Daily Line: “Prima Amaranto”
POSSUI SPOILER DO LIVRO 9 | Leia outros em Trechos da Diana
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“Você pode me passar aquilo?” Amaranto habilmente passou a criança de um ombro ao outro e apontou para um pano amarrotado que estava no chão perto dos seus pés. William o pegou com cuidado, mas o pano estava limpo, até aquele momento.
“Ele não tem uma ama?” ele perguntou enquanto lhe entregava o pano.
“Ele tinha,” disse Amaranto, franzindo ligeiramente a testa enquanto limpava o rosto da criança. “Eu a mandei embora.”
“Por embriaguez?” ele perguntou ao se lembrar do que Lord John havia dito sobre a cozinheira.
“Entre outras coisas. Às vezes estava embriagada, aliás, muitas vezes; e era suja.
“Suja por falta de limpeza ou … por ser pouco exigente nas suas relações com o sexo oposto?”
Ela riu, apesar de tudo.
“As duas coisas. Se eu já não soubesse que é filho de Lord John, essa pergunta deixaria isso bem claro. Ou melhor,” ela continuou, ajeitando o banyan ao redor do seu corpo, “a frase em si, mais do que a própria pergunta. Todos os Greys, ou todos os que conheci até agora, falam dessa forma.”
“Eu sou apenas o enteado,” ele respondeu de forma tranquila. “Qualquer semelhança na maneira de falar deve ser resultado da nossa convivência, não pode ser hereditária.”
Ela emitiu um som de interesse e olhou para ele com uma sobrancelha erguida. Seus olhos tinham aquela cor que variava entre cinza e azul, ele notou. Naquele exato momento, eles combinavam com as andorinhas cinzas bordadas no banyan amarelo.
“É possível,” ela disse. “Meu pai diz que existe um tipo de pássaros que aprende a cantar com seus pais; se você tirar um ovo do ninho e o colocar em outro ninho a algumas milhas de distância, o filhote vai aprender a cantar como seus novos pais e não como aqueles que colocaram o ovo.”
De maneira cortês, ele reprimiu o desejo de perguntar por qual motivo alguém se preocuparia com pássaros e simplesmente concordou com a cabeça.
“A senhora não está com frio?” ele perguntou. Eles estavam sentados sob o sol e o banco de madeira estava aquecido por baixo das suas pernas, mas a brisa que soprava por trás do seu pescoço era fria e ele sabia que ela não vestia nada além de uma camisola por baixo do banyan. O pensamento trouxe de volta uma lembrança vívida da primeira vez em que a viu, seu colo leitoso exposto, e ele desviou o olhar, tentando pensar em alguma outra coisa.
“Qual a ocupação do seu pai?” Ele perguntou a esmo.
“Ele é um naturalista, quando pode se dar ao luxo de ser,” ela respondeu. E, não, não estou com frio. Está sempre muito quente dentro de casa e não acho que a fumaça da fornalha seja boa para Trevor; ele fica com tosse.”
“Talvez a chaminé não esteja sugando a fumaça corretamente. A senhora disse ‘quando ele pode se dar ao luxo de ser’. O que faz o seu pai quando não pode se dar ao luxo de ir atrás dos … hum … seus interesses particulares?”
“Ele é um vendedor de livros,” ela disse com um leve tom de desafio na voz. [Em Nova York? Nova Jersey? Filadélfia?] “Foi onde conheci Benjamin, ela acrescentou com um tom mais suave. “Na loja do meu pai.” Ela virou a cabeça ligeiramente, observando a reação dele. Será que ele desaprovaria aquela conexão agora que sabia que ela era filha de um comerciante? Não é provável, ele pensou ironicamente. Sob tais circunstâncias.
A senhora tem as minhas mais profundas condolências pela morte do seu marido, madame,” ele disse. Ele se perguntava o que ela sabia, o que haviam lhe contado sobre a morte de Benjamin, mas perguntar não seria delicado.Era melhor descobrir primeiro o que seu pai e tio Hal sabiam sobre o assunto antes de sair pisando em território desconhecido.
“Obrigada.” Ela desviou o olhar, mantendo os olhos baixos, mas ele viu sua boca, uma linda boca, comprimir-se de uma maneira que sugeria que seus dentes estavam cerrados.
“Malditos continentais!” ela disse tornando-se violenta repentinamente. Ela ergueu a cabeça e ele percebeu que no lugar de lágrimas havia raiva nos seus olhos. “Malditos sejam eles e sua filosofia imbecil! Entre todos os obstinados, confusos e traiçoeiros … eu…” Ela interrompeu-se bruscamente ao notar a reação dele.
“Eu peço desculpas, meu senhor,” ela disse formalmente. “Eu… fui tomada pelas emoções.”
“Muito apropriado,” ele disse de forma estranha. “Quero dizer, muito compreensível, dadas as… hum… circunstâncias.” Ele olhou de um lado para o outro da casa, mas não havia som de portas sendo abertas ou vozes se despedindo. “Pode me chamar de William, já que… nós somos… primos, não somos?”
Ela sorriu abertamente. Ela tinha um sorriso adorável.
“Sim, nós somos. O senhor deve me chamar de prima Amaranto, então. Trata-se de uma planta,” ela acrescentou com o tom ligeiramente resignado de alguém que se vê constantemente obrigado a dar essa explicação. Amaranthus Palmeri. Da família Amaranthaceae. Também conhecida como pigweed.
Fonte: Diana Gabaldon
Data de Publicação: 04/12/2015
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