqueza alerta Claire falando que se ela insistir em salvar Rufus, ele enfrentará um destino pior do que a morte. Que a única coisa a ser feita agora é salvar a alma dele, pois quando os superintendentes chegarem vão arrancar os membros de Rufus e deixar o pouco que restar como aviso para que os outros escravos não cometam o mesmo erro.
OUT²: Em meio a tanta tristeza, um momento mais leve e que me fez sorrir. O querido jovem Ian (John Bell que está maravilhoso no papel) junto com com o fofo do Rollo, encontrando um gambá e conhecendo John Quincy Myers que fez com que eu risse quando ele falou que as índias gostavam dele porque tinha pelos e que era capaz dele ser metade filho de um búfalo.
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